Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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domingo, 23 de fevereiro de 2014

NADA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nada é um conceito normalmente usado para descrever a ausência de qualquer coisa.
Filosofia - Ao pensar-se no “nada”, associamos à nossa mente a ausência de qualquer coisa que seja, o vazio absoluto. O nada foi pensado como conceito pelos filósofos que questionavam inclusive se "o nada existe?". Ao definir o nada como a ausência de qualquer coisa, então do próprio existir, Kant apresentou a existência do nada como um "pseudoproblema", uma falsa questão. Sartre vai tratar o nada em oposição ao ser, que é o existir de algo[1]. Heidegger, cujo pensamento foi influenciado pelos místicos[2], trata em sua aula inaugural, "Que é Metafísica?", que a pergunta fundamental da metafísica é "por que existe o ser e não o nada?" (ou "por que existe afinal ente e não antes nada?")[3] , e esta pergunta, pelo cosmólogo brasileiro Mário Novello, também é a pergunta fundamental da cosmologia[4] , quando tenta tratar como surgiu o universo, que seria o maior objeto que a ciência pode tratar.
Física – Fisicamente é preciso distinguir três coisas: o vácuo, o vazio e o nada. O vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria, nem sólida, nemlíquida, nem gasosa, nem plasma, nem mesmo a matéria escura. Mas pode conter (isto é se o conceito de conter, puder ser aplicado aqui) campos:campo elétrico, campo pseudo-magnético, campo gravitacional, luz, ondas de rádio, raios X, ou outros tipos de radiação bem como outros campos e a denominada energia escura. Pode também estar sendo atravessado pelas partículas não materiais mediadoras das interações. O vácuo possui energia e suas flutuações quânticas podem dar origem à produção de pares de partícula e anti-partícula.
O vazio seria um espaço em que não houvesse sequer matéria, campos (não gravitacionais) ou radiação. Mas no vazio haveria ainda o espaço, isto é, a capacidade de caber algo, ainda que não houvesse nenhum objeto para preenchê-lo. Todo o espaço, mesmo que não contenha matéria, é preenchido por campo gravitacional.
No nada não existe nem o espaço, isto é, não há coisa alguma nem um lugar vazio para caber algo. O conceito de nada inclui também a inexistência das leis físicas que alguma coisa existente obedeceria, dentre elas a conservação da energia, o aumento da entropia e a própria passagem do tempo. Sendo o espaço o conjunto dos lugares, isto é, das possibilidades de localização, sua inexistência implica na impossibilidade de conter qualquer coisa. Isto é, não se pode estar no nada. O nada é, pois, um não-lugar.
Por definição, quando se fala de existência se fala da existência de algo. O nada não é coisa alguma, logo não existe. O nada é um signo, uma representação linguística do que se pensa ser a ausência de tudo. O que existe são representações mentais do nada. Como uma definição ou um conceito é uma afirmação sobre o que uma coisa é, o nada não é positivamente definido, mas apenas representado, fazendo-se a relação entre seusímbolo (a palavra "nada") e a idéia que se tem da não-existência de coisa alguma. O "nada" não existe, mas é concebido por operações de mente. Esta é a concepção de Bergson, oposta à de Hegel, modernamente reabilitada por Heidegger e Sartre, de que o nada seria uma entidade de existência real, em oposição ao ser.
Cosmologia moderna – Dentro de determinadas teorizações em Cosmologia, como de acordo com o modelo padrão da cosmologia (o Big bang), o Universo surgiu de umasingularidade primordial que, no instante zero, iniciou sua expansão, gerando tudo o que existe, inclusive o tempo e o espaço. Nesta singularidadeestava todo o conteúdo de matéria-energia que existe. Antes, porém, não havia coisa alguma, nem vácuo, nem energia, nem leis físicas, nem espaço vazio para se ter alguma coisa nem mesmo o tempo decorria. Seria o nada.
Porém, existem determinadas teorizações que afirmam que o Big Bang não produziu o universo a partir do nada e sim a partir de um estado anterior que pode inclusive ser a contração de um universo anterior. A estes modelos cosmológicos, chamam-se modelos cíclicos, genericamente. Entre os diversos existentes, destacam-se o modelo cíclico e suas diversas variações, o modelo de Big Bounce (grande "rebote") e o modelo universo oscilante. Nestes modelos, sem exceção, o que seja o Big Bang é apenas um ponto inicial de onde o universo iniciou sua expansão, estando ali em alta densidade etemperatura, até chegar a sua atual apresentação no presente. Nestes modelos, sem exceção, o universo seria eterno (e até, com definições mais complexas do que seja esta eternidade) e sempre existiu, jamais se originando do nada. Em outras palavras, sempre teria existido algo.
Todavia, existe uma evidência matemática criada por Audrey Mithani e Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts em Massachusetts, EUA, que se utiliza da mecânica quântica para demonstrar que o universo tem que ter tido um começo. Uma demonstração mais simples seria a seguinte: imagina-se, por exemplo, um átomo de silício que faz parte do vidro do monitor de um computador. Para que o ser que compõe este átomo esteja ai, ele teve que participar de uma série de fenômenos até chegar onde está. Obviamente, esses fenômenos ocorreram num período de tempo, que pode-se chamar de X. Admitindo que o ser que compõe este átomo teve um início, X é um número que, por maior que seja, é limitado, possibilitando que esse tempo X se esgote. Quando o tempo necessário para que o átomo esteja no monitor se esgotar, o átomo estará no monitor. Porém, se X for igual a infinito, (condição para que o universo seja sem começo), esse período de tempo nunca se esgotará, e o átomo nunca estaria fazendo parte do monitor.
Aplicando o mesmo princípio para o atual estado do universo, sabe-se que se ele não tiver um início, podemos traçar trajetórias infinitas para o ser (ou os seres) que compõe o universo, até que as coisas alcancem seu estado atual. Mas uma trajetória infinita nunca pode ser percorrida por completo, o que impossibilita a existência das coisas no tempo presente ou em qualquer outro tempo determinado.
Gramática – Em gramática, pode ser tanto para descrever a falta de argumentos como para descrever algo que não se encaixou no pretendido. Exemplos:
- Ele não disse nada. - Neste caso, ele não disse nenhuma palavra.
- Ele não disse nada do que eu pedi. - Neste caso ele disse algo, mas nada que se encaixou no pretendido.
Matemática – Matematicamente o conceito de nada é equivalente ao de "conjunto vazio", que é o conjunto que não possui elementos, mas é um elemento do conjunto dos subconjuntos de um conjunto (chamado de conjunto das partes). Assim este "nada" matemático, seria sempre um dos elementos de qualquer conjunto. Esta concepção, aplicada à física, todavia, não possui base fenomenológica sustentável, pois a física não é a matemática em si, embora se possa tratar as coisas físicas por modelos matemáticos, ou modelos físico-matemáticos, construindo-se física.
Deve-se destacar que um ponto, da geometria, que não possui dimensão, também não pode ser associado ao conceito de "nada" diretamente, pois sendo um ponto, não pode ser o nada plenamente definido na Filosofia.

Por  Kaquinda (Pasárgada)
[1] Sartre, Jean-Paul; O Ser E O Nada - Ensaio De Ontologia Fenomenologica; Editora Vozes; 13ª Edição - 2005; ISBN 8532617620
[2] Caputo, John D. (1986), The Mystical Element in Heidegger's Thought. Fordham University Press, New York.
[3] Martin Heidegger; QUE É METAFÍSICA?; 1929 - www.cfh.ufsc.br
[4] MARIO NOVELLO; O que é cosmologia?: A revolução do pensamento cosmológico; Jorge Zahar Editor; Rio de Janeiro; 2006 ISBN 8571109125

sexta-feira, 21 de fevereiro de 2014

EVANGELII GAUDIUM - Leitura de um sociólogo

(De uma entrevista concedida à Zenit)

Roma, (Zenit.org)


É o mais longo documento (220 páginas) de toda a história das encíclicas papais e das exortações apostólicas. Por que, com a exortação Evangelii gaudium, o papa que nos habituou à brevidade quis escrever uma enciclopédia?
Fizemos esta pergunta a Massimo Introvigne, sociólogo italiano autor de O Segredo do Papa Francisco (Milão, 2013) e pai da teoria do "efeito Francesco", segundo a qual o papa já trouxe de volta à Igreja fiéis que estavam afastados. “Um aviso”, adverte Introvigne: “um texto tão grande se presta a muitas leituras parciais”.
“Haverá quem insista nesse convite a partir da misericórdia de Deus, mais do que dos preceitos morais, e em fazer uma reflexão cuidadosa quando se trata de negar a comunhão a determinadas categorias de pessoas, já que a Igreja não é uma alfândega e não tem que bloquear a entrada de ninguém. Por outro lado, também haverá quem dê mais destaque para a forte denúncia do relativismo, incluindo o de católicos que escondem a sua identidade cristã, ou para a proteção da família, para a condenação realmente dura do aborto, com uma declaração tão clara quanto a que nega às mulheres o sacerdócio; para a doutrina da Igreja que não muda e não pode mudar".
"Mas qualquer leitura parcial, que tente extrair só algumas frases do documento, é errada. O texto tem a sua própria arquitetura específica, que deve ser seguida. Ele é composto de cinco partes, através das quais: 1º, descobrimos que o cristianismo ou é missionário ou não é cristianismo; 2º, encaramos os obstáculos à missão, dentro e fora da Igreja; 3º, estudamos os modos da nova evangelização; 4º, examinamos as suas consequências, que não são opcionais, em termos de doutrina social, e, 5º, somos reconvocados à dimensão espiritual, que é a alma de todo apostolado".
"De cada um dos cinco capítulos”, diz o sociólogo, “podemos extrair uma ideia forte. Do primeiro, que evangelizar os outros não é opcional. Um cristão que fica em casa e não evangeliza não é cristão. Do segundo, o grande retorno da denúncia contra o relativismo, já bem denunciado por Bento XVI, como o primeiro obstáculo para a evangelização e como difusor de uma enorme superficialidade no campo moral. O relativismo, diz o texto, faz mal tanto à sociedade quanto à Igreja, envolvendo sacerdotes e religiosos com a ‘mundanidade espiritual’ e com o desejo dos aplausos do mundo. Do terceiro capítulo, a longa análise da crise da homilia dominical nas nossas igrejas, com os epítetos duríssimos (‘falso profeta’, ‘charlatão’) que o papa dedica ao sacerdote que não prepara bem o sermão, que não anuncia a verdade da Igreja e sim a sua própria, ou que se limita a imitar os programas de televisão. Do quarto capítulo, dedicado à doutrina social, uma defesa da política como vocação altíssima contra um populismo irresponsável, meramente demagógico e que não resolve os verdadeiros e terríveis problemas dos pobres cada vez mais pobres. Do quinto, sobre as raízes espirituais, o aceno místico ao fato de que, se o nosso trabalho missionário não dá fruto, talvez Deus o use para reservar bênçãos a outro lugar do mundo aonde nunca iremos e que sequer conhecemos".
“Vamos olhar para o título: ele fala de evangelização e de alegria. O papa repete: todos devem evangelizar. Com este documento, que é verdadeiramente histórico, a Igreja passa para uma etapa que, em inglês, é chamada de evangelical, na qual não se foca na administração dos fiéis que vão à missa, mas na capacidade de buscar e de converter aqueles que não vão à igreja. Não é por acaso que as comunidades protestantes evangélicas crescem, enquanto as mais tradicionais correm o risco de desaparecer. E a alegria. Uma Igreja focada no Evangelho é cheia de alegria e transmite alegria, beleza; é um lembrete importante para evangelizar através da arte, outro dos grandes temas de Bento XVI, e do amor. No texto há uma frase belíssima, dirigida ao mundo moderno: ‘a nossa tristeza infinita só pode ser curada por um amor infinito’.

(Tirado da Zenit)
EVANGELII GAUDIUM - Leitura de um sociólogo

(Font: Zenit)

Roma, (Zenit.org) Redacao |

É o mais longo documento (220 páginas) de toda a história das encíclicas papais e das exortações apostólicas. Por que, com a exortação Evangelii gaudium, o papa que nos habituou à brevidade quis escrever uma enciclopédia?
Fizemos esta pergunta a Massimo Introvigne, sociólogo italiano autor de O Segredo do Papa Francisco (Milão, 2013) e pai da teoria do "efeito Francesco", segundo a qual o papa já trouxe de volta à Igreja fiéis que estavam afastados. “Um aviso”, adverte Introvigne: “um texto tão grande se presta a muitas leituras parciais”.
“Haverá quem insista nesse convite a partir da misericórdia de Deus, mais do que dos preceitos morais, e em fazer uma reflexão cuidadosa quando se trata de negar a comunhão a determinadas categorias de pessoas, já que a Igreja não é uma alfândega e não tem que bloquear a entrada de ninguém. Por outro lado, também haverá quem dê mais destaque para a forte denúncia do relativismo, incluindo o de católicos que escondem a sua identidade cristã, ou para a proteção da família, para a condenação realmente dura do aborto, com uma declaração tão clara quanto a que nega às mulheres o sacerdócio; para a doutrina da Igreja que não muda e não pode mudar".
"Mas qualquer leitura parcial, que tente extrair só algumas frases do documento, é errada. O texto tem a sua própria arquitetura específica, que deve ser seguida. Ele é composto de cinco partes, através das quais: 1º, descobrimos que o cristianismo ou é missionário ou não é cristianismo; 2º, encaramos os obstáculos à missão, dentro e fora da Igreja; 3º, estudamos os modos da nova evangelização; 4º, examinamos as suas consequências, que não são opcionais, em termos de doutrina social, e, 5º, somos reconvocados à dimensão espiritual, que é a alma de todo apostolado".
"De cada um dos cinco capítulos”, diz o sociólogo, “podemos extrair uma ideia forte. Do primeiro, que evangelizar os outros não é opcional. Um cristão que fica em casa e não evangeliza não é cristão. Do segundo, o grande retorno da denúncia contra o relativismo, já bem denunciado por Bento XVI, como o primeiro obstáculo para a evangelização e como difusor de uma enorme superficialidade no campo moral. O relativismo, diz o texto, faz mal tanto à sociedade quanto à Igreja, envolvendo sacerdotes e religiosos com a ‘mundanidade espiritual’ e com o desejo dos aplausos do mundo. Do terceiro capítulo, a longa análise da crise da homilia dominical nas nossas igrejas, com os epítetos duríssimos (‘falso profeta’, ‘charlatão’) que o papa dedica ao sacerdote que não prepara bem o sermão, que não anuncia a verdade da Igreja e sim a sua própria, ou que se limita a imitar os programas de televisão. Do quarto capítulo, dedicado à doutrina social, uma defesa da política como vocação altíssima contra um populismo irresponsável, meramente demagógico e que não resolve os verdadeiros e terríveis problemas dos pobres cada vez mais pobres. Do quinto, sobre as raízes espirituais, o aceno místico ao fato de que, se o nosso trabalho missionário não dá fruto, talvez Deus o use para reservar bênçãos a outro lugar do mundo aonde nunca iremos e que sequer conhecemos".
“Vamos olhar para o título: ele fala de evangelização e de alegria. O papa repete: todos devem evangelizar. Com este documento, que é verdadeiramente histórico, a Igreja passa para uma etapa que, em inglês, é chamada de evangelical, na qual não se foca na administração dos fiéis que vão à missa, mas na capacidade de buscar e de converter aqueles que não vão à igreja. Não é por acaso que as comunidades protestantes evangélicas crescem, enquanto as mais tradicionais correm o risco de desaparecer. E a alegria. Uma Igreja focada no Evangelho é cheia de alegria e transmite alegria, beleza; é um lembrete importante para evangelizar através da arte, outro dos grandes temas de Bento XVI, e do amor. No texto há uma frase belíssima, dirigida ao mundo moderno: ‘a nossa tristeza infinita só pode ser curada por um amor infinito’".


EVANGELII GAUDIUM - Leitura de um sociólogo

(Font: Zenit)

Roma, (Zenit.org) Redacao |

É o mais longo documento (220 páginas) de toda a história das encíclicas papais e das exortações apostólicas. Por que, com a exortação Evangelii gaudium, o papa que nos habituou à brevidade quis escrever uma enciclopédia?
Fizemos esta pergunta a Massimo Introvigne, sociólogo italiano autor de O Segredo do Papa Francisco (Milão, 2013) e pai da teoria do "efeito Francesco", segundo a qual o papa já trouxe de volta à Igreja fiéis que estavam afastados. “Um aviso”, adverte Introvigne: “um texto tão grande se presta a muitas leituras parciais”.
“Haverá quem insista nesse convite a partir da misericórdia de Deus, mais do que dos preceitos morais, e em fazer uma reflexão cuidadosa quando se trata de negar a comunhão a determinadas categorias de pessoas, já que a Igreja não é uma alfândega e não tem que bloquear a entrada de ninguém. Por outro lado, também haverá quem dê mais destaque para a forte denúncia do relativismo, incluindo o de católicos que escondem a sua identidade cristã, ou para a proteção da família, para a condenação realmente dura do aborto, com uma declaração tão clara quanto a que nega às mulheres o sacerdócio; para a doutrina da Igreja que não muda e não pode mudar".
"Mas qualquer leitura parcial, que tente extrair só algumas frases do documento, é errada. O texto tem a sua própria arquitetura específica, que deve ser seguida. Ele é composto de cinco partes, através das quais: 1º, descobrimos que o cristianismo ou é missionário ou não é cristianismo; 2º, encaramos os obstáculos à missão, dentro e fora da Igreja; 3º, estudamos os modos da nova evangelização; 4º, examinamos as suas consequências, que não são opcionais, em termos de doutrina social, e, 5º, somos reconvocados à dimensão espiritual, que é a alma de todo apostolado".
"De cada um dos cinco capítulos”, diz o sociólogo, “podemos extrair uma ideia forte. Do primeiro, que evangelizar os outros não é opcional. Um cristão que fica em casa e não evangeliza não é cristão. Do segundo, o grande retorno da denúncia contra o relativismo, já bem denunciado por Bento XVI, como o primeiro obstáculo para a evangelização e como difusor de uma enorme superficialidade no campo moral. O relativismo, diz o texto, faz mal tanto à sociedade quanto à Igreja, envolvendo sacerdotes e religiosos com a ‘mundanidade espiritual’ e com o desejo dos aplausos do mundo. Do terceiro capítulo, a longa análise da crise da homilia dominical nas nossas igrejas, com os epítetos duríssimos (‘falso profeta’, ‘charlatão’) que o papa dedica ao sacerdote que não prepara bem o sermão, que não anuncia a verdade da Igreja e sim a sua própria, ou que se limita a imitar os programas de televisão. Do quarto capítulo, dedicado à doutrina social, uma defesa da política como vocação altíssima contra um populismo irresponsável, meramente demagógico e que não resolve os verdadeiros e terríveis problemas dos pobres cada vez mais pobres. Do quinto, sobre as raízes espirituais, o aceno místico ao fato de que, se o nosso trabalho missionário não dá fruto, talvez Deus o use para reservar bênçãos a outro lugar do mundo aonde nunca iremos e que sequer conhecemos".
“Vamos olhar para o título: ele fala de evangelização e de alegria. O papa repete: todos devem evangelizar. Com este documento, que é verdadeiramente histórico, a Igreja passa para uma etapa que, em inglês, é chamada de evangelical, na qual não se foca na administração dos fiéis que vão à missa, mas na capacidade de buscar e de converter aqueles que não vão à igreja. Não é por acaso que as comunidades protestantes evangélicas crescem, enquanto as mais tradicionais correm o risco de desaparecer. E a alegria. Uma Igreja focada no Evangelho é cheia de alegria e transmite alegria, beleza; é um lembrete importante para evangelizar através da arte, outro dos grandes temas de Bento XVI, e do amor. No texto há uma frase belíssima, dirigida ao mundo moderno: ‘a nossa tristeza infinita só pode ser curada por um amor infinito’