Angola na União
Africana
Desde a sua entrada na Organização de Unidade Africana (OUA), actual União
Africana (UA), palmo a palmo, Angola vem reafirmando e reassumindo todos os
compromissos expressos a 12 de Fevereiro de 1976, ao ser reconhecida e aceite
pela organização pan-africana.
Contam-se mais de quatro décadas desde que o então ministro das Relações
Exteriores, José Eduardo dos Santos, pronunciou, na extinta OUA, um primeiro
discurso, em nome de um Povo que vivia três meses de independência, proclamada
a 11 de Novembro de 1975.
A comunicação frisava que Angola chegava à OUA graças à determinação,
sacrifício, resistência e luta do Povo contra o colonialismo português, que não
pactuaria com a opressão, optando pelo não alinhamento.
Volvidos 42 anos, num gesto de reconhecimento, no seu discurso inaugural
nas vestes de Presidente, numa Cimeira da UA, a 28 de Janeiro de 2018, o Chefe
de Estado Angolano, João Manuel Gonçalves Lourenço, referia que Angola foi uma
das últimas colónias do continente africano a ascender à independência e
conhece de perto o sentido e o valor da Solidariedade Africana.
Hoje, no seio dos 55 Estados Membros que compõem a UA, Angola é um dos seus
principais contribuintes e vai assumindo, por mérito, uma preponderância
crescente no seio da organização, em pleno processo de reforma institucional e
financeira.
O momento não se poderia afigurar o mais acertado para a actual aposta do
Governo no sentido de uma maior inserção de quadros nacionais na União
Africana, alinhada ao estatuto que ostenta de ser um dos seis maiores
contribuintes para a organização e para o Fundo de Paz - atrás da Argélia,
Egípto, Nigéria, África do Sul e Marrocos - e conjugada com as regras de
preenchimento de vagas.
Tal desafio coaduna-se com o argumento de que, para uma defesa consistente
dos seus interesses, o país deve estar devidamente inserto nas estruturas
decisoras da União Africana, em quantidade e em qualidade.
Neste prisma, Angola conta na Comissão da União Africana (CUA) com a
Embaixadora Josefa Sacko, Comissária para a Economia Rural e Agricultura,
eleita em 2017, esperando-se pela sua recondução, e com Maria Teresa Manuela,
escolhida, no mesmo ano, para membro da Comissão para os Direitos Humanos e dos
Povos.
Noutras esferas, estão Sebastião da Silva Isata, recém reeleito para presidente
da Comissão do Direito Internacional (CDI) da União Africana (ocupa o cargo
desde 2016) e Matias Bertino Matondo, Representante Especial do Presidente da
Comissão da União Africana para a República Centro-Africana, desde Março de
2019.
Por seu lado, o Embaixador Gilberto Veríssimo assume, desde 30 de Julho, a
presidência rotativa da Comissão da Comunidade Económica dos Estados da África
Central (CEEAC).
No âmbito das suas responsabilidades, o país tem tido participação
activa nas principais decisões da organização, mediante presença assídua
nos diferentes órgãos da União Africana, nomeadamente Assembleia-Geral,
Conselho Executivo, Comité de Representantes Permanentes, Conselho de Paz e
Segurança, Comités Técnicos Especializados, Comissão da União Africana,
NEPAD/Agência de Desenvolvimento da União Africana, Parlamento Pan-Africano,
Mecanismo Africano de Revisão de Pares e Comunidades Económicas Regionais.
Com idêntica entrega participa nos Fóruns de Cooperação África-China,
África-Japão (TICAD), África-Índia, África-UE, África-Rússia, África-Reino
Unido, África-Turquia, África-EUA, África-América do Sul, Afro-Árabe, SADC,
CEEAC e CPLP.
No capítulo legal, em 69 tratados da União Africana, Angola assinou cerca
de 40 e ratificou mais de 20.
No exercício do país na União Africana particular ênfase deve ser dada
às três vezes em que foi eleito para o Conselho de Paz e Segurança,
respectivamente em 2007, 2010 e 2018, cumprindo mandatos de dois anos.
No último, sob a sua presidência rotativa, foi organizada em Dezembro
de 2019, em Luanda, uma Sessão Ministerial, sob o lema "Reconciliação
Nacional, Restauração da Paz, Segurança e Reconstrução da Coesão em
África".
A coerência no tratamento de assuntos ligados à Paz e Segurança,
Reconstrução e Reconciliação Nacional, tem levado várias entidades a consultar
o Representante Permanente de Angola junto da União Africana, Embaixador
Francisco da Cruz, como são os casos da sua homóloga dos Estados Unidos da
América, Jessye Lapenn, e do Representante Permanente Adjunto do Reino Unido,
Jason Grimes, cujos países são Membros Permanentes do Conselho de Segurança das
Nações Unidas (P5).
Durante os mandatos de Angola, constaram da agenda do Conselho de Paz e
Segurança (CPS) questões como Prevenção de Conflitos, Emigração, Eleições,
Democracia e Boa Governação, Zona de Comércio Livre Continental Africana
(ZCLCA), Segurança Marítima, Amnistia, Juventude, Corrupção, Direitos Humanos,
Combate à Pobreza, Terrorismo, Mudanças Climáticas, Refugiados, Deslocados
Internos, entre outras.
Angola tem assegurado total cooperação com a Comissão da União Africana, e
reafirmado compromisso absoluto para com os princípios e objectivos
estratégicos da União Africana, manifestando-se também seriamente engajada no
apoio às Reformas Institucionais e Financeiras em curso na UA, bem como no
cumprimento dos objectivos da Agenda 2063.
Por seu lado, a Comissão da União Africana, na voz do seu presidente,
Moussa Faki Mahamat, já valorizou a “importância estratégica” de Angola para a
Paz e Segurança de África.
Tenha um bom dia de áfrica, mesmo que não seja africano.
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