Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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domingo, 6 de janeiro de 2019

MATURIDADE HUMANA E ESPIRITUAL NA VIDA RELIGIOSA

Maturidade humana es Espiritual na vida Religiosa 1

2 – AMADURECIMENTO HUMANO E ESPIRITUAL NA VIDA RELIGIOSA
PROCESSO DE AMADURECIMENTO
A maturidade afectiva vai sendo adquirida em um processo longo e paulatino, através das diferentes etapas da vida, é um caminho. Trata-se do autoconhecimento e controle dos próprios afectos, de uma maneira livre e constante. É a capacidade de amar intensamente e se deixar amar por Deus e pelos outros. Alguns elementos importantes neste processo para a maturidade pessoal são: atingir um sentido sadio de identidade pessoal, sentido de intimidade e sentido de transcendência pessoal.
Em cada uma das etapas da vida, a pessoa vive a maturidade afectiva de uma maneira específica e, conforme vai avançando neste processo vital, também está chamada a se identificar com os sentimentos de Cristo, através de um sentido de identidade, de intimidade e de transcendência.
Sentido de identidade pessoal: quando se é capaz de responder à pergunta “Quem sou?”, e através de uma adequada auto-estima, que – por sua vez – implica um autoconhecimento de aspectos positivos e negativos da personalidade, assim como auto-valorização, auto-confiança, auto-controle e auto-afirmação.
Sentido de intimidade pessoal: é a capacidade de se relacionar, de maneira íntima, com as demais pessoas, de dar e de receber afecto, assim como de viver relacionamentos amistosos com distinto grau de profundidade no equilíbrio e na harmonia. gerir as emoções.
Sentido de transcendência pessoal: quando se é capaz de responder à pergunta “Para que existo?”. Trata-se de encontrar um sentido para a própria existência.

Portanto, a pessoa madura é aquela que possui:

•Verdadeiro conhecimento de si mesma.

•Aceitação de si e das outras pessoas.

•Reconhecimento de qualidades e aptidões, assim como das próprias limitações.

•Reconhecimento de emoções e sentimentos.

•Capacidade de amar e ser amada.

•Independência nas relações pessoais.

•Capacidade de criar relacionamentos amistosos e profundos

• Autocontrole.

1-FASE DA INTIMIDADE X ISOLAMENTO ( 20-35 ANOS).
Toda pessoa precisa encontrar o significado de sua existência, porque – de outro modo – viverá um vazio existencial que a leva a experimentar uma sensação de desespero e de insatisfação em sua vida pessoal.
Para Erikson o jovem adulto passa pela fase da Intimidade X Isolamento, onde deseja um relacionamento afectivo íntimo, duradouro e continuo, através de relações profundas, buscando, também nessa fase, a construção de uma carreira profissional que lhe dê estabilidade e boa condição financeira.
MATURIDADE HUMANA E VIDA RELIGIOSA
Etapas em que se identifica a ação madura do ser humano
No caminho formativo da vida consagrada, cada pessoa é uma pessoa, como o escopo de, neste exercício, rever e ressignificar valores da vida em prol do amadurecimento e da correcção das atitudes através da aprendizagem com o passado, levando sempre o indivíduo a uma nova percepção de si. Esta nova percepção, que deveria resultar num homem novo, como fala Paulo, está, no processo formativo, directamente relacionado à dimensão humana do formando e que deve estar sempre presente à compreensão do formador. Querer fazer de um homem um santo desconsiderando sua intrínseca humanidade é no mínimo bobagem. Daí a necessidade de se resgatar a história do vocacionado (a).
Esta retomada da própria história deveria fazer com que “a própria vida se torne como uma contínua descoberta do sentido da presença e da acção de Deus nela. E é exactamente dessas descobertas que emerge uma certa maneira de conceber a maturidade da própria humanidade” (CENCINI, 2002). Nesta perspectiva, há quatro pontos ou etapas em que se identifica a acção madura do homem:
1 – Da sinceridade à verdade: 2- Força na fraqueza:  3 – Liberdade de projectar-se: 4 – Entrega da vida:
Vou aprofundar a 2ª etapa, força na fraqueza, como etapa central deste estudo.
2 – Força na fraqueza: neste ponto Amadeo toca numa ferida constante em muitos processos formativos, a idéia de maturidade como inabalabilidade. A maturidade considerada como um escudo inabalável, forte e perene. Ferida essa sempre remexida tanto por formandos como por formadores. O autor explica que existem jovens que atravessaram todas as fases formativas sem a ajuda de ninguém ou sem permitir que os ajudassem a decifrar sua própria inconsistência, e que, em muitos casos, depois da profissão perpétua e da ordenação, a crise explodiu pontualmente ou até com mais frequência.  (CENCINI, 2002 p. 144).
A valorização dos momentos de fraqueza nos ensinam a conviver com diversas situações de fraqueza dos outros e nos ensinam a humildade do rezar. “A sensação sofrida de vulnerabilidade e impotência coloca quem crê de joelhos diante de Deus, faz com que busque a ajuda e a força que não encontra dentro de si (...)” (CENCINI, 2002 p. 145).
Neste processo de amadurecimento o que importa é a necessidade de  fazer cada vez mas consciente nossa motivação primária, amar a Deus de todo coração . É um processo duplo de amar a Deus e ser profundamente amados por Ele. E saber que Ele vem ao nosso encontro sempre, e em resposta dirigimos o nosso amor a Ele. A pessoa que opta pela vida religiosa cria uma busca constante de colocar a Deus no centro de toda a sua capacidade de amar, e todas as demais pessoas, compromissos e coisas integradas nesse amor.
Idade é =maturidade?
Existe uma idade biológica e uma idade espiritual que não se correspondem necessariamente.
Há pessoas jovens que espiritualmente são adultos em Cristo, e há pessoas adultas que espiritualmente, são ainda crianças.
A vida espiritual normalmente não segue uma línea recta, mas sim ondulada. Ou seja, os esquemas do crescimento espiritual não são totalmente rígidos. Além disso, sabemos que a vida espiritual está sempre aberta ao extra-ordinário, já que o Espírito Santo sopra onde quer (João 3,8).
É muito importante, nos recorda a Conferência de Aparecida, a dimensão formativa que funda o ser cristão na experiência de Deus manifestado em Jesus e que o conduz pelo Espírito através dos cominhos de profundo amadurecimento ( Aparecida, n.280b).
Todos deveríamos deixar-nos plasmar dia a dia pelo Espírito Santo até chegar a ser “homens e mulheres perfeitos, na medida da plenitude de Cristo” ( Ef 4,13).
A nossa tarefa como formadores é ser instrumento nas mãos de Deus para ajudar as pessoas, a nós confiadas, a olhar para Cristo, deixar-se transformar pelo seu amor incondicional (fazer experiência) até chegar a essa plena transfiguração  que se realizará completamente na ressurreição. Entretanto temos a tarefa apaixonante de acompanhar os formandos neste caminho onde Cristo se revela como doador do amor e ao mesmo tempo como mendigo de amor.
O que mais dói para Deus è a falta de confiança no seu amor. Não confiar nele. É muito importante tirar as idéias falsas de Deus que a pessoa carrega. O coração de Deus é infinito, não podemos projetar a pequenez do nosso coração limitado, julgar com a nossa corta medida de amor. Deus ama a cada pessoa indistintamente e incondicionalmente  (cf Isaias 49,15).
Experimentar esse amor, pleno e incondicional levará a pessoa a sentir que é amada como ser único e irrepetível, sem depender de suas qualidades ou defeitos. O amor de Deus é o único que nos liberta totalmente. Viver no seu amor será a nossa eterna felicidade. (Jer 31,3)
Um novo jeito de relacionar-se
Jesus inaugura um novo jeito de se relacionar com seus discípulos. Um modo próprio de expressar afecto, de estabelecer relações e de gozar da companhia e do amor dos outros, procurando a sua companhia e deixando-se encontrar.
Jesus nos manda amar- nos uns aos outros ( Jo 15,2), amando a cada um com a mesma benevolência de Deus.
Assim a pessoa se vai libertando progressivamente da necessidade de colocar-se no centro de todos e aprende a  centrar todo afecto em Deus, tendo a certeza de ser amado como ser único, e de poder e dever amar. De tal modo que há certeza que amor recebido torna-se amor doado. De graça recebeste de graça deves dar ( Mt 10,8).
Não importa onde estamos nem o que fazemos, mas a mente sempre olhando para a vontade de Deus. Esta é a grande diferença entre a vida consagrada e o trabalhador numa obra social. A pessoa consagrada vive completamente entregue ao coração de Cristo, de tal forma que tudo contribui para se tornar Aquele que ama e procura Jesus. O amor, a misericórdia, a bondade, a compaixão, a verdade, vão transformando a pessoa até chegar a plena estatura de Cristo. “É o Deus que carrega em seu coração e que  encontra em suas orações, nas pessoas e na transubstanciação do planeta no reino de Deus que impulsiona a sua vida”.
A gratidão e alegria de viver por estar em comunhão com a Fonte da Vida, ajudarão a viver em intima comunhão com Cristo e a ter o momento da nossa plena comunhão com Ele.
Conclusão
A maturidade espiritual e a maturidade humana estão intimamente ligadas. Não há amadurecimento espiritual sem amadurecimento humano.
A nossa vida é um caminho no qual podemos, em cada etapa, ter certeza de que Deus caminha connosco, e de que seu amor nos envolve e nos acompanha. Quando nos abrimos ao Espírito de Deus, Ele penetra as nossas estruturas e opera em nós uma continua transformação chegando a “plena estatura de Cristo”, meta do nosso amadurecimento humano e espiritual.
Chegaremos assim a ser pessoas transparentes ao amor divino que quer transformar o mundo através de nós. Pessoas amorosas, pacificas, alegres, apaixonadas, que fazem da sua vida uma contínua doação, que sabem de suas fraquezas, mas confiam unicamente em Deus, pelo qual são continuamente modeladas.

Referência bibliográfica
ALMAS, Elementos da maturidade afetiva na vida consagrada.  Revista,Amar mas e melhor, vida consagrada. Disponível http://pt.almas.com.mx/almaspt/artman2/publish/Elementos_da_maturidade_afetiva_na_vida_consagrada2.php Acesso em 27 mar,2011
BIBLIA . Português.  Bíblia sagrada. Tradução  Ivo Storniolo . Paulos,, 2044. Edição Pastoral.
CENCINI, Amadeo.  Os sentimentos do Filho: Caminho formativo na vida consagrada, Paulinas 2002. O respiro das vida. Paulinas, 2004.
CHITTISTER,Joan. Fogo sob as  cinzas:  Uma espiritualidade  da vida religiosa contemporânea .Paulinas, 1998.
DOCUMENTO DE APARECIDA, Texto conclusivo da V Conferencia Geral do Episcopado Latino-Americano e do Caribe, Paulinas-Paulos-CNNBB,13-31 de maio de 2007.
GRUM, Anseln; SARTORIIUS,Christina. Amadurecimento espiritual e humano na vida religiosa Paulinas 2006.
 LORENZO, Flabio Marchasini, Ouro testado no fogo: Acompanhamento psicológico entre mistério e seguimento. Paulinas 2007
MELO,Teoria psicossocial de desenvolvimento em Erik Eriksom. Revista psicologada artigos. Disponível : http://artigos.psicologado.com/psicologia-geral/desenvolvimento-humano/teoria-psicossocial-do-desenvolvimento-em-erik-erikson. Acesso em 27 mar. 2011

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