Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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segunda-feira, 20 de fevereiro de 2012


Abordagem psicológica do Envelhecimento e da velhice
O interesse da psicologia sobre a velhice é relativamente recente, visto que a expansão sistemática da Gerontologia só ocorre no final da década de 1950, principalmente em função do rápido crescimento no número de pessoas idosas. Começam em 1928 as primeiras pesquisas experimentais sobre a velhice, a respeito de tópicos tais como: aprendizagem, memória e tempo de reação aos estímulos. No entanto, até 1940, pouco se pesquisou sobre a vida adulta e a velhice, considerando que até então esta foi a época de expansão e consolidação da psicologia da infância e da adolescência (Baltes, 1995).
Um possível motivo para o planejamento e a execução de um grande número de estudos empíricos acerca do envelhecimento, deve-se ao fato de que os pesquisadores não encontravam na psicologia do desenvolvimento uma resposta satisfatória para a realidade pessoal de envelhecimento, nem para a velhice como fato social, fenômeno sem precedentes na experiência da humanidade (Neri, 1995).
Ainda é enfatizado por esta autora que, por muito tempo, a velhice foi estudada apenas dentro da psicologia de desenvolvimento e com importância inferior ao estudo da psicologia infantil.
O envelhecimento era tratado como uma fase em que existem perdas, havendo perdas gradativas das capacidades tanto físicas quanto psíquicas.
Segundo Baltes (1995), a evolução do campo da psicologia do envelhecimento, no século XX, acarretou mudanças também na natureza da psicologia do desenvolvimento que, em vários países, especialmente nos EUA, era um campo sobreposto ao da psicologia infantil.
Basicamente, a rápida emergência da psicologia do envelhecimento foi uma consequência da confluência dessas duas correntes de interesses, originadas a partir da psicologia do desenvolvimento. Primeiro: houve uma curiosidade acerca da repercussão da infância sobre o desenvolvimento ulterior, ou seja, que consequências trariam, para a velhice, as experiências de desenvolvimento ocorridas na infância e na adolescência. Segundo: os psicólogos que trabalhavam com a vida adulta e a velhice passaram a estender o âmbito de seus conceitos e de seus estudos para a direção oposta do curso de vida (Baltes, 1995).
Erik Erikson um dos pioneiros nos estudos sobre o desenvolvimento humano, com a formulação da Teoria do Desenvolvimento durante toda a vida (1963,1964), explicitava que o desenvolvimento se processa ao longo da vida e que o sentido da identidade de uma pessoa se desenvolve através de uma série de estágios psicossociais durante toda a vida (Bee & Mitchell, 1984).
Esta teoria compõe-se de oito estágios, sendo o período da vida adulta (considerado após 41 anos) denominado de integridade do ego versus desespero, sendo que a integridade do ego é caracterizada por fatores intrínsecos à velhice como: dignidade, prudência, sabedoria prática e aceitação do modo de viver, e desespero seriam possivelmente medo da morte. Erikson, através destes estudos, contribuiu significativamente para a compreensão das transformações ocorridas na velhice, salientando-se que, até então, nenhum outro autor na psicologia havia dado ênfase ao estágio do desenvolvimento humano contemplando a vida adulta.
Como apontam Bee e Mitchell (1984), a teoria de Erikson colabora no sentido de oferecer sínteses sobre o desenvolvimento cognitivo e da personalidade, sobretudo na vida adulta. Após o desenvolvimento desta teoria, passaram-se décadas na psicologia sem a formulação de uma outra teoria do desenvolvimento da vida adulta.
Outra teoria, desenvolvida por Gould (1978), enfatiza os processos do desenvolvimento da velhice, seguindo uma abordagem similar a de Erikson, propondo também estágios de desenvolvimento. Estas teorias desencadearam, dentro da Psicologia do Desenvolvimento, relevância a este estágio do desenvolvimento humano, pois neste período já era despertado, em várias áreas do conhecimento, sobretudo Gerontologia, o interesse em conhecer melhor os fenômenos peculiares ao processo de envelhecimento e à velhice.
Denota-se, com os avanços dos estudos da Psicologia do Envelhecimento, a busca da velhice bem-sucedida, para isto alia-se a experiência de vida que os idosos possuem e os fatores da personalidade para que estes possam desenvolver mecanismos que contribuam para uma boa saúde física e mental, autonomia e envolvimento ativo com a vida pessoal, a família, os amigos, o ócio, o tempo livre e as relações interpessoais (Neri, 2004).
Na medida em que esta nova área da psicologia toma corpo, vão ocorrendo também mudanças nos enfoques do desenvolvimento humano, visto que este território foi ampliado, incluindo-se novos contextos da vida e novos fenômenos evolutivos. Áreas como a psicologia clínica, a psicologia organizacional e a psicologia do trabalho, também tiveram que se adaptar a essas mudanças e novas perspectivas.
Segundo Neri (1995), a psicologia do envelhecimento é hoje a área que se dedica à investigação das alterações comportamentais que acompanham o gradual declínio na funcionalidade dos vários domínios do comportamento psicológico, nos anos mais avançados da vida adulta (p.13).
Um dos desafios enfrentados pela psicologia do envelhecimento a priori foi conciliar os conceitos de desenvolvimento e envelhecimento, tradicionalmente tratados como antagônicos, tanto pelos cientistas, quanto pela sociedade civil e a família, tendo em vista que se considerava a velhice como um período sem desenvolvimento. Essa questão poderia ser amenizada com a ajuda da sociedade, se esta providenciasse uma maior focalização em torno da longevidade, da saúde física e da adequação do ambiente às peculiaridades da velhice.
Por fim, a velhice constitui um estudo recente no âmbito da Psicologia de um modo geral, e na Psicologia Social, em particular, no entanto, ao longo das últimas décadas têm crescido significativamente as pesquisas e intervenções junto a este grupo social, demonstrando a importância da compreensão deste objeto a partir da ótica biopsicossocial.
Bibliografia
Baltes, P. B. (1995). Prefácio. Em: Neri, A. L. (org)  Psicologia do Envelhecimento: uma área emergente. (pp.09-12). Campinas: Papirus.  
Chauí, M. (1994). Os trabalhos da Memória. Em: Bosi, E.  Memória e Sociedade: lembranças de velhos (pp. 17-36). São Paulo-SP: Companhia das Letras.
Peixoto, C. (1998). Entre o estigma e a compaixão e os termos classificatórios: velho velhote, idoso terceira idade. Em: Barros, M. L. de (org.), Velhice ou Terceira Idade?(p.15-17). Rio de Janeiro: Fundação Getúlio Vargas

sexta-feira, 10 de fevereiro de 2012


Da Razão à Emoção

1. Razão como fonte de inteligência
Pode-se perceber que ao longo da humanidade o homem tenta explicar os fatos. Prefere supor que o Universo seja infinito que reconhecer que não tem capacidade para delimitar seus limites. É, por exemplo, dizer que os grãos de areia sejam infinitos sabendo que eles estão limitados por um espaço físico. O homem tem explicação mesmo para o que não sabe! Parece ser esperto por demais!
Depois que a humanidade passou a valorizar a razão em detrimento da emoção, uma pessoa racional passou a ser sinônimo de uma pessoa inteligente. O próximo passo seria criar um mecanismo para medir a inteligência das pessoas.
No final do século XVIII, Franz Joseph Gall observou um relacionamento entre determinadas características de seus colegas de escola e os formatos de suas cabeças. Gall apegou-se à idéia quando se tornou um médico e cientista e, alguns anos depois, colocou-a dentro de uma disciplina chamada frenologia[1].
Para Gall, a idéia chave da frenologia é simples. Os crânios humanos diferem uns dos outros e suas variações no tamanho e na forma do cérebro. Diferentes áreas do cérebro, por sua vez, servem a funções distintas; e assim, examinando as configurações cranianas do indivíduo, um especialista seria capaz de identificar seus pontos fortes, as franquezas e as idiossincrasias de seu perfil mental.
De acordo com Gardner, o primeiro teste – de fato - sobre inteligência foi elaborado por Alfred Bianet, um psicólogo francês, nos primeiros anos do século XX. Bianet e seu colega Théodore Simin foram procurados pelo ministro da Educação da França para ajudar a prever quais as crianças que correriam o risco de fracassar na escola. Alguns anos depois, em 1912 o psicólogo alemão Wilhelm Stern propôs o nome e a medida do “Quociente de Inteligência”[2], ou a razão direta entre a idade mental e a idade cronológica do indivíduo, expressa através de um número multiplicado por cem.
Goleman relata que foi a contar de 1918, durante a Primeira Guerra Mundial que os testes de QI tiveram seus dias de glória. Dois milhões de americanos foram classificados por meio do primeiro formulário em massa do teste de QI, recém-criado por Lewis Terman, um psicólogo de Stanford.
O tipo alto QI puro é quase a caricatura de um intelectual, capaz do domínio da mente, mas inepto no mundo pessoal ... com algumas diferenças entre os sexos:
O homem de alto QI puro é ambicioso e produtivo, previsível e obstinado, e condescendente, fastidioso e inibido, pouco à vontade com a sexualidade ..., inexpressivo e desligado, e emocionalmente frio.
As mulheres de alto QI puro têm a esperada confiança intelectual, são fluentes no expressar suas idéias, ... e tem uma gama de interesses intelectuais e estéticos. Também tendem a ser introspectivas, inclinadas a ansiedade, à ruminação e à culpa, e hesitam em exprimir sua raiva abertamente (embora o façam de maneira indireta).
Para Goleman as mulheres são mais empáticas. Freqüentemente, mas não invariavelmente.
2. A decadência dos testes de QI
Dentro da comunidade científica, o entusiasmo sobre a testagem de inteligência foi tão pronunciado e mais prolongado do que o entusiasmo em relação a frenologia. A maioria dos estudiosos de psicologia e quase todos os estudiosos fora da área estão agora convencidos que o entusiasmo em relação aos testes de inteligência foi excessivo.
Conforme Gardner testes de inteligência são elaborados principalmente para aferir a memória verbal, o raciocínio verbal, o raciocínio numérico, a apreciação de seqüências lógicas e a capacidade de resolver problemas do cotidiano.
Goleman relata que fomos longe demais na enfatização do valor e importância do puramente racional – do que mede o QI – na vida humana. Para Goleman o QI pouco oferece para explicar os diferentes destinos de pessoas com mais ou menos iguais promessas, oportunidades e escolaridades. Quando se acompanhou noventa e cinco universitários de Harvard, na década de 40, os alunos com melhores notas não se mostraram bem-sucedidos, em comparação aos colegas de menores notas, em termos de salário, produtividade ou status; nem tinham maior satisfação na vida e tampouco eram mais felizes. Para o autor a pesquisa foi parte de um primeiro questionamento à mística do QI – uma noção falsa, embora amplamente aceita, que considera o intelecto como único fator para o sucesso.
De acordo com Zohar e Marshal, seres humanos são muito competentes nesse tipo de pensamento, superando nisso todos os animais inferiores. Mas os computadores são ainda melhores!
Ainda segundo Zohar e Marshal as vantagens do pensamento em série e da inteligência intelectual estão no fato de serem exatos. Mas se a ciência newtoniana é linear e determinista, o processo de pensamento em série fracassa se alguém muda a posição das balizas no jogo. A situação é igual a de um computador solicitado a realizar uma tarefa não prevista no programa. O modelo simplista de “pensamento” como algo linear, lógico e neutro não está errado – apenas não conta toda a história.
Para Gardner há inúmeras limitações nos testes de QI:
Nos instrumentos e no uso, as tarefas são definitivamente inclinadas em favor de sociedades com educação escolar. Algumas culturas sequer possuem um conceito chamado inteligência, e outras a definem em termos de características que os ocidentais podem considerar esquisitas – obediência, capacidade de ouvir ou moral, por exemplo.
As suposições culturais embutidas em alguns itens são gritantes ... apesar dos psicometristas se esforçarem para eliminar as perguntas visivelmente preconceituosas;
Não há nenhuma visão de processo, de como se procede para resolver um problema; há simplesmente a questão de a pessoa chegar a uma resposta correta;
A maioria dos testes de inteligência são exercícios com papel e lápis que se baseia pesadamente em capacidades lingüísticas e lógico-matemáticas. A abordagem psicométrica restringia-se (e ainda se restringe) às faculdades acessíveis através de perguntas orais curtas ou de instrumentos escritos. Segundo o autor, os psicometristas são na maioria conservadores: eles são fieis a seus testes, mas deve haver mais inteligência do que respostas curtas para perguntas curtas;
Os testes de inteligência nem sempre testam o que alegam testar. A ênfase em métodos de papel e lápis, com freqüência exclui o teste adequado para determinadas capacidades, especialmente as que envolvem a manipulação ativa do meio ou interação com outros indivíduos;
Os testes de inteligência raramente avaliam a capacidade de assimilar novas informações ou resolver novos problemas ... Dois indivíduos podem receber o mesmo escore nos testes de QI; e ainda assim, um pode tornar-se capaz de realizar um tremendo progresso em pouco tempo enquanto o outro pode estar exibindo o próprio ápise dos seus poderes intelectuais.
Mais do que muitos outros críticos dos testes de QI, Sternberg notou que formas de “inteligência prática” são muito importantes para o sucesso em nossa sociedade, mas quase nunca são ensinadas ou testadas. A partir daí, o autor procurou aferir as novas formas de inteligência, e achou que a habilidade das pessoas para lidar com informações novas ou para se adaptar a contextos diversos, pode ser diferenciada pelo seu êxito de problemas do tipo teste de QI padrão.
Os resultados dos testes de QI são correlacionados com o êxito que as pessoas alcançaram em suas carreiras, a estimativa mais alta de quanto isso se deve ao QI é de cerca de 25%. Entretanto, uma análise mais cuidadosa indica que a cifra fica em apenas 4%. Isso significa que o QI, na melhor das hipóteses, deixa de explicar 75% do êxito e, na pior, 96%. Em outras palavras, o índice não determina quem terá sucesso ou fracasso.
Hoje, há muita briga na Justiça questionando o uso do QI como base para eliminar um candidato no processo de seleção ou na tomada de decisões importantes.
3. A proposta da Inteligência Múltipla
A nova maneira de se pensar a inteligência foi afetada, sobretudo pelas perspectivas de estudiosos que não são psicólogos. Por exemplo, antropólogos, neurocientistas e alguns cientistas da informática conservam uma visão genérica de inteligência. Percebi claramente que os psicólogos não são mais donos do termo inteligência, e que o significado de ser inteligente é hoje uma questão filosófica profunda, uma questão que exige base em biologia, física e matemática.
De acordo com Gardner, os puristas – de Charles Spearman até Herrnstein e Murray – defendem a noção de uma “inteligência geral” - fator g - e única. Os pluralistas - de L.L. Thurstone e J.P. Guilford – explicam a inteligência como tendo muitos elementos dissociáveis.
Thurstone acredita na existência de um pequeno grupo de faculdades mentais relativamente independente entre si, cada qual responsável por uma determinada aptidão e medidas por tarefas diferentes. A visão do cérebro e da mente humanos que agora é chamada de modularidade.
Para Gardner houve, evidentemente, muitos esforços para nomear e detalhar as inteligências essenciais, variando da lista do psicólogo Larry Gross dos cinco modos de comunicação – lexical, social-gestual, icônico, lógico-matemático e musical – à lista do filósofo Paul Hirst de sete formas de conhecimento – matemática, ciências físicas, entendimento interpessoal, religião, literatura, artes, moral e filosofia. Para o autor outros estudiosos menos citados postulam um número bastante maior de fatores independentes – uma lista de trinta e sete é uma das mais longas.
O autor desafia a crença difundida – de que a inteligência é uma faculdade única e que ou a pessoa é “inteligente ou burra” - ao afirmar que certas faculdades eram relativamente independentes entre si. Segundo Gardner o interesse do fator g vem principalmente daqueles que sondam a inteligência acadêmica e que estudam a correlação entre os resultados dos testes; enquanto que seu interesse está centrado naquelas inteligências ou processos intelectuais que não incluem o fator g.
Gardner propôs a existência de sete inteligências humanas distintas:
1. Lingüística: envolve a língua falada e escrita, a habilidade de aprender línguas e a capacidade de usar a língua para atingir certos objetivos. Os advogados, locutores, escritores e os poetas estão entre as pessoas de inteligência lingüística elevada;
2. Lógico-matemática: envolve a capacidade de analisar problemas, de realizar operações matemáticas e investigar questões cientificamente. Os matemáticos e cientistas se destacam neste tipo de inteligência;
3. Musical: acarreta habilidade na apreciação e na composição de padrões musicais. Compositores e cantores se sobressaem nesta;
4. Físico-cinestésica: acarreta o potencial de usar o corpo. Obviamente dançarinos, atores e atletas põem em primeiro plano este tipo de inteligência; mas também é importante para artesões, cirurgiões, cientistas, mecânicos, entre outros;
5. Espacial: tem o potencial de reconhecer e manipular os padrões do espaço. Usados por navegadores e pilotos, bem como escultores, cirurgiões, artistas gráficos ou arquitetos;
6. Interpessoal: capacidade de entender as interações, motivações e os desejos do próximo e, conseqüentemente, de trabalhar de modo eficiente com terceiros. Vendedores, professores, clínicos, líderes religiosos, políticos e atores precisam ter uma inteligência interpessoal aguda;
7. Intrapessoal: envolve a capacidade de a pessoa se conhecer – incluindo aí os próprios desejos, medos e capacidades.
Em seu livro “Inteligência: um conceito reformulado” o autor ainda relata mais três “novas” possíveis inteligências:
1. Naturalista: demonstra grande experiência no reconhecimento e na classificação de numerosas espécies – fauna e flora – de seu meio ambiente. A palavra naturalista é aplicada às pessoas de vasto conhecimento sobre o mundo vivo;
2. Espiritual: dom para a religião, o misticismo ou o transcendental. Refletem nossos esforços para entender as questões, os mistérios e os significados mais importantes da vida: quem somos? De onde viemos? Qual é o sentido da vida ... da morte? Por exemplo, podemos citar grandes líderes religiosos – como Buda, Cristo e Confúcio.
De acordo com Zohar e Marshall, o primeiro a pesquisar sobre a inteligência espiritual foi o neuropsicólogo Michael Persinger, em princípios da década de 1990 e, mais recentemente, em 1997, pelo neurologista Vilayanu Ramachandran na Universidade da Califórnia. Em escaneamentos realizados com topografia de emissão de pósitrons, certas áreas se iluminavam todas as vezes que os pacientes da pesquisa participavam de discussão de tópicos espirituais ou religiosos.
3. Existencial: Gardner decidiu não acrescentar à lista uma inteligência existencialista e considerá-la uma versão da inteligência espiritual.
O autor relata ainda que não faz nenhuma objeção que se fale em oito ou nove talentos ou habilidades, mas não aceita quando um analista chama algumas habilidades (como a linguagem) de inteligência e outras (como música) de “simples” talento.
4. A Inteligência emocional
De acordo com Goleman por muitas décadas falou-se vagamente sobre estas habilidades, que eram chamadas de temperamento e personalidade ou habilidades interpessoais (habilidades ligadas ao relacionamento entre pessoas, como a empatia, liderança, otimismo, capacidade de trabalho em equipe e de negociação entre outras), ou ainda competência. Atualmente ganhou um novo nome: Inteligência emocional – IE.
Para Miranda a obra do psicólogo Daniel Goleman, Inteligência Emocional, publicada pela primeira vez em outubro de 1995 nos Estados Unidos, abriu espaço para uma seqüência de trabalhos sobre este novo conceito.
Goleman refere-se a inteligência emocional como a capacidade de identificar nossos próprios sentimentos e os dos outros, de motivar a nós mesmos e de gerenciar bem as emoções dentro de nós e em nossos relacionamentos.
Porém, para o autor, Inteligência Emocional não significa:
- Simplesmente ser simpático. Aliás, momentos estratégicos podem exigir confrontar alguém com uma verdade desconfortável;
- Liberar sentimentos. Significa administrar sentimentos de forma a expressá-los apropriadamente.
Thorndike relata que a inteligência social é ao mesmo tempo diferente das aptidões acadêmicas e parte chave do que fazem as pessoas se saírem bem nos aspectos práticos da vida.
De acordo com Gardner, a inteligência pessoal pode ser dividida em interpessoal e intrapessoal:
- interpessoal: é a capacidade de compreender outras pessoas;
- intrapessoal: é uma aptidão correlata, voltada para dentro. É a capacidade de formar um modelo preciso, verídico, de si mesmo, e poder usá-lo para agir eficazmente na vida.
Segundo Salovey, a inteligência pessoal ou emocional pode ser definida a partir de Gardner, expandindo essas aptidões em cinco domínios principais: conhecer as próprias emoções (auto-percepção), lidar com emoções (auto-regulamentação), motivar-se, reconhecer emoções nos outros (empatia) e lidar com relacionamentos (habilidades sociais).
Para Cooper e Sawaf, inteligência emocional é a capacidade de sentir, entender e aplicar eficazmente o poder e a perspicácia das emoções como uma fonte de energia, informação conexão e influencia humana.
De acordo com Gardner não existe nenhum teste para aferir as inteligências múltiplas. Conforme o autor, a IM representa uma crítica a abordagem psicométrica padrão. Assim uma bateria de testes não é coerente com os princípios da teoria. Para Gardner a inteligência é importante demais para ser deixada nas mãos daqueles que a testam.
Cooper e Sawaf relatam que o EQ Map é o primeiro método de mensuração extensamente pesquisado, nacionalmente testado e estatisticamente confiável que o capacita a começar a mapear suas potencialidades e vulnerabilidade relativa através de um amplo espectro de características relacionadas à inteligência emocional.
Para Goleman, nosso nível de Inteligência Emocional – IE - não está fixado geneticamente nem se desenvolve apenas no começo da infância. Ao contrário do QI, que pouco se modifica depois dos nossos anos de adolescência.
Conforme Jacobs e Chen in Goleman, pesquisas indicam que os melhores profissionais tinham um maior grau de capacidades cognitivas em 27% dos casos e maior grau de competências emocionais em 53% dos casos. Em outras palavras, as competências emocionais tinham o dobro da importância no intelecto.
Spencer Jr. in Goleman demonstrou resultado de sua pesquisa em 286 organizações, e concluiu que das 21 competências identificadas, apenas três não estavam fundamentadas na inteligência emocional.
Segundo Goleman nos campos profissionais técnicos, o limiar para o ingresso é, normalmente, um QI de 110 a 120. O resultado é uma pequena variação entre os níveis de inteligência. Como o QE não é tão usado, é muito grande a diferença entre as escalas de inteligência emocional, oferecendo, assim, uma grade vantagem competitiva.
E você, se fosse gerente de RH de alguma empresa quem contrataria? Um candidato extraordinário nas provas de conhecimento, mas com dificuldades de relacionamento, ou outro, não tão bom tecnicamente, mas com excelente relacionamento interpessoal? A resposta parece fácil. E essa é uma tendência que os administradores não podem mais ignorar ... e a grande vantagem, de acordo com Goleman, é que a inteligência emocional, em grande parte, pode ser aprendida!
BIBLIOGRAFIA:
COOPER, Robert & SAWAF, Ayman. Inteligência Emocional na empresa. Tradução por Ricardo Inojosa e Sonia T. Mendes Costa. 4ª. ed. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 380 p. Tradução de: Emotional Intelligence apub bussines.
GARDNER, Howard. Estrutura da Mente: A Teoria das Inteligências Múltiplas. Tradução por Sandra Costa. Porto Alegre: Artes Médicas Sul, 1994. 340 p. Tradução de: Iframes of Mind: The Theory of Multiple Intelligence.
__________. Inteligência: Um Conceito Reformulado. Tradução por Adalgisa Campos da Silva. 1. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. 348 p. Tradução de: Intelligence Reframed.
GOLEMAN, Daniel. Inteligência emocional. Tradução por Marcos Santarrita. 8. ed. Rio de Janeiro: Objetiva, 1995. 375 p. Tradução de: Emotional Intelligence.
__________. Trabalhando com a Inteligência Emocional. Tradução por M. H. C. Côrtes. Rio de Janeiro: Objetiva, 1999. 414 p. Tradução de: Working with Emotional Intelligence. HMLJ.Manual da Garantia da Qualidade. 2001Rio de Janeiro, 2002. 15 p.
MIRANDA, Roberto Lira. Inteligência Total na Empresa. Rio de Janeiro: Campus, 1998. 226 p.
__________, Roberto Lira. Além da Inteligência Emocional. Rio de Janeiro: Campus, 1997. 217p.
Kaquinda Dias


[1] Frenologia (do Grego: φρήν, phrēn, "mente"; e λόγος, logos, "lógica ou estudo") é uma teoria que reivindica ser capaz de determinar o caráter, características da personalidade, e grau de criminalidade pela forma da cabeça (lendo "caroços ou protuberâncias"). Desenvolvido por médico alemão Franz Joseph Gall por volta de 1800, e muito popular no século XIX, está agora desacreditada e classificada como uma pseudociência. A Frenologia contudo recebeu crédito como uma protociência por contribuir com a ciência médica com as ideias de que o cérebro é o órgão da mente e áreas específicas do cérebro estão relacionadas com determinadas funções do cérebro humano.

[2] Quociente de inteligência (abreviado para QI, de uso geral) é uma medida obtida por meio de testes desenvolvidos para avaliar as capacidades cognitivas (inteligência) de um sujeito, em comparação ao seu grupo etário. A medida do QI é normalizada para que o seu valor médio seja de 100 e que tenha um determinado desvio-padrão, como 15.