Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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quarta-feira, 16 de abril de 2014


TEOLOGIA DA SEMANA SANTA

Como podemos compreender o sentido e a teologia desta semana que nós chamamos de santa?

A tradição do povo quis recordar os últimos acontecimentos históricos de Jesus de Nazaré. Não se trata apenas de recordar fatos passados, mas sim um memorial que deve ser atualizado pelos fiéis. A Semana Santa é semana do encontro com o Cristo-Ressuscitado; nas celebrações litúrgicas, na sua Palavra e na pessoa dos irmãos da comunidade. As celebrações religiosas são a recordação dos últimos acontecimentos da vida terrestre de Jesus de Nazaré. Em cada dia da semana recorda-se e atualiza-se um fato da vida de Jesus.
Os Dias da Semana Santa:

1º) O Domingo de Ramos na História.

No século IV, já encontramos em Jerusalém notícias sobre uma celebração que procurava recordar o mais exatamente possível a entrada de Jesus de Nazaré na cidade. Na descrição desse ingresso do Senhor em Jerusalém não se fala em uma celebração eucarística.

2º) A Celebração do Domingo de Ramos nos Dias de Hoje.

O Vaticano II restaurou a ordem dos domingos da Quaresma. De fato, na segunda metade do século VII, o quinto domingo da Quaresma começou a chamar-se primeiro domingo da Paixão ou Domingo de Ramos. O Vaticano II recolocou em vigor o quinto domingo da Quaresma antes da Páscoa: chama-se agora Domenica in Palmis de Passione Domini.

3º) A Quinta-feira Santa.

A Manhã da Quinta-feira Santa:

A liturgia da manhã na Quinta-feira Santa conhece primeiro e apenas uma reconciliação dos penitentes. A seguir, poderá ser celebrada uma eucaristia para os que não podem observar o jejum até a missa da ceia. Introduz-se também uma consagração dos óleos.

A Manhã da Quinta-feira Santa Hoje:

O Vaticano II introduziu algumas modificações na reforma litúrgica de 1955. A bênção dos santos Óleos e a consagração do Crisma são ocasião para reunir o clero em torno do bispo. Assim, a Quinta-feira Santa torna-se um dia sacerdotal, com a renovação das promessas próprias dos sacerdotes, durante a missa crismal. E a concelebração durante a ceia vespertina é um sinal da unidade do sacerdócio.

4º) A Tarde da Quinta-feira Santa:

A quinta-feira Santa é um dia Alegria, Amor e Gratidão. Recorda-se o exemplo de Jesus que quis lavar os pés dos discípulos, dando-nos o testemunho de serviço e humildade. Recorda-se principalmente a celebração da Ceia do Senhor, na qual ele se dá como Pão da Vida e Vinho da Salvação. Foi nessa ceia de despedida que ele nos deixou o sacerdócio ministerial, para a perpetuação de seu Corpo e Sangue no meio de nós como Presença de Compromisso, Partilha e Missão.

Quinta-feira Santa

Formação e Evolução:
Na Igreja Romana, a Quinta-feira Santa, até o século VII, marca o fim da Quaresma e do jejum penitencial e tem início, com a Sexta-feira Santa, o jejum pascal, na espera da ressurreição do Senhor.
Na parte da manhã da quinta-feira Santa, a Igreja romana conhece apenas a reconciliação dos penitentes,isto até o século VII. Não encontramos nenhum vestígio da comemoração da Ceia do Senhor. Era celebrada com todo esplendor a liturgia eucarística como ápice da Páscoa do Cristo Ressuscitado. Os penitentes reconciliados são levados à mesa da eucaristia, à qual são admitidos de novo na noite de Páscoa.

A Celebração da Quinta-feira Santa hoje:

As reformas litúrgicas do Papa Pio XII, em 1955, já tinham reintroduzido, à noitinha, ou ao menos depois das 4 horas da tarde, uma celebração eucarística para recordar a instituição da Ceia do Senhor.
O Vaticano II fez uma reforma mais profunda. Alterou-se a oração inicial, ressaltando o fato da última Ceia; as leituras procuraram centrar-se sobre o fato da Ceia do Senhor. A primeira leitura recorda a celebração da Pesha judaica (Êx 12, 1-8. 11-14) que será “ transformada pelo Novo Cordeiro Pascal, criando um novo povo”. A segunda leitura conta-nos a Ceia do Senhor conforme o relato de São Paulo (1 Cor 11,23-26). O Evangelho nos relata a cena do Lava-pés dos discípulos (Jo 13,1-5), tornando-se um sinal claro do amor de Jesus pelos que o seguiam.

O costume do Lava-pés, imitando o gesto de Jesus, era antigo na Tradição da Igreja. Desde o século IV aparece em todas as liturgias. O Concílio de Toledo (634) o exige com firmeza, mostrando ser uma obrigação em todas as Igrejas da Espanha e da Sicília. A reforma do Missal, em 1970, tornou-o obrigatório em todas as celebrações da Ceia do Senhor, constituindo parte integrante do gesto de doação de Jesus. Ato a ser recordado e atualizado nas comunidades de hoje. A Adoração ao Santíssimo Sacramento, que se faz ao fim da Ceia do Senhor, permaneceu como costume de acompanhar a memória de Jesus na angústia e na agonia daquela noite de quinta-feira Santa.

5º) A Sexta-feira Santa:

Celebração da Morte do Senhor.
A Igreja Antiga celebrava a Sexta-feira Santa como comemoração da morte do Senhor. Temos testemunho do século IV, com detalhes que serão decisivos para a liturgia romana.

A Celebração da Sexta-feira Santa hoje:

A reforma litúrgica de Pio XII, em 1955, introduziu a comunhão aos fiéis. No mais, conservou a maior parte dos costumes anteriores. O Vaticano II fez profundas modificações nessa liturgia. A celebração já tinha sido fixada na parte da tarde pelo Ordo precedente. Havia também a possibilidade de se fazer a liturgia da Palavra na parte da manhã e deixando para a tarde a veneração da cruz e a comunhão. Os motivos pastorais, no entanto, exigiram que se fizesse uma só cerimônia, para não obrigar as pessoas a se reunirem duas vezes no mesmo dia.
Nesse dia não há assim celebração da eucaristia-missa, mas apenas a Comemoração da Paixão e Morte do Senhor. Essa atitude de respeito pelo jejum, abstinência, tristeza e silêncio é feita na Esperança. Pela morte veio a Vida; pelo fracasso aparente, a salvação dos homens. Esse Mistério da salvação dos homens pela morte do Filho de Deus é loucura para quem vive numa sociedade de consumo, de produção, de sucesso e de glórias efêmeras. Mas aquilo que é loucura de Deus é mais sábio que os homens, e o que é fraqueza de Deus é mais forte que os homens (1 Cor 1,25).

A Celebração do Tríduo Sacro:

A partir do século IV iniciou-se a celebração do Sacratíssimo Tríduo do Senhor crucificado, sepultado e ressuscitado, conforme nos relata Santo Agostinho. Santo Ambrósio de Milão já usara a expressão Triduum Sacrum.
A expressão Tríduo Pascal começa a ser usada a partir de 1930. A celebração eucarística da noite de Quinta-feira Santa e as outras cerimônias, até a Vigília Pascal, formam um conjunto de unidade do mistério pascal que levou o Papa Leão Magno a definir a noite de Páscoa como Pascale Sacramentum.
A celebração da Vigília hoje:
Antes da reforma litúrgica de 1955, a primeira parte da liturgia era reservada quase ao clero e aos ministros. Essa cerimônia tinha participação de apenas um grupo restrito de fiéis. Após a reforma de Pio XII e do Vaticano II, essas celebrações foram reformuladas.

A Celebração da Luz:

É o início da comemoração da Ressurreição do Senhor. Esse fato é a Nossa Vitória, garantia de nossa fé. As cerimônias são um convite à Alegria, à Esperança.
A benção do fogo novo, tirado da pedra, é símbolo da luz, da fé que procede de Cristo, pedra fundamental da Igreja.

O Círio Pascal:

O círio pascal provém do costume romano de iluminar a noite com muitas lâmpadas. Essas lâmpadas passam a ser símbolo do Senhor Ressuscitado dentro da noite da morte. Originalmente o círio tinha a altura de um homem, simbolizando Cristo-luz que brilha nas trevas.

6º) O domingo de Páscoa:

No início do cristianismo, o domingo de Páscoa não tinha uma liturgia própria, porque a celebração pascal se desenvolvia até a madrugada. Após a reforma litúrgica de 1955 e 1970, o domingo passa a ser considerado como uma festividade verdadeira e própria.

A celebração desse dia é plena de alegria e esperança. As leituras são sempre as mesmas em todos os ciclos anuais. A sequência pascal marca a emoção e a esperança da comunidade. Jesus Cristo é o vencedor da Morte. Ele rompeu as barreiras do tempo e do espaço. Ele é um convite à nossa ressurreição.
Em muitas comunidades, muitos fiéis não tomaram parte no Tríduo Sacro. Por isso os sacerdotes e a comunidade precisam tomar consciência da unidade da morte e ressurreição de Cristo como sendo um todo Mistério Pascal.


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