Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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quinta-feira, 5 de março de 2015

Sexta feira da segunda semana da Quaresma
(Gênesis 37, 3-4.12-13.17-28; Mt 21,33-43. 45-46)
DEUS NÃO SE DEIXA VENCER

José, de quem nos fala a primeira leitura, é uma impressionante figura de Jesus, tal como o filho herdeiro de que nos fala o evangelho. Em ambas as leituras escutamos já o «Crucifica-Ol». «Eis que se aproxima o homem dos sonhos. Vamos matemo-lo», disseram os irmãos de José; «Este é o herdeiro. Matemo-lo», disseram os vinhateiros malvados. O único protagonista é, portanto, Jesus, escondido na figura de José e na figura do filho herdeiro da parábola. Estes textos fazem-nos pensar nos sofrimentos do Coração de Jesus, morto por inveja, como nos referem os relatos da paixão. Foi a inveja que mobilizou a má vontade dos irmãos contra José e a dos vinhateiros contra o filho herdeiro da parábola.
Mas também se fala de nós nas leituras que escutamos hoje. Jesus é o protagonista. Mas nós também entramos na sua história. Somos os irmãos, somos os vinhateiros malvados. Mas não devemos desesperar com os nossos pecados. Na história de José, a inveja foi maravilhosamente vencida: no Egipto, José não puniu os irmãos, mas salvou-os. Soube ler a história das suas tribulações, do seu exílio, como preparação, querida por Deus, para poder salvar os seus irmãos e todo o seu povo no tempo da carestia. Jesus também venceu a inveja aceitando tornar-se o último de todos. Quando O contemplamos na cruz, não podemos dizer que cause inveja a alguém! Pondo-se no último lugar, Jesus revelou o seu poder. O domínio que o Pai lhe prometeu é um domínio de amor, no serviço de todos.
Ao escutarmos as leituras de hoje, não devemos, portanto, sentir-nos condenados, mas devemos erguer os olhos mais alto, para o coração do Pai. Jesus veio revelá-I' O. É Ele, o Pai, que, por amor, envia Jesus, como fora enviado José, a «procurar os irmãos» (cf. Gn 37, 16). A predilecção de Israel por José, ou do Pai por Jesus, não é mais do que uma particular participação no amor paterno. É esse amor, que tem origem no coração do Pai, que os torna diferentes e capazes de vencer a inveja, o ódio e a rivalidade, com o perdão.
Este mesmo amor do Pai foi derramado nos nossos corações. Tornando-nos diferentes, tornando-nos participantes da natureza divina, fez-nos capazes de amar ao jeito de Deus, de vencer a inveja, o ódio, com o perdão. Mas, provavelmente, como José, e como Jesus, Filho de Deus, teremos também nós que passar por algumas tribulações. Assim poderemos tornar-nos colaboradores de Deus na obra da reconciliação que está a realizar no coração do mundo. "A vida reparadora será, por vezes, vivida na oferta dos sofrimentos suportados com paciência e abandono, mesmo na noite escura e na solidão, como eminente e misteriosa comunhão com os sofrimentos e com a morte de Cristo pela redenção do mundo". "Para Glória e Alegria de Deus".


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