Oitavo
Mandamento - Não levantar falso testemunho
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"NÃO LEVANTARÁS FALSO TESTEMUNHO
CONTRA TEU PRÓXIMO".
(Ex 20,16)
Temos no Antigo
Testamento que Deus é fonte de toda verdade. Sua Palavra é verdade. Sua Lei é
verdade. "Sua fidelidade continua de geração em geração" (Sl 119,90).
Foi em Jesus Cristo que a verdade se manifestou plenamente. "Cheio de
graça e verdade", Ele é a "luz do mundo" (Jo 8,12), a Verdade. O
verdadeiro discípulo de Jesus em sua "permanece em sua palavra" para
conhecer a "verdade que liberta" (Jo 8,32) e santifica. Jesus nos
ensinou o amor incondicional da verdade: "Seja o vosso 'sim, sim e o vosso
'não', não. (Mt 5,37).
Os homens tendem à
verdade e são obrigados a honrá-la e testemunhá-la. São também obrigados a
aderir à verdade e ordenar suas vidas segundo as suas exigências. A verdade
deve estar presente em nosso falar, pensar e agir pois assim, estamos nos
guardando da duplicidade, simulação e da hipocrisia. Devemos Ter veracidade
naquilo que fazemos ou dizemos.
Não haveria
possibilidade de convivência recíproca se não houvesse a verdade entre as
pessoas. A verdade nos ensina corretamente aquilo que deve ser expresso e
aquilo que deve ser guardado. Isso implica em honestidade e discrição. Todos
devem manifestar a verdade entre si mesmos.
Partindo deste
raciocínio devemos entender qual é a seriedade que é viver na verdade. "Um
inimigo pode nos causar um terrível mal (matar, ferir gravemente, espalhar
falsos boatos, roubar, etc ...), mas um amigo pode nos destruir por completo".
Daí temos a importância seríssima de manifestar a verdade para com as outras
pessoas. O nosso amigo, e quando mais intimo, é aquele que nos conhece, sabe
das nossas fraquezas, das nossas limitações. É por isso que devemos ser
verdadeiros.
O discípulo de Cristo
"aceita viver na verdade", esto é, na simplicidade de uma vida
conforme o exemplo do Senhor. Ao dizermos que estamos em comunhão com Ele e,
pelo contrário, andamos nas trevas, estamos mentindo descaradamente para Deus e
para nós mesmos.
II - Dar testemunho da verdade:
Assim como Cristo
proclamou diante Pilatos que "veio ao mundo para dar testemunho da
verdade", o cristão não deve temer ou envergonhar-se de dar testemunho do
Senhor (2 Tm 1,8). O cristão deve manter uma "consciência irrepreensível,
constantemente, diante do Senhor e dos homens" (At 24, 16). Ao fazer parte
da Igreja, o cristão deve dar testemunho do Evangelho e das obrigações dele
decorrentes. Ele fará isso através de seus atos e palavras.
O martírio é o supremo
teste da verdade e implica em dar testemunho que pode, muitas vezes, ira até a
morte. O mártir é aquele que dá tesmunho do Cristo, morto e ressuscitado, ao
qual está unido pela caridade. Enfrenta a morte num ato de fortaleza.
"Deixai-me ser comida das feras. É por elas que me será concedido chegar
até Deus. (Santo Inácio). Temos então as lembranças daqueles que foram até o
fim por causa de Cristo. São as "Atas dos mártires".
III - As ofensas à verdade:
O Falso testemunho e o
perjúrio:
Quando se emite
publicamente algo contrário à verdade, diante de um tribunal, é falso
testemunho e quando se está sob juramento, é perjúrio. Isso pode contribuir
para condenar injustamente um inocente ou inocentar o culpado. Prejudica o
exercício da justiça pronunciada pelos juizes.
Respeito à reputação
das pessoas:
É proibido qualquer
atitude e palavra que cause um prejuízo injusto. Torna-se culpado:
De juízo temerário
(imprudente):
Aquele que,
secretamente, admite como verdadeiro, sem razão alguma, o defeito moral do
próximo.
De malediscência:
Aquele que, sem razão
válida, revela as pessoas que não sabem os defeitos do próximo e suas faltas.
De calúnia:
Aquele que, pela
mentira, prejudica a reputação dos outros e causa falsos juízos a respeito
deles. Para não cairmos no juízo temerário (julgar sem medir as conseqüências),
temos que interpretar de modo favorável tanto quanto possível o pensamento,
atos e palavras do próximo.
Malediscência e
calúnia:
Mancham a reputação e
a honra do próximo. Todos têm direito à honra do próprio nome, à sua reputação
e ao seu respeito. Logo, a malediscência e a calúnia ferem as virtudes da
justiça e da caridade.
Adulação, bajulação ou
complacência:
Deve-se tomar muito
cuidado com atos ou palavras que, por (bajulação), confirme e encoraje o outro
na malícia de seus atos e perversidade. Adulação é falta grave quando cúmplice
de vícios ou de pecados graves. Se torna um pecado venial, quando só quer ser
agradável, evitar um mal, remediar uma necessidade, obter vantagens legítimas.
A jactância ou
fanfarronice:
É uma falta grave
contra a verdade e o mesmo vale para a ironia que é depreciar alguém
caricaturando, de modo malélovo, seu comportamento.
A mentira:
É dizer o que é falso
com a intenção de enganar. O Senhor denuncia na mentira uma obra diabólica:
"Vós sois do diabo, vosso pai, ... nele não há verdade: quando ele mente,
fala do que lhe é próprio, porque é mentiroso e pai da mentira" (Jo 8,
44). É a ofensa direta á verdade. Mentir é falar ou agir contra ela para
induzir um erro. Fere a relação do homem como o seu próximo e com o Senhor.
A mentira torna-se
mortal, embora seja um pecado venial em si, quando fere gravemente as virtudes
da justiça e da caridade. Sua punição varia de acordo com as circunstâncias, a
intenção do mentiroso, as conseqüências sofridas por suas vítimas.
A mentira é uma
profanação da palavra que tem como finalidade levar a verdade a outros e é
condenável em sua natureza. Quando induzimos o próximo, através da mentira, a
um erro estamos cometendo uma falta grave contra a justiça e a caridade. A
culpa é maior ainda, quando a intenção é de enganar. Causa a morte para aqueles
que são desviados da verdade.
A mentira é uma
verdadeira violência ao próximo porque o impede de obter a capacidade conhecer,
que é a condição de todo o juízo e decisão. Ela mina a confiança entre os
homens e rompe o tecido das relações sociais.
Toda falta contra a
justiça e a verdade impõe uma reparação, mesmo após o perdão. Não podendo
reparar um erro publicamente, deve-se fazê-lo em segredo; se aquele que sofreu
o prejuízo não puder ser indenizado, deve-se dar-lhe satisfação moral, em nome
da caridade. Isso também é válido para as faltas cometidas contra a reputação
dos homens.
IV - O respeito à verdade:
Nós devemos Ter muito
cuidado para saber avaliar as condições e ver se é pudente ou não revelar a
verdade àquele que a pede. A caridade e o respeito à ditarão a resposta. A todo
pedido de informação. Ninguém pode revelar a verdade a quem não tem o direito
de conhecê-la e por isso temos que saber guardar segredo quando necessário.
O sacramento da
confissão é inviolável e não pode ser traído em hipótese nenhuma pelo
sacerdote. Os segredos profissionais devem se mantidos sob total sigilo, salvo
casos em que venham a trazer prejuízo grave àqueles que os confia, àquele que
os recebe ou a um terceiro e só evitáveis mediante divulgação da verdade.
Todos temos o dever de
manter a justa reserva acerca dos segredos particulares das pessoas.
V - O uso dos meios de comunicação social:
Na sociedade moderna,
os meios de comunicação social, infelizmente uma minoria, estão a serviço do
bem comum. A sociedade tem direito a uma informação fundada sobre a verdade, a
liberdade, a justiça e a solidariedade. Os membros da sociedade, porém também
devem cumprir neste particular os deveres de justiça e verdade. Eles devem
exigir que os meios de comunicação social contribuam para auxiliar na formação
e difusão da reta opinião pública. A conseqüência é que daí surgem uma
comunicação verdadeira, justa e livre, favorecendo a circulação de idéias que
aumentam o conhecimento e o respeito aos outros.
Nós temos que exigir
da mídia maior moderação e disciplina quanto à programação e assim termos uma
consciência esclarecida e correta para resistirmos às influências negativas. A
imprensa tem o dever e obrigação, na difusão da informação, de servir à verdade
e não ofender a caridade. Ela deve se esforçar para não omitir a verdade dentro
dos limites do juízo crítico a respeito das pessoas. A imprensa não deve ceder
à difamação.
As autoridades civis
têm o dever de defender o bem comum. É através da publicação de leis, e de sua
aplicação rigorosa e do cuidado pelo bom uso dos meios de comunicação, que os
poderes públicos evitarão que haja graves danos aos costumes e progressos da
sociedade.
Nada justifica a
recusa do uso de falsas informações para manipulação da opinião pública. A
moral denuncia o flagelo dos estados totalitários que falsificam a verdade,
exercem pelos meios de comunicação uma dominação da opinião pública, manipulam
os acusados e as testemunhas de processos públicos, etc...
VI - Verdade, beleza e arte sacra:
A prática do bem vem
acompanhada de um prazer espiritual gratuito e da beleza moral. A verdade é
bela em sim mesma e implica alegria e explendor espiritual. É a expressão
racional do conhecimento da realidade criada e incriada. É necessária ao homem,
dotado de inteligência e pode encontrar outras formas de expressão humana,
sobretudo quando retrata de evocar dela o que há de indizível, as profundezas
do coração, as elevações da alma, o mistério de Deus.
Antes de se revelar ao
homem por palavras, Deus o fez através da criação - "a grandeza e a beleza
das criaturas levam, por comparação, à contemplação de seu Autor" (Sb
13,5). "pois foi a própria fonte da beleza que as criou" (Sb 13,3).
Criado à imagem e
semelhança de Deus, o homem exprime a verdade de sua relação com Ele através
das manifestações artísticas. A arte é uma riqueza interior da humanidade dada
gratuitamente por Deus em abundância. Ela une conhecimento e perícia, para dar
forma à verdade de uma realidade acessível à vista e ao ouvido. A arte é
parecida com a obra da criação, quando é inspirada na verdade e no amor das
criaturas.
A arte sacra tem como
função evocar e glorificar, na fé e na adoração, o mistério transcendente de
Deus, beleza excelsa e invisível de verdade e amor, revelada em Cristo,
"resplendor de Sua glória, expressão de seu Ser" (Hb 1,3), "em
que habita toda a plenitude da divindade" (CL 2, 9).
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