Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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quinta-feira, 5 de março de 2015

Sexta feira da segunda semana da Quaresma
(Gênesis 37, 3-4.12-13.17-28; Mt 21,33-43. 45-46)
DEUS NÃO SE DEIXA VENCER

José, de quem nos fala a primeira leitura, é uma impressionante figura de Jesus, tal como o filho herdeiro de que nos fala o evangelho. Em ambas as leituras escutamos já o «Crucifica-Ol». «Eis que se aproxima o homem dos sonhos. Vamos matemo-lo», disseram os irmãos de José; «Este é o herdeiro. Matemo-lo», disseram os vinhateiros malvados. O único protagonista é, portanto, Jesus, escondido na figura de José e na figura do filho herdeiro da parábola. Estes textos fazem-nos pensar nos sofrimentos do Coração de Jesus, morto por inveja, como nos referem os relatos da paixão. Foi a inveja que mobilizou a má vontade dos irmãos contra José e a dos vinhateiros contra o filho herdeiro da parábola.
Mas também se fala de nós nas leituras que escutamos hoje. Jesus é o protagonista. Mas nós também entramos na sua história. Somos os irmãos, somos os vinhateiros malvados. Mas não devemos desesperar com os nossos pecados. Na história de José, a inveja foi maravilhosamente vencida: no Egipto, José não puniu os irmãos, mas salvou-os. Soube ler a história das suas tribulações, do seu exílio, como preparação, querida por Deus, para poder salvar os seus irmãos e todo o seu povo no tempo da carestia. Jesus também venceu a inveja aceitando tornar-se o último de todos. Quando O contemplamos na cruz, não podemos dizer que cause inveja a alguém! Pondo-se no último lugar, Jesus revelou o seu poder. O domínio que o Pai lhe prometeu é um domínio de amor, no serviço de todos.
Ao escutarmos as leituras de hoje, não devemos, portanto, sentir-nos condenados, mas devemos erguer os olhos mais alto, para o coração do Pai. Jesus veio revelá-I' O. É Ele, o Pai, que, por amor, envia Jesus, como fora enviado José, a «procurar os irmãos» (cf. Gn 37, 16). A predilecção de Israel por José, ou do Pai por Jesus, não é mais do que uma particular participação no amor paterno. É esse amor, que tem origem no coração do Pai, que os torna diferentes e capazes de vencer a inveja, o ódio e a rivalidade, com o perdão.
Este mesmo amor do Pai foi derramado nos nossos corações. Tornando-nos diferentes, tornando-nos participantes da natureza divina, fez-nos capazes de amar ao jeito de Deus, de vencer a inveja, o ódio, com o perdão. Mas, provavelmente, como José, e como Jesus, Filho de Deus, teremos também nós que passar por algumas tribulações. Assim poderemos tornar-nos colaboradores de Deus na obra da reconciliação que está a realizar no coração do mundo. "A vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo". "Para Glória e Alegria de Deus".


quarta-feira, 4 de março de 2015

LÁZARO, POBRE QUE SE IDENTIFICA COM JESUS

Dia 05 de Março de 2015

Evangelho – Lc 16,19-31

A palavra de Deus, neste tempo especial, está sempre chamando a nossa atenção para o cuidado que devemos ter para  o que é de mais precioso para  Deus: avida humana! 
Como seguidores de Jesus, não podemos fechar os olhos diante da  triste realidade que aí está: irmãos nossos, vivendo às margens da sociedade, sobrevivendo  das migalhas que caem da mesa daqueles que tomam para si, o que deveria ser de todos. Somos chamados a contemplar o rosto desfigurado de Jesus, estampado no semblante destes irmãos, ceifados até mesmo do direito à vida!  Ignorar estes irmãos, é ignorar o próprio Jesus, que quer contar conosco na construção de um mundo melhor, de um mundo mais justo, mais fraterno  onde todos tenham o direito a uma  vida digna.
Como filhos e filhas  do mesmo Pai, somos co-responsáveis pela vida do outro, não podemos transferir para outros,  a responsabilidade que é nossa: ser  amparo para os que sofrem.
Precisamos  aprender a olhar o irmão com o olhar de Jesus,  um olhar que  não apenas constata  a sua  necessidade, mas que nos  leve a socorre-lo.
O Evangelho de hoje, narra a parábola do rico e do Lázaro! Através de uma história, Jesus nos alerta, sobre a importância de cuidarmos dos pobres, são eles, os amigos de Deus, que abrirão a porta do céu pára nós!
Podemos perceber nesta parábola, que Jesus não cita o nome do rico, somente o nome  do pobre, que chamava Lázaro, reafirmando  a sua  predileção para com os pobres, os pobres, Jesus os conhece pelo nome! 
 O rico desta parábola, não maltratava Lázaro, (o pobre), ele simplesmente o ignorava, perdendo assim, a oportunidade de alcançar, através da caridade, a vida eterna. A sua  condenação,  não foi pelo fato dele  ser rico, e sim, pelo bem que ele deixou de fazer.
Podemos comparar o rico desta história, com a elite da sociedade de hoje,  os responsáveis pela distribuição de renda e  também, com muitos de nós,  que se diz cristão, mas  que ignora o que é de mais precioso para Deus: os pequeninos, os pobres, fazendo de conta que está tudo bem, que a desigualdade não existe.
O Lázaro representa o povo ignorado, sofrido e oprimido. Existem muitos Lázaros espalhados pelo mundo afora, passando fome, sedentos de amor, morrendo nas portas dos hospitais sem atendimento médico, e o pior, diante dos olhares insensíveis daqueles que tem o dever de cuidar deles. 
Outra coisa que deve  chamar a nossa atenção nesta história, é que Lázaro, mesmo sendo pobre, sobrevivendo das migalhas que caía da mesa do rico, não reclamava da vida, o que nos mostra, que ele tinha total confiança  na promessa de Deus, promessa, que se concretizou com o seu acolhimento no céu!
A parábola nos diz claramente que é impossível transpor o abismo que separa o inferno do paraíso. A ponte que nos liga ao céu, deve ser construída aqui na terra, no aqui e no agora, através de nossos  gestos concretos de amor ao próximo, depois que partirmos deste mundo, será tarde demais!
Não esperemos,  que o pobre venha até a nós, para que possamos ajudá-lo, a exemplo de Jesus,  devemos ir até ele, certificar de suas necessidades, conhecer a sua história, demonstrar interesse por ele, a sua  fome, nem  sempre é de pão, muitas  vezes,  é fome  de amor, fome da presença de alguém!
O conceito de pobre e rico para Jesus, é diferente do nosso conceito, para nós, pobre, é todo aquele que não possui bens, e rico, é todo aquele que possui muitos bens. Enquanto que para Jesus, pobre, é todo aquele que se esvazia de si mesmo para se tornar dependente de  Deus, independente dele possuir ou não, bens materiais. Já o rico, para Jesus, é todo aquele que acumula, que se fecha em si mesmo, que não partilha que não sente necessitado de Deus! Portanto, aos olhos de Jesus, existem pobres de bens materiais que são ricos em ganância em soberba, e ricos, que  são pobres, porque se esvaziam de si mesmos  para se tornarem dependentes de Deus.
 É bom tomarmos consciência de que no nosso julgamento final, seremos cobrados pelo bem que deixamos de fazer!
No pobre está estampado o semblante de Jesus, ignorá-lo, é ignorar o próprio Jesus.



A conversão

A condição pecaminosa do homem diante de Deus  

A Escritura diz que todos pecaram e destituídos estão da glória de Deus, o que significa que todos são escravos do pecado porque quem comete o pecado é escravo dele, e aquilo que os espera é uma vida ultraterrena cheia de tormentos, porque esta é a imediata punição que os espera da parte de Deus quando eles morrerem. Depois naquele dia, eles ressurgirão e comparecerão diante de Deus para ser julgados segundo as suas obras e ser condenados a uma eternidade cheia de infâmia e de tormento no lago ardente de fogo e enxofre.
Sendo escravos ao serviço da iniquidade, os homens são corruptos até às medulas, na sua carne não há algum bem, são incapazes de fazer boas obras. Deus está desgostoso desta sua conduta, como esteve desgostoso nos dias de Noé quando viu que "toda a carne havia corrompido o seu caminho sobre a terra" (Gen. 6:12), o seu furor lhe subiu às narinas, e a seu tempo derramará de novo a sua ardente ira sobre este mundo mau. Nesse dia ele será sem piedade, quebrará os dentes na boca dos ímpios, fará chover sobre eles brasas, e enxofre e o vento abrasador será a porção do cálice que eles terão que beber (cfr. Sal. 11:6). A sua iniquidade que agora os lisonjeia, Deus lha fará recair sobre a sua cabeça, como é justo que ele faça.

A possibilidade para o homem de ser perdoado e salvo  

Mas Deus na sua misericórdia, está pronto a perdoar o homem pecador, e isto porque Ele é piedoso e misericordioso, tardio em irar-se e de grande benignidade. O homem portanto tem a possibilidade de escapar ao juízo e à condenação divina. Mas para que o homem pecador possa obter o perdão dos seus pecados, ele deve arrepender-se e converter-se conforme está escrito: "Arrependei-vos, pois, e convertei-vos, para que sejam apagados os vossos pecados" (Actos 3:19), e também: "Deixe o ímpio o seu caminho, e o homem maligno os seus pensamentos, e se converta ao Senhor, que se compadecerá dele, torne para o nosso Deus, porque grandioso é em perdoar" (Is. 55:7). 
Arrepender-se significa sentir desgosto e dor pelo mal feito e converter-se significa abandonar os maus caminhos e encaminhar-se para o caminho santo e justo, ou melhor, pôr-se a servir o Deus vivo e verdadeiro com uma vida cheia de frutos de justiça. Quando os Ninivitas creram em Jonas que anunciava o iminente juízo de Deus sobre eles por causa das suas iniquidades, eles se converteram do seu mau caminho e de facto Deus ao ver isso "se arrependeu do mal que tinha dito lhes faria, e não o fez" (Jonas 3:10). Como se pode ver Deus teve piedade.
É bom precisar porém, que esta conversão a Deus implica passar a crer em Jesus Cristo. O que significa isto? Isto é, o que significa crer em Jesus Cristo? Significa que o pecador quando se arrepende e decide converter-se a Deus, para obter a remissão dos seus pecados, deve crer que Jesus Cristo é o Filho de Deus, morto na cruz pelos nossos pecados e ressuscitado dentre os mortos ao terceiro dia para a nossa justificação (cfr. Rom. 4:25). Ele deve fazer seus estes factos, aceitá-los por fé, ainda que não tenha sido testemunha ocular deles tendo acontecido muitos séculos atrás. Estes factos são perfeitamente verazes, a Escritura fala deles, e a Escritura  é digna de ser crida, seja qual for a coisa que diga, porque é inspirada pelo Deus que não pode mentir. De Jesus Cristo "todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome" (Actos 10:43).  
É somente mediante a fé em Cristo que se pode obter a remissão dos pecados. As boas obras, não importa de que género elas sejam, quantas sejam, e qual seja a religião a prescrevê-las, não podem de nenhuma maneira fazer obter ao homem a remissão dos seus pecados. Se pudessem fazer isto, Cristo teria morrido inutilmente, ou seja, o seu sacrifício não teria servido para nada. 
A remissão dos pecados é uma experiência maravilhosa que todos aqueles que se converteram a Deus mediante Cristo Jesus, experimentaram exactamente no preciso momento em que se arrependeram e se converteram. É uma experiência que marca a vida, que permanece indelével na memória, e que o homem ou a mulher que a experimentou se sente na obrigação de contar aos outros para que outros possam experimentá-la pela graça de Deus.

Como se chega à conversão  

Segundo quanto ensina a Escritura, o arrependimento é Deus a doá-lo ao homem: "Na verdade até aos gentios deu Deus o arrependimento para a vida" (Actos 11:18); "a ver se porventura Deus lhes dará arrependimento para conhecerem a verdade" (2 Tim. 2:25); "Deus, o exaltou com a sua destra, constituindo-o Príncipe e Salvador, para dar a Israel o arrependimento e a remissão dos pecados" (Actos 5:31). Ele, pois, não é algo que acontece sem a intervenção de Deus, ou melhor, porque o homem o quer, mas um fenómeno que procede de Deus. E a mesma coisa deve ser dita da conversão, também esta é operada por Deus nos homens porque o profeta Elias chamou Deus "aquele que converte o coração deles" (1 Re 18:37). Se depois a isto se acrescentar o facto que a fé é dom de Deus (cfr. Ef. 2:9), então o quadro que emerge é que o arrependimento, a conversão e o passar a crer em Jesus Cristo sobrevêm porque é Deus a querê-lo, é Deus a decretá-lo.
Os homens apalpam no escuro sem saber para onde vão, estão debaixo da condenação porque são culpados, não merecem nada de Deus, mas Deus decretou salvar alguns deles dando-lhes o arrependimento, convertendo o coração deles e dando-lhes a fé para serem perdoados e justificados. Obviamente, dado que Deus opera todas as coisas segundo o conselho da sua vontade, nem todos são por Ele convertidos na mesma idade e da mesma maneira, pelo que os tempos, os modos e as circunstâncias que caracterizam a conversão de cada um são diferentes. 
Cada um portanto tem a sua história pessoal. A propósito dos tempos, há quem se converteu em menino, quem em rapaz e quem na meia idade, e quem na sua velhice. A propósito dos modos e das circunstâncias, há quem se converteu após ter tido um sonho ou uma visão provenientes de Deus; há quem se converteu após ter visto uma cura, ou a ressurreição de um morto, ou um sinal como o do falar em outras línguas. Há quem se converteu através da morte de um seu parente ou de um seu conhecido, ou no meio de uma grave angústia, ou simplesmente após ter visto a mudança operada por Deus na vida de alguém que ele já conhecia, sem portanto ter tido um sonho, uma visão, e sem ter visto nenhuma cura e nenhum milagre e sinal. Há depois quem se converteu simplesmente após ter lido uma particular passagem da Bíblia, ou depois que alguém lhe anunciou o Evangelho, também neste caso portanto sem ver nem curas, nem milagres, nem sinais e prodígios. Há depois quem se converteu em outros modos e circunstâncias que variam conforme os casos.
Tudo isto demonstra que Deus opera nos homens a seu agrado, de maneira variada. Nada de novo, pois isto já se evidencia lendo as várias conversões registadas na Bíblia. Nem todos nos tempos dos apóstolos se converteram após ter visto um morto ressuscitado, ou uma cura, ou um sinal, e nem todos se converteram através da aparição de Jesus Cristo como no caso de Saulo de Tarso.
Todavia, a coisa mais importante não é como Deus leva uma alma à conversão, coisa que, de qualquer modo, tem a sua importância porque também é obra de Deus a forma como o homem é conduzido a converter-se,  mas a conversão em si mesma. E além disso, não é que uma conversão ocorrida através de uma visão celestial, aos olhos de Deus, tenha mais importância do que uma ocorrida simplesmente lendo uma passagem da Bíblia sozinho sobre um monte ou numa gruta ou fechado num cárcere; não, a conversão é preciosa na mesma medida não importa quais sejam os factores que a precederam ou a caracterizaram. Ela, com efeito, é em todos os casos produzida pelo Espírito de Deus que após ter convencido o homem do pecado, o atrai a Cristo o Salvador que o perdoa e o resgata do presente século mau.

Algumas conversões transcritas na Bíblia  

Vejamos agora algumas conversões transcritas na Bíblia. 
1 - No dia de Pentecostes, depois que o Espírito Santo foi derramado sobre os discípulos, Pedro pregou aos Judeus reunidos e cerca de três mil deles se converteram ao Senhor. Eis a pregação de Pedro e o relato da conversão: "Varões israelitas, escutai estas palavras: A Jesus, o nazareno, varão aprovado por Deus entre vós com milagres, prodígios e sinais, que Deus por ele fez no meio de vós, como vós mesmos bem sabeis; a este, que vos foi entregue pelo determinado conselho e presciência de Deus, vós matastes, crucificando-o pelas mãos de iníquos; ao qual Deus ressuscitou, rompendo os grilhões da morte, pois não era possível que fosse retido por ela. Porque dele fala Davi: Sempre via diante de mim o Senhor, porque está à minha direita, para que eu não seja abalado; por isso se alegrou o meu coração, e a minha língua exultou; e além disso a minha carne há-de repousar em esperança; pois não deixarás a minha alma no Hades, nem permitirás que o teu Santo veja a corrupção; fizeste-me conhecer os caminhos da vida; encher-me-ás de alegria com a tua presença. Varões irmãos, seja-me permitido dizer-vos livremente acerca do patriarca Davi, que ele morreu e foi sepultado, e entre nós está até hoje a sua sepultura. Sendo, pois, ele profeta, e sabendo que Deus lhe havia prometido com juramento que faria sentar sobre o seu trono um dos seus descendentes, prevendo isto, Davi falou da ressurreição de Cristo, dizendo que a sua alma não seria deixada no Hades, nem a sua carne veria a corrupção. Ora, a este Jesus, Deus ressuscitou, do que todos nós somos testemunhas. De sorte que, exaltado pela destra de Deus, e tendo recebido do Pai a promessa do Espírito Santo, derramou isto que vós agora vedes e ouvis. Porque Davi não subiu aos céus, mas ele próprio declara: Disse o Senhor ao meu Senhor: Assenta-te à minha direita, até que eu ponha os teus inimigos por escabelo de teus pés. Saiba pois com certeza toda a casa de Israel que a esse mesmo Jesus, a quem vós crucificastes, Deus o fez Senhor e Cristo. E, ouvindo eles isto, compungiram-se em seu coração, e perguntaram a Pedro e aos demais apóstolos: Que faremos, irmãos? Pedro então lhes respondeu: Arrependei-vos, e cada um de vós seja baptizado em nome de Jesus Cristo, para remissão de vossos pecados; e recebereis o dom do Espírito Santo. Porque a promessa vos pertence a vós, a vossos filhos, e a todos os que estão longe: a quantos o Senhor nosso Deus chamar. E com muitas outras palavras dava testemunho, e os exortava, dizendo: Salvai-vos desta geração perversa. De sorte que foram baptizados os que receberam a sua palavra; e naquele dia agregaram-se quase três mil almas" (Actos 2:22-41). 
2 - Um Etíope, um eunuco, mordomo-mor da rainha dos Etíopes, se converteu após ter ouvido Filipe anunciar-lhe Jesus Cristo: "E um anjo do Senhor falou a Filipe, dizendo: Levanta-te, e vai em direcção do sul pelo caminho que desce de Jerusalém a Gaza, o qual está deserto. E levantou-se e foi; e eis que um etíope, eunuco, mordomo-mor de Candace, rainha dos etíopes, o qual era superintendente de todos os seus tesouros e tinha ido a Jerusalém para adorar, regressava e, sentado no seu carro, lia o profeta Isaías. Disse o Espírito a Filipe: Chega-te e ajunta-te a esse carro. E correndo Filipe, ouviu que lia o profeta Isaías, e disse: Entendes, porventura, o que estás lendo? Ele respondeu: Pois como poderei entender, se alguém não me ensinar? E rogou a Filipe que subisse e com ele se sentasse. Ora, a passagem da Escritura que estava lendo era esta: Foi levado como a ovelha ao matadouro, e, como está mudo o cordeiro diante do que o tosquia, assim ele não abriu a sua boca. Na sua humilhação foi tirada a sua condenação; quem contará a sua geração? Porque a sua vida foi tirada da terra. Respondendo o eunuco a Filipe, disse: Rogo-te, de quem diz isto o profeta? De si mesmo, ou de algum outro? Então Filipe tomou a palavra e, começando por esta escritura, anunciou-lhe a Jesus. E indo eles caminhando, chegaram a um lugar onde havia água, e disse o eunuco: Eis aqui água; que impede que eu seja baptizado? Mandou parar o carro, e desceram ambos à água, tanto Filipe como o eunuco, e Filipe o baptizou. Quando saíram da água, o Espírito do Senhor arrebatou a Filipe, e não o viu mais o eunuco, que jubiloso continuou o seu caminho" (Actos 8:26-39).  
3 - Saulo de Tarso, um Fariseu extremamente zeloso das tradições hebraicas, se converteu enquanto ia para Damasco para perseguir os santos, mediante uma visão em que lhe apareceu Jesus. Eis o relato feito por ele mesmo diante dos Judeus em Jerusalém: "Eu sou Judeu, nascido em Tarso da Cilícia, mas criado nesta cidade, instruído aos pés de Gamaliel, conforme a precisão da lei de nossos pais, sendo zeloso para com Deus, assim como o sois todos vós no dia de hoje. E persegui este Caminho até a morte, algemando e metendo em prisões tanto a homens como a mulheres, do que também o sumo sacerdote me é testemunha, e todo o conselho dos anciãos; e, tendo recebido destes cartas para os irmãos, seguia para Damasco, com o fim de trazer algemados a Jerusalém aqueles que ali estivessem, para que fossem castigados. Aconteceu, porém, que, quando caminhava e ia chegando perto de Damasco, pelo meio-dia, de repente, do céu brilhou-me ao redor uma grande luz. Caí por terra e ouvi uma voz que me dizia: Saulo, Saulo, por que me persegues? Eu respondi: Quem és tu, Senhor? Disse-me: Eu sou Jesus, o nazareno, a quem tu persegues. E os que estavam comigo viram, em verdade, a luz, mas não ouviram a voz daquele que falava comigo. Então perguntei: Senhor que farei? E o Senhor me disse: Levanta-te, e vai a Damasco, onde se te dirá tudo o que te é ordenado fazer. Como eu nada via por causa do esplendor daquela luz, guiado pela mão dos que estavam comigo cheguei a Damasco. Um certo Ananias, varão piedoso conforme a lei, que tinha bom testemunho de todos os Judeus que ali moravam, vindo ter comigo, de pé ao meu lado, disse-me: Saulo, irmão, recobra a vista. Naquela mesma hora, recobrando a vista, eu o vi. Disse ele: O Deus de nossos pais de antemão te designou para conhecer a sua vontade, ver o Justo, e ouvir a voz da sua boca. Porque hás-de ser sua testemunha para com todos os homens do que tens visto e ouvido. Agora por que te demoras? Levanta-te, baptiza-te e lava os teus pecados, invocando o seu nome" (Actos 22:3-16).  
4 - Cornélio era um centurião romano que era temeroso de Deus, e foi salvo quando o apóstolo Pedro anunciou em sua casa o Evangelho. Eis o relato feito por Lucas: "Um homem em Cesaréia, por nome Cornélio, centurião da corte chamada italiana, piedoso e temente a Deus com toda a sua casa, e que fazia muitas esmolas ao povo e de contínuo orava a Deus, cerca da hora nona do dia, viu claramente em visão um anjo de Deus, que se dirigia para ele e lhe dizia: Cornélio! Este, fitando nele os olhos e atemorizado, perguntou: Que é, Senhor? O anjo respondeu-lhe: As tuas orações e as tuas esmolas têm subido para memória diante de Deus; agora, pois, envia homens a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; este se acha hospedado com um certo Simão, curtidor, cuja casa fica à beira-mar. Logo que se retirou o anjo que lhe falava, Cornélio chamou dois dos seus domésticos e um piedoso soldado dos que estavam a seu serviço; e, havendo contado tudo, os enviou a Jope. No dia seguinte, indo eles seu caminho e estando já perto da cidade, subiu Pedro ao terraço para orar, cerca de hora sexta. E tendo fome, quis comer; mas enquanto lhe preparavam a comida, sobreveio-lhe um êxtase, e via o céu aberto e um objecto descendo, como se fosse um grande lençol, sendo baixado pelas quatro pontas sobre a terra, no qual havia de todos os quadrúpedes e répteis da terra e aves do céu. E uma voz lhe disse: Levanta-te, Pedro, mata e come. Mas Pedro respondeu: De modo nenhum, Senhor, porque nunca comi coisa alguma comum e imunda. Pela segunda vez lhe falou a voz: Não chames tu comum ao que Deus purificou. Sucedeu isto por três vezes; e logo foi o objecto recolhido ao céu. Enquanto Pedro reflectia, perplexo, sobre o que seria a visão que tivera, eis que os homens enviados por Cornélio, tendo perguntado pela casa de Simão, pararam à porta. E, chamando, indagavam se ali estava hospedado Simão, que tinha por sobrenome Pedro. Estando Pedro ainda a meditar sobre a visão, o Espírito lhe disse: Eis que três homens te procuram. Levanta-te, pois, desce e vai com eles, nada duvidando; porque eu tos enviei. E descendo Pedro ao encontro desses homens, disse: Sou eu a quem procurais; qual é a causa por que viestes? Eles responderam: O centurião Cornélio, homem justo e temente a Deus e que tem bom testemunho de toda a nação judaica, foi avisado por um santo anjo para te chamar à sua casa e ouvir as tuas palavras. Pedro, pois, convidando-os a entrar, os hospedou. No dia seguinte levantou-se e partiu com eles, e alguns irmãos, dentre os de Jope, o acompanharam. No outro dia entrou em Cesaréia. E Cornélio os esperava, tendo reunido os seus parentes e amigos mais íntimos. Quando Pedro ia entrar, veio-lhe Cornélio ao encontro e, prostrando-se a seus pés, o adorou. Mas Pedro o ergueu, dizendo: Levanta-te, que eu também sou homem! E conversando com ele, entrou e achou muitos reunidos, e disse-lhes: Vós bem sabeis que não é lícito a um Judeu ajuntar-se ou chegar-se a estrangeiros; mas Deus mostrou-me que a nenhum homem devo chamar comum ou imundo; pelo que, sendo chamado, vim sem objecção. Pergunto pois: Por que razão mandastes chamar-me? Então disse Cornélio: Faz agora quatro dias que eu estava orando em minha casa à hora nona, e eis que diante de mim se apresentou um homem com vestiduras resplandecentes, e disse: Cornélio, a tua oração foi ouvida, e as tuas esmolas estão em memória diante de Deus. Envia, pois, a Jope e manda chamar a Simão, que tem por sobrenome Pedro; ele está hospedado em casa de Simão, curtidor, à beira-mar. Portanto mandei logo chamar-te, e bem fizeste em vir. Agora pois estamos todos aqui presentes diante de Deus, para ouvir tudo quanto te foi ordenado pelo Senhor. Então Pedro, tomando a palavra, disse: Na verdade reconheço que Deus não faz acepção de pessoas; mas que lhe é aceitável aquele que, em qualquer nação, o teme e pratica o que é justo. E esta é a palavra que Ele enviou aos filhos de Israel, anunciando a paz por Jesus Cristo. Este é o Senhor de todos. Vós bem sabeis o que aconteceu por toda a Judeia, começando pela Galileia, depois do batismo pregado por João; isto é, a história de Jesus de Nazaré; como Deus o ungiu com o Espírito Santo e com poder; e como ele andou por toda parte, fazendo o bem e curando a todos os oprimidos do Diabo, porque Deus era com ele. E nós somos testemunhas de tudo quanto fez, na terra dos Judeus e em Jerusalém; e eles o mataram, pendurando-o num madeiro. A este ressuscitou Deus ao terceiro dia e lhe concedeu que se manifestasse, não a todo povo, mas às testemunhas que Deus antes ordenara; a saber, a nós, que comemos e bebemos juntamente com ele depois que ressurgiu dentre os mortos. E ele nos mandou pregar ao povo, e testificar que ele é o que por Deus foi constituído Juiz dos vivos e dos mortos. A ele todos os profetas dão testemunho de que todo o que nele crê receberá a remissão dos pecados pelo seu nome. Enquanto Pedro ainda dizia estas coisas, desceu o Espírito Santo sobre todos os que ouviam a palavra. Os crentes que eram de circuncisão, todos quantos tinham vindo com Pedro, maravilharam-se de que também sobre os Gentios se derramasse o dom do Espírito Santo; porque os ouviam falar línguas e magnificar a Deus. Respondeu então Pedro: Pode alguém porventura recusar a água para que não sejam baptizados estes que também, como nós, receberam o Espírito Santo? Mandou, pois, que fossem baptizados em nome de Jesus Cristo. Então lhe rogaram que ficasse com eles por alguns dias" (Actos 10:1-48). 
5 - Todos os habitantes de Lida e Sarona se converteram ao Senhor após ter visto uma cura feita por Pedro em nome de Jesus Cristo: "E aconteceu que, passando Pedro por toda parte, veio também aos santos que habitavam em Lida. E achou ali certo homem, chamado Enéias, que havia oito anos jazia numa cama, porque era paralítico. E disse-lhe Pedro: Enéias, Jesus Cristo te cura; levanta-te e faz a tua cama. E logo se levantou. E viram-no todos os que habitavam em Lida e Sarona, os quais se converteram ao Senhor" (Actos 9:32-35). 
6 - Muitos habitantes de Jope se converteram ao Senhor após ter ouvido que Deus tinha ressuscitado Tabita: "Havia em Jope uma discípula por nome Tabita, que traduzido quer dizer Dorcas, a qual estava cheia de boas obras e esmolas que fazia. Ora, aconteceu naqueles dias que ela, adoecendo, morreu; e, tendo-a lavado, a colocaram no cenáculo. Como Lida era perto de Jope, ouvindo os discípulos que Pedro estava ali, enviaram-lhe dois homens, rogando-lhe: Não te demores em vir ter connosco. Pedro levantou-se e foi com eles; quando chegou, levaram-no ao cenáculo; e todas as viúvas o cercaram, chorando e mostrando-lhe as túnicas e vestidos que Dorcas fizera enquanto estava com elas. Mas Pedro, tendo feito sair a todos, pôs-se de joelhos e orou; e voltando-se para o corpo, disse: Tabita, levanta-te. Ela abriu os olhos e, vendo a Pedro, sentou-se. Ele, dando-lhe a mão, levantou-a e, chamando os santos e as viúvas, apresentou-lha viva. Tornou-se isto notório por toda a Jope, e muitos creram no Senhor" (Actos 9:36-42). 
7 - Sérgio Paulo era um procônsul romano que se converteu a Cristo após ter ouvido pregar o Evangelho e após ter visto com os seus olhos um tremendo juízo de Deus cair sobre um falso profeta. Eis o relato bíblico: "Havendo atravessado a ilha toda até Pafos, acharam um certo mago, falso profeta, judeu, chamado Bar-Jesus, que estava com o procônsul Sérgio Paulo, homem sensato. Este chamou a si Barnabé e Saulo e mostrou desejo de ouvir a palavra de Deus. Mas resistia-lhes Elimas, o encantador (porque assim se interpreta o seu nome), procurando desviar da fé o procônsul. Todavia Saulo, também chamado Paulo, cheio do Espírito Santo, fitando os olhos nele, disse: Ó filho do diabo, cheio de todo o engano e de toda a malícia, inimigo de toda a justiça, não cessarás de perverter os caminhos rectos do Senhor? Agora eis a mão do Senhor sobre ti, e ficarás cego, sem ver o sol por algum tempo. Imediatamente caiu sobre ele uma névoa e trevas e, andando à roda, procurava quem o guiasse pela mão. Então o procônsul, vendo o que havia acontecido, creu, maravilhando-se da doutrina do Senhor" (Actos 13:6-12). 
8 - Lídia era uma vendedora de púrpura da cidade de Tiatira, e se converteu na cidade de Filipos através da pregação de Paulo conforme está escrito: "Navegando, pois, de Tróade, fomos em direitura a Samotrácia, e no dia seguinte a Neápolis; e dali para Filipos, que é a primeira cidade desse distrito da Macedónia, e colónia romana; e estivemos alguns dias nessa cidade. No sábado saímos portas afora para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração e, sentados, falávamos às mulheres ali reunidas. E uma certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos ouvia e o Senhor lhe abriu o coração para que estivesse atenta às coisas que Paulo dizia. E depois que foi baptizada, ela e a sua casa, rogou-nos, dizendo: Se haveis julgado que eu sou fiel ao Senhor, entrai em minha casa, e ficai ali. E nos constrangeu a isso" (Actos 16:11-15).  
9 - O carcereiro de Filipos foi salvo com toda a sua casa depois que foi testemunha de um tremendo terremoto enviado por Deus conforme está escrito: "Ora, aconteceu que quando íamos ao lugar de oração, nos veio ao encontro uma jovem que tinha um espírito adivinhador, e que, adivinhando, dava grande lucro a seus senhores. Ela, seguindo a Paulo e a nós, clamava, dizendo: Estes homens são servos do Deus Altíssimo e vos anunciam o caminho da salvação. E fazia isto por muitos dias. Mas Paulo, perturbado, voltou-se e disse ao espírito: Eu te ordeno em nome de Jesus Cristo que saias dela. E na mesma hora saiu. Ora, vendo seus senhores que a esperança do seu lucro havia desaparecido, prenderam a Paulo e Silas, e os arrastaram para uma praça à presença dos magistrados. E, apresentando-os aos magistrados, disseram: Estes homens, sendo Judeus, estão perturbando a nossa cidade, e pregam costumes que não nos é lícito receber nem praticar, sendo nós Romanos. A multidão levantou-se à uma contra eles, e os magistrados, rasgando-lhes os vestidos, mandaram açoitá-los com varas. E, havendo-lhes dado muitos açoites, os lançaram na prisão, mandando ao carcereiro que os guardasse com segurança. Ele, tendo recebido tal ordem, os lançou na prisão interior e lhes segurou os pés no tronco. Pela meia-noite Paulo e Silas oravam e cantavam hinos a Deus, enquanto os presos os escutavam. De repente houve um tão grande terremoto que foram abalados os alicerces do cárcere, e logo se abriram todas as portas e foram soltos os grilhões de todos. Ora, o carcereiro, tendo acordado e vendo abertas as portas da prisão, tirou a espada e ia suicidar-se, supondo que os presos tivessem fugido. Mas Paulo bradou em alta voz, dizendo: Não te faças nenhum mal, porque todos aqui estamos. Tendo ele pedido luz, saltou dentro e, todo trémulo, se prostrou ante Paulo e Silas e, tirando-os para fora, disse: Senhores, que é necessário que eu faça para me salvar? Responderam eles: Crê no Senhor Jesus e serás salvo, tu e tua casa. Então lhe pregaram a palavra do Senhor, e a todos os que estavam em sua casa. Tomando-os ele consigo naquela mesma hora da noite, lavou-lhes as feridas; e logo foi baptizado, ele e todos os seus. Então os fez subir para sua casa, pôs-lhes a mesa e alegrou-se muito com toda a sua casa, por ter crido em Deus" (Actos 16:16-34). 

Algumas palavras de exortação 

Irmão no Senhor, exorto-te a te alegrares no Senhor e a louvar o Senhor pela conversão por ti experimentada pela graça de Deus, sim porque também ela é obra de Deus. E não te canses de falar dela a todos, de fazê-la conhecer, porque Deus quer que tu fales e não que te cales a respeito. Conta tu também como o Senhor teve piedade de ti. E persevera na fé até ao fim para que naquele dia tu possas obter a coroa da vida, não recues porque doutra forma irás para a perdição.  
A ti, ao invés, que ainda és escravo do pecado, que ainda estás sem esperança e sem paz no meio deste mundo mau, digo-te para te arrependeres dos teus pecados e para te converteres dos teus maus caminhos, crendo que Jesus Cristo morreu pelos nossos pecados e ressuscitou para a nossa justificação. Experimentarás assim o perdão dos teus pecados, a paz e a alegria da salvação, que nenhum outro e nada mais além de Jesus Cristo te pode dar. Não te iludas, a religião que professas, não importa se é a da Igreja Católica romana, ou a Hinduísta, ou a Budista, ou a Muçulmana, ou até mesmo a Protestante (sim porque infelizmente existe também uma religião Protestante que está morta a par de todas as outras religiões) não te podem salvar, sabe-o. Quem te pode salvar é só Jesus Cristo, a ele te deves converter dos teus maus caminhos, n`Ele tu deves crer se quiseres ser salvo e ter a vida eterna. Tu deves ter uma experiência pessoal com o Senhor, tu deves experimentar uma conversão, doutra forma permanecerás perdido pela eternidade.

Uma Advertência 

A Escritura fala da existência de falsos irmãos - e portanto de falsos convertidos - nos dias dos apóstolos; deles fala Paulo em duas ocasiões, ou melhor, em três. O apóstolo, com efeito, diz ter estado "em perigos entre falsos irmãos" (2 Cor. 11:26) e que em Jerusalém "nem mesmo Tito, que estava comigo, embora sendo Grego, foi constrangido a circuncidar-se; e isto por causa dos falsos irmãos intrusos, os quais furtivamente entraram a espiar a nossa liberdade, que temos em Cristo Jesus, para nos escravizar; aos quais nem ainda por uma hora cedemos em sujeição, para que a verdade do Evangelho permanecesse entre vós" (Gal. 2:3-5). Como se pode ver, um dos perigos corridos por Paulo por via dos falsos irmãos, foi o de ser posto por estes de novo debaixo do jugo da lei de que Cristo nos resgatou. A mesma coisa acontece hoje por via dos falsos irmãos de hoje que se introduzem nas igrejas, porque também estes procuram impor aos santos preceitos mosaicos que têm como fim o de fazer recair os crentes debaixo da lei. A terceira ocasião em que Paulo menciona falsos irmãos é quando ele fala dos falsos apóstolos presentes na Igreja de Corinto, eis quanto escreve destes: "Pois os tais são falsos apóstolos, obreiros fraudulentos, disfarçando-se em apóstolos de Cristo. E não é de admirar, porquanto o próprio Satanás se disfarça em anjo de luz. Não é muito, pois, que também os seus ministros se disfarcem em ministros da justiça; o fim dos quais será conforme as suas obras" (2 Cor. 11:13-15). Como podeis ver Paulo definiu estes como sendo obreiros fraudulentos e ministros de Satanás; as suas obras o testemunham. Também neste caso é preciso dizer que hoje também existem destes falsos apóstolos na Igreja que se reconhecem pela sua conduta fraudulenta, de facto, são operadores de escândalos, adúlteros, ladrões, injuriadores, dissolutos, etc.   
Cuidai pois de vós mesmos, irmãos, e guardai-vos dos falsos irmãos não cedendo sequer por um momento às suas imposições e às suas lisonjas. Resisti-lhes na cara, confutando publicamente e privadamente as suas falsas doutrinas e reprovando vigorosamente a sua conduta fraudulenta.



O RICO E O POBRE LÁZARO

         Jeremias 17,5-10 - Jeremias oferece-nos duas sentenças sapienciais. Servindo-se da contraposição, aponta claramente onde está, para o homem, a maldição cujo resultado é a morte (vv. 5- 8), e onde está a bênção cujo resultado é a vida. O ímpio é aquele que, ainda antes de praticar o mal, apenas confia no que é humano e se afasta interiormente do Senhor. O resultado só pode ser a prática do mal. Aquilo em que o homem põe a sua confiança é como o terreno donde uma árvore retira o alimento. Por isso, o ímpio é comparado a um cardo do deserto que não pode dar fruto nem durar muito (v. 6). O homem piedoso também se caracteriza, em primeiro lugar, pela sua atitude de confiança diante de Deus. Por isso, é comparado a uma árvore plantada junto de um rio: não há-de morrer de sede, nem será estéril (vv. 9ss.).
Na segunda sentença, o profeta insiste na importância do «coração», centro das decisões e da afectividade do homem. Só Deus experimenta e avalia com justiça os comportamentos e os frutos de cada um dos homens, porque, só Ele conhece de verdade o coração do homem e o pode curar.

          Lc 16,19-31 - S. Lucas recolhe, no capítulo 16 do seu evangelho, os ensinamentos de Jesus sobre as riquezas. A parábola, que hoje escutamos, ensina-nos a considerar a nossa condição actual à luz da condição eterna. A sorte pode inverter-se. E seguem algumas aplicações práticas (v. 25). Jesus fala-nos de um homem rico que «fazia todos os dias esplêndidos banquetes» e de um pobre significativamente chamado Lázaro (termo que significa Deus ajuda). Atormentado pela fome e pela doença, permanece à porta do rico, à espera de alguma migalha. Os cães comovem-se com Lázaro; mas o rico permanece indiferente.
Chega porém o dia da morte, a que ninguém escapa. E inverte-se a situação.
Jesus levanta um pouco o véu do tempo para nos fazer entrever o banquete eterno, anunciado pelos profetas. Lázaro é conduzido pelos anjos a um lugar de honra, nesse banquete, enquanto o rico é sepultado no inferno. Do lugar dos tormentos, o rico vê Lázaro e atreve-se a pedir, por meio dele, um mínimo gesto de conforto (v. 24). Mas as opções desta vida tornam definitiva e imutável a condição eterna (v. 26). Nem o milagre da ressurreição de um morto, diz Jesus, aludindo a Si mesmo, podem sacudir um coração endurecido que se recusa a escutar o que o Senhor permanentemente ensina por meio das Escrituras (vv. 27-31).
Hoje, tanto a primeira leitura como o evangelho, com imagens muito simples mas pintadas a cores fortes, nos colocam perante o facto de que é nesta vida que decidimos o nosso destino eterno, a vida ou a morte, sem outras possibilidades. Aquele que, nesta vida, põe a sua confiança nos meios humanos e nas coisas materiais e, sobretudo, aquele que se afasta do Senhor, e organiza a própria existência independentemente de Deus, é «mediatista». O apego a uma felicidade egoísta leva à cegueira, que não permite ver para além do imediato, do material. Não permite ver a Deus, nem a caducidade da nossa atual condição, como não permite ver as necessidades dos pobres que jazem à nossa porta. Aquele que confia no Senhor, reconhecendo a sua condição de criatura, dependente e amada por Ele, é «bendito», Leva no coração uma semente de eternidade que florescerá em felicidade e paz eternas. Por outro lado, a verdadeira confiança em Deus é sempre acompanhada pela solidariedade com os pobres, com pobres que o são materialmente, com os que o são espiritualmente, mas também com os doentes, com vítimas de contrariedades e opressões de qualquer espécie. Tanto Jeremias como Jesus nos ensinam tudo isto, não de modo abstrato, mas com imagens expressivas como a da árvore plantada no deserto ou junto de um rio ou como o pobre Lázaro.
O pobre Lázaro caracteriza-se pelo silêncio, tanto diante das provações da vida como diante da falta de atenção daqueles de quem esperava ajuda. Não grita contra Deus nem contra os homens. Permanece silencioso e paciente no seu sofrimento físico, psicológico e espiritual, confiando em Deus. Finalmente surge a morte e tudo se transforma. Levado pelos anjos para o seio de Abraão, continua em silêncio. No seu rosto, primeiro sereno e confiante, e agora glorioso, transparece outro Rosto, o de Jesus, que se fez pobre para nos enriquecer com a sua pobreza. Sendo de condição divina, por nosso amor, assumiu a condição humana, para que pudéssemos participar da sua condição divina. Sendo rico fez-Se pobre, homem pobre, para que todos pudéssemos participar da sua riqueza.
A nossa confiança em Deus leva-nos a solidarizar-nos com o amor de Jesus por todos os homens, um "amor que salva". Como Ele, queremos estar presentes e atuantes junto de todos os lázaros desta humanidade de que somos parte. Queremos viver e atuar unidos "no seu amor pelo Pai e pelos homens", especialmente pelos "pequenos" e pelos "pobres", porque "Cristo se identificou" com eles (cf. Mt 25, 40). Esta é a primeira, boa nova (cf. Lc 4, 19) porque os quer libertar da sua opressão, sofrimento, pobreza. Porque os quer felizes, é para eles a primeira bem-aventurança: "Bem-aventurados os pobres, porque deles é o Reino de Deus' (Lc 6, 20) e o Reino de Deus é, antes de mais, Jesus pequeno e pobre, que quer elevar todos "os pequenos ... os pobres" a "pobres em espírito' (Mt 5, 3), onde a pobreza nem sequer já é uma desgraça, onde, mais do que a carência de bens materiais, é realçada a mansidão e a humildade de coração, a confiança, o abandono à vontade de Deus, dando espaço a Jesus, para que viva a Sua pobreza na nossa pobreza.


segunda-feira, 2 de março de 2015


Perdoai e sereis perdoados.
Neste Evangelho, Jesus nos pede para sermos misericordiosos. E explica o que isso significa: Não julgar ninguém, não condenar ninguém, perdoar a todos que nos ofendem e partilhar os nossos bens com os que precisam.
O exemplo ou modelo que ele nos apresenta é o próprio Deus Pai, que nos perdoa, nos ajuda e é misericordioso conosco.
Misericórdia é a compaixão suscitada pela miséria alheia. Vem do latim: “mittere + cor” = Jogar o coração. Misericórdia é mais que simples sentimento de compaixão. É a compaixão levada à ação; é fazer alguma coisa para ajudar a pessoa da qual sentimos compaixão.
A pessoa misericordiosa “tudo crê, tudo espera, tudo suporta”. Sempre descobre o lado bom das pessoas. Afinal, todos nós, mesmo os maiores criminosos, no fundo, somos bons, pois fomos criados por Deus e ele só faz coisas boas.
No catecismo, as crianças decoram as catorze obras de misericórdia, sete corporais e sete espirituais. As corporais são: dar de comer a quem tem fome, dar de beber a quem tem sede, vestir os nus, dar abrigo aos peregrinos, visitar os doentes e encarcerados, libertar os escravizados e sepultar os mortos. Elas seguem, quase literalmente, Mt 25,31-46, onde Jesus nos diz o que vai cobrar de nós no Juízo Final. Portanto, se trata de coisa séria, pois está em jogo a nossa salvação.
As espirituais são: dar bom conselho, ensinar os que não sabem, corrigir os que erram, consolar os aflitos, perdoar as ofensas, suportar as fraquezas do próximo e orar pelos vivos e falecidos.
A pessoa misericordiosa tem um amor compreensivo. É muito comum essas pessoas usarem a expressão: “Coitado!”
“Perdoai e sereis perdoados.” É o que rezamos no Pai Nosso: “Perdoai-nos as nossas ofensas, assim como nós perdoamos a quem nos tem ofendido”. Todos nós somos pecadores e temos dívidas com Deus. Só entraremos no céu se ele nos perdoar. Acontece que o perdão de Deus a nós é do tamanho do nosso perdão aos nossos irmãos.
O perdão faz feliz não só quem é perdoado, mas também quem perdoa. Quanto mais reconhecemos que somos pecadores, mais sentimos a necessidade de perdoar os outros, a fim de sermos também perdoados por Deus. Temos dois caminhos: ou abrimos o nosso coração à generosidade e à misericórdia, ou nos fechamos na nossa própria mesquinhez e intransigência.
“Dai e vos será dado. Uma medida calcada, sacudida e transbordante será colocada no vosso colo.” Jesus usa como comparação a medida de grãos, usada nos armazéns antigos. Por exemplo, se uma pessoa queria comprar cinco litros de feijão, o balconista enchia a vasilha de cinco litros, depois sacudia (abaixava um pouco), socava (abaixava mais), em seguida punha mais feijão até derramar. Isso é generosidade! É assim que Deus faz para recompensar as nossas obras de misericórdia.
Jesus, quando estava na cruz, deu-nos um belo exemplo de amor misericordioso, quando rezou: “Pai, perdoai-lhes, eles não sabem o que fazem!” Também quando disse ao bom ladrão: “Ainda hoje estarás comigo no paraíso”. Que exemplo para nós!
Não temos outra opção: ou aceitamos os outros com as suas limitações humanas, ou nos fechamos na nossa pequenez e egoísmo. Está aí uma grande oportunidade de conversão nesta quaresma.
E não vale o “perdoo mas não esqueço”, porque seria perdão pela metade. Se a fraqueza cometida por nosso irmão chegar à nossa memória, que seja rebatida com a virtude da misericórdia.
Sobre a Campanha da Fraternidade – economia e vida – lembramos que justiça não é “dar a cada um o que lhe pertence” ou “pagar pelo trabalho que fez”, mas é dar a cada um o necessário para viver dignamente. Que os bens que vêm de Deus sejam distribuídos para todos os seus filhos e filhas, sem excluir ninguém. Economia significa, literalmente, administração da casa. Que esta grande casa de Deus, o planeta terra, seja bem administrado, colocando a vida em primeiro lugar. Há cidades que estão usando, em vez do conhecido saquinho de supermercado, sacolas de papel, que são biodegradáveis e não poluem a natureza. Que a economia esteja a serviço da vida, não o contrário, a vida a serviço da economia.
Havia, certa vez, um operário de construção que todos os dias comia a mesma coisa: sanduíche de queijo. Os outros operários esperavam com alegria o toque da sirene para o almoço, quando se dirigiam ao galpão, onde haviam guardado suas refeições. Uns esquentavam, outros não. Quase sempre feijão, arroz e um pedaço de carne. Todos comiam com visível prazer. Mas aquele trabalhador comia seu sanduíche de queijo reclamando. Todos os dias ele dizia: “Detesto sanduíche de queijo”. Comia silenciosamente e no final amassava o papel, jogava-o no lixo e repetia a ladainha: “Detesto sanduíche de queijo”.
Um dia, um dos colegas sugeriu: “Por que você não pede a sua esposa que faça um sanduíche diferente?” Ele respondeu: “Quem disse que é a minha esposa quem prepara o sanduíche? Sou eu mesmo que o preparo”.
Já pensou? Cada um colhe aquilo que planta; cada um come o sanduíche que preparou. À semelhança desse caso, muitas vezes as nossas desavenças nascem de nós mesmos. Somos nós que fazemos uma imagem do outro, que não corresponde à realidade. Depois começamos a nos desentender com o próximo, baseados numa imagem dele que nós mesmos criamos.
Maria Santíssima, no Magnificat, cantou a misericórdia de Deus: “A sua misericórdia de estende de geração em geração”. “Salve Rainha, Mãe de misericórdia, vida, doçura e esperança nossa, salve!”

Perdoai e sereis perdoados.