Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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domingo, 23 de setembro de 2018

Equipas de Liturgia



Equipas de Liturgia: funções e modo de actuação
1. O que é uma Equipa?
No nosso dia a dia, de uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos em Equipas.
Mas o que é mesmo uma Equipa? Podemos dizer que uma Equipa é um conjunto de pessoas que se dedicam à realização de um mesmo trabalho. São pessoas que lutam juntas por um objectivo comum, de modo que possam alcançá-lo com maior rapidez.
No ambiente de trabalho, a Equipa é um grupo de pessoas com habilidades complementares que trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são colectivamente responsáveis.
Uma Equipa de trabalho poderá atingir alto nível de desempenho em termos de produtividade e qualidade, desde que seus membros sintam satisfação com suas tarefas e sua comunicação seja adequadamente eficaz.
É preciso ter objectivos e metas comuns para alcançar os resultados esperados.
2. Equipa de liturgia: exigência da renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II
O papa João XXIII solenemente deu início ao Concílio Vaticano II, atendendo à voz do Espírito que impelia à abertura de portas e janelas para a entrada de novos ventos na Igreja. Esse grande acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas Conferências Episcopais, marcou a vida e a missão da Igreja.
O concílio propôs uma volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar privilegiado da experiência de salvação realizada pelo mistério pascal de Cristo Senhor, centro e mediador da história salvífica. Uma liturgia celebrada de forma activa, plena, consciente e frutuosa por todo o povo de Deus, povo sacerdotal (sacerdócio comum e ordenado) que possui costumes, língua e riquezas culturais muito próprias (cf. SC 5-8; 10.14).
O Concílio Vaticano II mudou também o conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou à Igreja que ela é povo de Deus. A Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual ele é a cabeça.
A Igreja é então constituída por um povo de baptizados. O concílio valorizou ainda o sacerdócio comum dos fiéis, ressaltando que todo o povo de baptizados participa do sacerdócio de Cristo. Também destacou a diversificação dos ministérios litúrgicos como expressão da Igreja-comunhão, Igreja corpo de Cristo, em que cada membro tem a sua tarefa específica em função do bem comum da comunidade.
As mudanças provocadas pelo Vaticano II nos princípios teológicos das mais diversas áreas da vida eclesial (teologia litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram repercussão na prática da Igreja.
Por exemplo, sendo a Igreja todo o povo de Deus, nas celebrações todos devem participar. O concílio pede: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual faça tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe compete” (SC 28). Ninguém deve acumular funções na liturgia (SC 28-29). Cada membro é sujeito e tem a sua função específica em favor do bem comum da comunidade.
3. Equipa de liturgia: o que é e para quê?
Primeiramente, vale dizer que, para o bom funcionamento de um trabalho, é preciso haver organização. A liturgia não foge à regra, pois necessita de uma Equipa de liturgia dedicada, atenta e disposta a servir…
Em segundo lugar, sendo a liturgia uma acção comunitária, pressupõe uma assembleia reunida com uma diversidade de ministérios exercidos por pessoas com dons e carismas distintos e complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia necessita do serviço de Equipas que, em nome da comunidade eclesial, planeiem sua vida litúrgica, preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e servidores para eficiente e eficaz desempenho de suas funções.
Supõe trabalho comunitário e participativo na comunidade. A Equipa não é “tarefeira”, mas de reflexão, estudo e acção. A marca registada da Equipa é o serviço dedicado, abnegado, inteligente e gratuito. Uma acção concreta em favor do bem comum, numa verdadeira mística de serviço.
A Equipa de liturgia é, então, o coração e o cérebro da pastoral litúrgica da vida da Igreja (diocesana, paroquial e comunitária).
Entendemos “pastoral” como actividade do pastor, que leva seu rebanho a verdes pastagens, a águas frescas, que defende as ovelhas contra os perigos, contra lobos e ladrões, assim como fez Jesus, o “Bom Pastor”. Ter esse espírito “pastoral”, ou seja, de “pastor” que dá a vida por suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e seguidoras de Jesus Cristo, principalmente de quem está servindo em uma pastoral.
As Equipas de liturgia são, em primeira mão, as responsáveis pela pastoral litúrgica. Essa acção eclesial tem por objectivo imediato a participação activa, consciente e frutuosa dos fiéis na celebração e por finalidade, a edificação do corpo de Cristo mediante a santificação das pessoas e o culto a Deus. Na edificação do corpo de Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a edificação de toda a humanidade e da criação inteira, conforme afirma Medellín: “A celebração litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade humana… e com a promoção” (9,4). Isso significa que também os membros da pastoral litúrgica devem visar à transformação do mundo em Reino de Deus.[1]
A pastoral litúrgica, em condições normais, é organizada em três sectores: o sector da celebração propriamente dito (mais conhecido como pastoral litúrgica), o sector de canto e música litúrgica, o sector do espaço litúrgico e da arte sacra.
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a realização e a avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos ministros e também com a organização da vida litúrgica nos vários níveis eclesiais. Como escreve Pe. Gregório Lutz: “Esta divisão corresponde, portanto, a um tríplice objectivo da pastoral litúrgica, que é promover celebrações autênticas, a formação litúrgica, a organização da vida litúrgica, da formação de seus agentes (SC 14 a 29) e da organização da pastoral litúrgica (SC 41-46).[2]
Podemos então concluir que uma Equipa de liturgia (diocesana, paroquial e comunitária) deve ser constituída levando em conta os três sectores (o sector da celebração propriamente dito, mais conhecido como pastoral litúrgica, o sector de canto e música litúrgica, o sector do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas Equipas cuidam da vida litúrgica, animando-a e articulando-a, com atenção às celebrações, à formação e à organização.
4. Equipas de liturgia em diferentes níveis
4.1. Em nível nacional
Para “favorecer a acção pastoral litúrgica na Igreja” (SC 43), o concílio determina uma estrutura organizacional: uma Comissão Litúrgica Nacional assistida por especialistas em liturgia, música, arte sacra e pastoral, com a missão específica de orientar, na sua região, a acção pastoral litúrgica e promover os estudos e as experiências necessárias sempre que se trate de adaptações a serem propostas à Sé apostólica (SC 44).
Em Angola temos a seguinte organização: existe a Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia, constituída por um bispo e…. Eles (deveriam ser) assistidos por assessores(as) de três sectores: arte sacra e espaço celebrativo, música litúrgica e pastoral litúrgica. Cada sector é ainda assessorado por uma Equipa de reflexão, constituída por liturgistas, músicos, arquitectos e artistas, ou seja, por especialistas nas áreas específicas.
A Comissão Episcopal Pastoral para a Liturgia tem por objectivo acompanhar, incentivar e promover a vida litúrgica, sua renovação e sua inculturação por meio da articulação com as Dioceses, visando à formação litúrgica em todos os níveis e ao sólido aprofundamento teológico das celebrações, para que elas contribuam para a maturidade das pessoas e das comunidades em Cristo, tendo em vista a construção do Reino de Deus.
4.2. Em nível diocesano
O Concílio Vaticano II pede: “(…) haja, em cada diocese, a comissão de liturgia sacra, para promover a acção litúrgica, sob a orientação do bispo. Poderá, às vezes, ser oportuno que várias dioceses formem uma só comissão para promover em conjunto a acção litúrgica” (SC 45). E ainda: “Além da comissão de liturgia sacra, instituam-se em cada diocese, se possível, também comissões de música sacra e de arte sacra. É necessário que essas comissões trabalhem em conjunto, e não raramente será oportuno que se unam numa só comissão” (SC 46).
Em 26 de setembro de 1964, a 1ª Instrução Geral Inter Oecumenici sobre a aplicação da constituição conciliar detalhava as tarefas para as Comissões de Liturgia Nacional e Diocesana, orientações que conservam ainda todo o seu valor. Em resumo, são as seguintes: 1) conhecer o estado da acção pastoral litúrgica na diocese (ver); 2) pôr em prática a reforma litúrgica (animar); 3) sugerir aos presbíteros iniciativas práticas para fomentar a liturgia (assessorar); 4) fazer um planeamento progressivo de acção pastoral litúrgica e recorrer à assessoria de pessoas competentes (planear); 5) fazer a pastoral litúrgica caminhar em colaboração com os que trabalham no campo da Bíblia, da catequese, da pastoral, da música e da arte sacra, bem como com todas as associações de leigos (pastoral de conjunto).
4.3. Em nível paroquial
A Equipa de liturgia, imbuída da mística de serviço e comprometida com a paróquia, exerce um serviço bem mais concreto e prático: organiza toda a vida litúrgica nas comunidades (celebração aos domingos — eucarística ou da Palavra —; celebrações dos sacramentos, sacramentais e outras); garante um processo que actua no conjunto da pastoral da paróquia e na formação litúrgica de todos; acompanha os animadores das celebrações; prepara subsídios de apoio; garante que a Equipa esteja a serviço das comunidades; delega representante para a formação diocesana; prepara as celebrações em âmbito paroquial; providencia para que a liturgia seja dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas comunidades, nos movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral diocesana.
4.4. Em nível de Zona e comunitário
Com uma actuação bem localizada, a Equipa de liturgia da comunidade: promove e cria celebrações inculturadas; acompanha as Equipas de celebração e toda a vida litúrgica da comunidade; actua em sintonia com a Equipa paroquial; providencia para que a liturgia seja dignamente celebrada.
5. As Equipas de celebração
Estas são encarregadas directamente das celebrações da palavra de Deus, da eucaristia (missas), do baptismo, do matrimónio, das exéquias e das bênçãos nas paróquias e comunidades. Dessas Equipas, especialmente, fazem parte os leitores, os ministros da sagrada comunhão eucarística, os recepcionistas, os salmistas, os cantores e instrumentistas, os animadores, o comentarista e os ministros que presidem etc.[3]


6. Como constituir uma Equipa de liturgia
É necessário fazer a distinção: uma coisa é a Equipa que pensa a vida litúrgica da comunidade, paróquia, diocese, outra é a Equipa que actua directamente em uma celebração litúrgica específica.
Podemos afirmar que os principais serviços de uma Equipa de liturgia são: animação da vida litúrgica, planeamento, coordenação, formação, assessoria e avaliação.[4]
Primeiramente, a Equipa deve ser constituída por pessoas que de fato amam e vivem a liturgia. Exige carisma e dom. Exige ainda conhecimento, uma formação básica ou mais aprofundada.
Na verdade, não há uma regra única. Vai depender de cada realidade. A diversidade de carismas e dons enriquece a Equipa.
Algumas práticas já comprovam que o critério de representatividade não deve ser a única possibilidade.
Em linhas gerais, existem alguns caminhos para constituir uma Equipa de liturgia:
— Iniciar com um curso, para depois engajar as pessoas na prática;
— Ir dando responsabilidades de acordo com o carisma de cada pessoa (acolhida, canto, organização etc.);
— É preciso alguém tomar a iniciativa para dar início a uma Equipa. Geralmente o apelo vem da realidade;
— É importante que a Equipa tenha uma legitimação da autoridade competente (bispo, padre etc.).[5]

Bem constituídas, as Equipas de liturgia vão exercer seu serviço com atenção às celebrações, à formação e à organização, lembrando que canto-música e arte-espaço celebrativo são partes intrínsecas da liturgia.
7. Por uma celebração em que todos participem do mistério da salvação, cujo centro é o mistério pascal de Jesus Cristo
A liturgia é celebração da história da salvação, que tem como centro e plenitude o mistério pascal de Cristo (cf. SC 5-6).
“Deus quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade todos os homens…”: assim se inicia o número 5 da Sacrosanctum Concilium. Todo o Antigo Testamento é grande canto e imensa narrativa das acções do Senhor em favor da salvação do povo eleito (= liturgia!). A experiência do êxodo é típica e paradigmática. Deus foi sendo descoberto sempre mais intensamente, sobretudo pelos sábios e profetas, como aquele que, com fidelidade e eterna misericórdia (Sl 135), opera a salvação do povo. Um Deus libertador, solidário, misericordioso, fiel, um Deus perdão, um Deus que ama a vida do seu povo, um Deus que tudo faz para que o povo tenha salvação, isto é, vida plena[6]. Assim, Deus preparou através dos tempos o caminho do evangelho.
Então, o jeito de Deus como perfeição da liturgia tornou-se bem claro para nós na plenitude dos tempos, isto é, com Jesus Cristo e o seu mistério pascal. Deus Pai nos prestou este grande serviço: deu-nos o Filho. Aí está: a liturgia do Pai nos oferece o Filho![7]
É na paixão, morte e ressurreição de Jesus que aparece de maneira acabada a liturgia divina: “Cristo Senhor, principalmente pelo mistério pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, completou a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram prelúdio as maravilhas operadas no povo do Antigo Testamento” (SC 5).
Nascendo do lado aberto de Cristo (cf. SC 5), do seu mistério pascal, a Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, nunca mais deixou de se reunir para fazer memória desse mistério tão grande, escutando a Palavra e celebrando a eucaristia, na certeza da presença de Cristo, pois ele está presente em sua Igreja, sobretudo nas acções litúrgicas… No sacrifício da missa (na pessoa do ministro) e, sobretudo, sob as espécies eucarísticas… Presente está pela sua força nos sacramentos… e pela sua palavra… Está presente quando a Igreja ora e salmodia… (cf. SC 7).
O memorial da liturgia divina se dá também nos outros sacramentos, nos sacramentais, nas celebrações da Palavra e em tantas outras celebrações em nome do Senhor. Toda liturgia constitui uma acção sagrada, feita de sinais sensíveis, que nos remete à experiência do mistério de Cristo, de modo que é importante a celebração da Liturgia das Horas (SC, cap. IV), do Ofício Divino das Comunidades, como também o ano litúrgico (SC, cap. V), a música (SC, cap. VI), o espaço litúrgico e a arte sacra (SC, cap. VII).
Pela acção ritual, participamos do mistério pascal, que nos faz morrer e ressuscitar, dia a dia, em Cristo. Nossa vida e história são vida e história de Cristo glorioso — nosso sofrer e vencer são participação na morte e ressurreição de Cristo, na sua páscoa. Somos tocados pelo mistério. A liturgia divina se comunica a nós pela memória que dela fazemos. E como isso se dá? De maneira sensível, a saber, em comunhão com todos os nossos sentidos, valorizando as expressões simbólicas e culturais da comunidade humana que celebra. As acções simbólicas realizam aquilo que significam. Assim, em verdadeiro diálogo amoroso, a comunidade celebrante, corpo místico de Cristo, é santificada e, com profunda gratidão, glorifica o Senhor da vida e da História.
A nossa celebração se tornará sempre mais verdadeira e autêntica se for expressão de uma vida agradável a Deus. Dizendo “sim” a Deus, à sua vontade e à sua obra, e sobretudo celebrando na liturgia esse nosso “sim” vivido, estamos levando a efeito a salvação. E dessa forma, antegozando a liturgia celeste, vamos vivendo/celebrando e contribuindo para a transformação do mundo em Reino de Deus, até a vinda definitiva do Senhor Jesus (cf. SC 8).
8. Por uma formação litúrgica adequada
Na dinâmica da Sacrosanctum Concilium, encontramos a formação como condição para a participação na liturgia e para a concretização da renovação litúrgica conciliar. Esta deve ser iniciada pelos pastores/padres (cf. SC 14), que serão formados nos seminários, nas casas religiosas e nos institutos de teologia por professores devidamente preparados (cf. SC 15). Não basta, porém, a formação académica; é necessário que os pastores estejam imbuídos do espírito e da força da liturgia e dela se tornem mestres (cf. SC 14).
A liturgia deve ser fonte da vida espiritual dos presbíteros e seminaristas. Participem dela de todo o coração tanto pela própria celebração quanto pelos outros exercícios de piedade. É preciso também aprender a observância das leis litúrgicas, para que a vida nos seminários seja impregnada do espírito litúrgico (cf. SC 17).
Enfim, todos os pastores bem formados se empenharão em proporcionar adequada formação para todo o povo e, particularmente, para os que exercem serviços e ministérios. Essa formação se dará por meio de cursos, escolas etc., bem como com o próprio exemplo (cf. SC 19).
Os meios de comunicação (rádio e televisão…) também formam. Não é por acaso que a Sacrosanctum Concilium, falando de formação, afirma: “As transmissões por rádio e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da santa missa, façam-se com discrição e decoro” (SC 20).
Depois de recordarmos os dizeres do Concílio Vaticano II sobre a formação, podemos perguntar: na nossa realidade, como será a formação litúrgica?
Vamos partir do princípio de que é preciso “uma formação litúrgica integral, envolvendo todas as dimensões do ser humano e todas as dimensões da liturgia: a acção ritual, seu sentido teológico, sua espiritualidade. (…) Nesta formação estamos incluindo a música e a organização do espaço litúrgico”[8].
A formação litúrgica é um processo pedagógico, tendo por objectivo final a participação activa, exterior e interior, consciente, plena e frutuosa de todo o povo de Deus nas celebrações litúrgicas, ou seja, a vivência do mistério de Cristo através da participação na acção ritual. Para atingir a pessoa humana como um todo, é preciso operar com a dimensão corporal, relacional, intelectual, afectiva, intuitiva, imaginária, simbólica e experiencial da mesma.[9]
Para uma formação litúrgica eficaz, é preciso levar em conta a metodologia. Quando se trata de formação litúrgica, a metodologia mais indicada é a participativa, sobretudo se está claro que tipo de liturgia se quer reforçar ou alcançar.
A metodologia da formação litúrgica requer ainda um programa ou projecto que responda às seguintes questões: O quê? Com quem? — agentes e destinatários. De onde e para onde? — ponto de partida (realidade dos participantes no contexto sociocultural) e o ponto de chegada almejado (objectivos). Por quê? — finalidades, justificativas. Como? — etapas, métodos e técnicas. O quê? — conteúdos. Quando? — tempo, duração. Onde? — local, ambiente. Quem? O quê? Quanto? — recursos humanos, materiais e financeiros. Por fim, execução, acompanhamento da acção e avaliação.[10]
Falando ainda em metodologia, é importante produzir conhecimento em mutirão, utilizando o método verjulgar e agir. A observação participante, o laboratório litúrgico e vivências rituais são técnicas apropriadas para aprender liturgia, já comprovadas pela prática. Vale ressaltar ainda o método mistagógico: do rito à teologia. Contribui também a leitura orante, o processo de preparação, realização e avaliação das celebrações litúrgicas.[11]

9. Por melhor organização e funcionamento da Equipa
Bom começo para o processo de planeamento da Equipa de liturgia é a elaboração do calendário de actividades, no qual são previstas as actividades relacionadas aos tempos e festas do ano litúrgico; datas e festas da paróquia ou da comunidade; datas especiais e reuniões da Equipa de liturgia; actividades relacionadas à catequese, à pastoral do baptismo etc.
Oportuno meio para articular o serviço da animação da vida litúrgica de uma paróquia, ou diocese é o plano de acção da Equipa de liturgia. Um plano bem feito e realista permite caminhar com maior segurança, sabendo aonde se quer chegar. Existem diferentes modos de elaborar um plano. O mais importante é começar a planear o rumo e as actividades que vão garantir o verdadeiro serviço de pastoral litúrgica. A própria acção de elaborar o plano ou o calendário de actividades constituirá um exercício de comunhão e de participação.[12]
É importante utilizar a dinâmica acção-reflexão-acção. Revela-se necessário que todos os participantes da Equipa sejam sujeitos da acção que a Equipa desenvolverá.
9.1. Passos para a elaboração do planeamento
• Ver a realidade — antes de qualquer passo, é importante que a Equipa conheça a realidade, e isso em qualquer nível.
• Discussão em Equipa para:
— estabelecer objectivos (gerais e específicos);
— determinar prioridades;
— elaborar um cronograma de actividades: o que, quando, quem, onde e quanto. Aqui vemos a importância da elaboração de um calendário litúrgico-pastoral;
— determinar recursos (humanos, materiais e económicos);
— definir o método de avaliação.
• Redigir o Plano de Pastoral Litúrgico; planeamento (calendário litúrgico): prever tudo com antecedência.
• Execução do Plano de Pastoral Litúrgico.
• Avaliação e retomada do plano de pastoral.
É importante ter organização e uma coordenação que busque alcançar os objectivos do trabalho da Equipa e garanta a participação de todos. Convém haver acompanhamento por parte de uma liderança.
9.2. Organização básica e mínima
Calendário de reuniões, coordenador(a) com liderança, local de fácil acesso, plano de trabalho, orçamento, secretaria, documentação, biblioteca, espaços de lazer…
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Elza Helena; BUYST, Ione. “Preliminares: conceituação”, in: CENTRO DE LITURGIA. Formação litúrgica: como fazer? São Paulo: Paulus, 1994, pp. 9-13. (Cadernos de Liturgia, 3.)
BUYST, Ione. Equipa de liturgia. 8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1991. (Equipa de Liturgia, 1.)
_____. Pesquisa em liturgia: relato de uma experiência. São Paulo: Paulus, 1994.
_____. “Pastoral litúrgica”. Revista de Liturgia, São Paulo, mar.-abr., 1989, pp. 35-43.
LUTZ, Gregório. “Pastoral litúrgica”, in: SEMANA DE LITURGIA, 22, 2008, São Paulo. Pastoral litúrgica 40 anos depois de Medellín: memória, desafios e perspectivas. São Paulo, 2008. Apostila.
REVISTA DE LITURGIA. “Ministérios litúrgicos leigos”. São Paulo: Apostolado Litúrgico, v. 20, nº 121, jan.-fev., 1994.
SILVA, José Ariovaldo da. Tentando definir a natureza da liturgia. Apostila.
SIVINSKI, Marcelino. Pastoral litúrgica. São Paulo, 2008. Apostila do Curso de Atualização em Liturgia.


[1] Gregório Lutz. “Pastoral litúrgica”, in: SEMANA DE LITURGIA, 22., 2008, São Paulo. Pastoral litúrgica 40 anos depois de Medellín: memória, desafios e perspectivas. São Paulo, 2008. Apostila.
[2] Idem, ibidem.
[3] Cf. mais elementos em: CNBB. Guia litúrgico-pastoral. 2ª ed. Brasília, 2006, pp. 123-125.
[4] CNBB. Guia litúrgico-pastoral. 2ª ed. Brasília, 2006, p. 122.
[5] Ione Buyst. Equipa de liturgia. 4ª ed. Petrópolis: Vozes, 1987. (Equipa de Liturgia, 1.)
[6] José Ariovaldo da Silva. Tentando definir a natureza da liturgia. Apostila.
[7] Idem, ibidem.
[8] Ione Buyst. “Formação litúrgica integral”, in: CNBB. Formação litúrgica em mutirão II. ficha 30.
[9] E. H. Abreu; I. Buyst. “Preliminares: conceituação”, in: CENTRO DE LITURGIA. Formação litúrgica: como fazer? São Paulo: Paulus, 1997, p. 9. (Cadernos de Liturgia, 3.)
[10] Cf. idem, ibidem, p. 12.
[11] Ione Buyst. Formação litúrgica: memória pessoal. São Paulo: Centro de Liturgia, 1985-2006; Formação litúrgica: o que, para que, para quem, como? Seminário sobre a Pastoral Litúrgica. São Paulo, 11-15 de fevereiro de 2008. Apostila. Além disso, vários artigos escritos pela autora no site da CNBB: , Liturgia em Mutirão II. Cf. ainda Luiz Eduardo Pinheiro Baronto. Laboratório litúrgico: pela inteireza do ser na vivência ritual. São Paulo: Paulinas, 2006.
[12] CNBB. Guia litúrgico-pastoral. 2ª ed. Brasília, 2006, pp. 126-127.

Actualizado em Gabela, 21 de Setembro de 2018
Kaquinda Dias


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