1 – O SENTIDO DE
PERTENÇA
(Act.
4,32-37)
Na Vida religiosa
a palavra "pertença" não deve ser usada com o significado corriqueiro
do verbo "pertencer". Para nós, pertença não é apenas o ser parte, é mais.
É principalmente fazer parte activa.
Está relacionada a uma ideia de enraizamento, de integração e interacção plenas,
em que o indivíduo constrói e é construído, em que se sente "vento" e
"vela", em que planeia e também se vê parte de um projecto, em que modifica
e é modificado. A Religiosa pode ser numa ocasião, o agente que dá força, dá ânimo,
auxilia, suporta outra Irmã e, em outra ocasião, é ela própria que, necessitando
do mesmo tratamento, o recebe de suas Irmãs. Assim, às vezes é “vento’, outras vezes
é “vela”.
As que estão
repletas do "espírito de pertença" comungam do mesmo propósito, seguindo
o exemplo das primeiras comunidades cristãs: “A multidão (...) era um só coração
e uma só alma...” (At 4,32).
Embebidas pelo
espírito de pertença, as Irmãs têm
o desejo de ver outras Irmãs recebendo as mesmas graças que as Fraternidades têm
derramado sobre elas. O seu ideal é promover o fortalecimento e a expansão
do Instituto, e para isso trabalham no sentido de vê-la crescer e de surgirem
novas Fraternidades. Estão animadas por um ideal comum e desejam com alegria o que
é bom para todas.
A primeira característica de quem está cheia do espírito de pertença
é o seu desejo de servir desinteressadamente como ensinou Jesus (Mc 10, 45); ser
cristão é assumir como lema de vida o serviço aos irmãos.
O espírito de
pertença está fortemente relacionado ao serviço, à doação de si às outras Irmãs e ao Instituto. As Fraternidades
nos dão muitas forças e quem entende isso passa também a querer dar às demais o
que tem recebido. Na sua primeira carta, Pedro exorta os irmãos: "Todos vós,
conforme o dom que cada um recebeu, consagrai-vos ao serviço uns dos outros, como
bons dispenseiros da multiforme graça de Deus" (1 Pd 4,10). Dessa forma torna-se
possível dizer: Eu pertenço à Associação das Irmãs da Visitação de Maria, dela me
nutro, a ela me doo - mística.
A pertença também
anda ao lado da fidelidade. Esta fidelidade é indissociável da responsabilidade que deve ter toda Irmã
em relação à Associação. Em qualquer nível é a fidelidade que identifica o sentimento
de pertença a esta Família Religiosa. Como na parábola dos talentos, a Associação
precisa de Irmãs fiéis. A estas será dada a devida recompensa:
"Parabéns,
servo bom e fiel! Como te mostraste fiel na administração de tão pouco, eu te confiarei
muito mais. Vem participar da alegria do teu senhor!" (Mt 25, 21). Se a Irmã
enterra o talento recebido, que ocupação terá, já que abandonou o seu instrumento
de trabalho?
Se a pertença
é serviço e fidelidade, o serviço e a fidelidade são o Amor. Não existe amor maior do que doar a sua
vida pelos amigos ( Jo 15, 13).
É dedicando a
sua vida e doando do seu amor que se pratica a pertença e, por sua vez, essa atitude
nos faz receber amor de volta. Santo Agostinho nos diz que "só o amor
conhece o segredo de enriquecer cada vez mais a si mesmo dando-o aos
outros”.
A pertença, portanto,
implica amor à Associação. Compromisso,
acção, fidelidade e zelo são suas palavras - chave. É com essa compreensão (ideia)
que a Irmã da Visitação pode dizer: O Amor me compromete, me faz parte activa, me
torna fiel, me torna responsável. E como desdobramento ela exala a pertença dizendo:
Eu entendo a mística (espiritualidade), vivo o carisma, adopto a pedagogia, sigo
as regras, participo dos eventos, aceito os encargos.
Em Cristo e Maria, Mãe e Serva.
Kaquinda Dias
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