Equipas de Liturgia: funções e modo de actuação
1. O que é uma Equipa?
No nosso dia a dia, de
uma forma ou de outra, estamos sempre envolvidos em Equipas.
Mas o que é mesmo uma Equipa?
Podemos dizer que uma Equipa é um conjunto de pessoas que se dedicam à
realização de um mesmo trabalho. São pessoas que lutam juntas por um objectivo
comum, de modo que possam alcançá-lo com maior rapidez.
No ambiente de
trabalho, a Equipa é um grupo de pessoas com habilidades complementares que
trabalham em conjunto para alcançar um propósito comum pelo qual são colectivamente
responsáveis.
Uma Equipa de trabalho
poderá atingir alto nível de desempenho em termos de produtividade e qualidade,
desde que seus membros sintam satisfação com suas tarefas e sua comunicação
seja adequadamente eficaz.
É preciso ter objectivos e metas comuns para alcançar os resultados
esperados.
2. Equipa de liturgia:
exigência da renovação litúrgica proposta pelo Concílio Vaticano II
O papa João XXIII
solenemente deu início ao Concílio Vaticano II, atendendo à voz do Espírito que
impelia à abertura de portas e janelas para a entrada de novos ventos na
Igreja. Esse grande acontecimento do Espírito do Senhor, seguido pelas
Conferências Episcopais, marcou a vida e a missão da Igreja.
O concílio propôs uma
volta às origens, redefinindo a liturgia como cume e fonte e como lugar privilegiado da experiência de salvação
realizada pelo mistério pascal de Cristo Senhor, centro e mediador da história
salvífica. Uma liturgia celebrada de forma activa, plena, consciente e frutuosa
por todo o povo de Deus, povo sacerdotal (sacerdócio comum e ordenado) que
possui costumes, língua e riquezas culturais muito próprias (cf. SC 5-8;
10.14).
O Concílio Vaticano II
mudou também o conceito e o jeito de ser da Igreja. Lembrou à Igreja que ela é
povo de Deus. A Igreja é o povo de Deus, corpo de Cristo, do qual ele é a
cabeça.
A Igreja é então
constituída por um povo de baptizados. O concílio valorizou ainda o sacerdócio
comum dos fiéis, ressaltando que todo o povo de baptizados participa do
sacerdócio de Cristo. Também destacou a diversificação dos ministérios
litúrgicos como expressão da Igreja-comunhão, Igreja corpo de Cristo, em que
cada membro tem a sua tarefa específica em função do bem comum da comunidade.
As mudanças provocadas
pelo Vaticano II nos princípios teológicos das mais diversas áreas da vida
eclesial (teologia litúrgica, eclesiologia etc.) tiveram repercussão na prática
da Igreja.
Por exemplo, sendo a Igreja todo o povo de Deus, nas celebrações todos
devem participar. O concílio pede: “Nas celebrações litúrgicas, cada qual faça
tudo e só aquilo que pela natureza da coisa ou pelas normas litúrgicas lhe
compete” (SC 28). Ninguém deve acumular funções na liturgia (SC 28-29). Cada
membro é sujeito e tem a sua função específica em favor do bem comum da
comunidade.
3. Equipa de liturgia:
o que é e para quê?
Primeiramente, vale
dizer que, para o bom funcionamento de um trabalho, é preciso haver organização.
A liturgia não foge à regra, pois necessita de uma Equipa de liturgia dedicada,
atenta e disposta a servir…
Em segundo lugar,
sendo a liturgia uma acção comunitária, pressupõe uma assembleia reunida com
uma diversidade de ministérios exercidos por pessoas com dons e carismas
distintos e complementares. Por sua natureza comunitária, a liturgia necessita
do serviço de Equipas que, em nome da comunidade eclesial, planeiem sua vida
litúrgica, preparem e avaliem as celebrações e qualifiquem os ministros e
servidores para eficiente e eficaz desempenho de suas funções.
Supõe trabalho
comunitário e participativo na comunidade. A Equipa não é “tarefeira”, mas de
reflexão, estudo e acção. A marca registada da Equipa é o serviço dedicado,
abnegado, inteligente e gratuito. Uma acção concreta em favor do bem comum,
numa verdadeira mística de serviço.
A Equipa de liturgia
é, então, o coração e o cérebro da pastoral litúrgica da vida da Igreja (diocesana,
paroquial e comunitária).
Entendemos “pastoral”
como actividade do pastor, que leva seu rebanho a verdes pastagens, a águas
frescas, que defende as ovelhas contra os perigos, contra lobos e ladrões,
assim como fez Jesus, o “Bom Pastor”. Ter esse espírito “pastoral”, ou seja, de
“pastor” que dá a vida por suas ovelhas, é próprio de todos os seguidores e
seguidoras de Jesus Cristo, principalmente de quem está servindo em uma
pastoral.
As Equipas de liturgia
são, em primeira mão, as responsáveis pela pastoral litúrgica. Essa acção
eclesial tem por objectivo imediato a participação activa, consciente e
frutuosa dos fiéis na celebração e por finalidade, a edificação do corpo de
Cristo mediante a santificação das pessoas e o culto a Deus. Na edificação do
corpo de Cristo, a pastoral litúrgica colabora com a edificação de toda a
humanidade e da criação inteira, conforme afirma Medellín: “A celebração
litúrgica coroa e comporta um compromisso com a realidade humana… e com a
promoção” (9,4). Isso significa que também os membros da pastoral litúrgica
devem visar à transformação do mundo em Reino de Deus.[1]
A pastoral litúrgica, em condições normais, é organizada em três
sectores: o sector da celebração propriamente dito (mais conhecido como
pastoral litúrgica), o sector de canto e música litúrgica, o sector do espaço
litúrgico e da arte sacra.
A pastoral litúrgica implica ainda cuidados com a preparação, a
realização e a avaliação das celebrações, com a formação do povo e dos
ministros e também com a organização da vida litúrgica nos vários níveis
eclesiais. Como escreve Pe. Gregório Lutz: “Esta divisão corresponde, portanto,
a um tríplice objectivo da pastoral litúrgica, que é promover celebrações
autênticas, a formação litúrgica, a organização da vida litúrgica, da formação
de seus agentes (SC 14 a 29) e da organização da pastoral litúrgica (SC 41-46).[2]
Podemos então concluir
que uma Equipa de liturgia (diocesana, paroquial e comunitária) deve ser
constituída levando em conta os três sectores (o sector da celebração
propriamente dito, mais conhecido como pastoral litúrgica, o sector de canto e
música litúrgica, o sector do espaço litúrgico e da arte sacra). Essas Equipas
cuidam da vida litúrgica, animando-a e articulando-a, com atenção às
celebrações, à formação e à organização.
4. Equipas de liturgia em
diferentes níveis
4.1. Em nível nacional
Para “favorecer a acção pastoral litúrgica na Igreja” (SC 43), o
concílio determina uma estrutura organizacional: uma Comissão Litúrgica
Nacional assistida por especialistas em liturgia, música, arte sacra e
pastoral, com a missão específica de orientar, na sua região, a acção pastoral
litúrgica e promover os estudos e as experiências necessárias sempre que se
trate de adaptações a serem propostas à Sé apostólica (SC 44).
Em Angola temos a seguinte organização: existe a Comissão
Episcopal Pastoral para a Liturgia, constituída por um bispo e…. Eles (deveriam
ser) assistidos por assessores(as) de três sectores: arte sacra e espaço
celebrativo, música litúrgica e pastoral litúrgica. Cada sector é ainda
assessorado por uma Equipa de reflexão, constituída por liturgistas, músicos,
arquitectos e artistas, ou seja, por especialistas nas áreas específicas.
A Comissão Episcopal Pastoral
para a Liturgia tem por objectivo acompanhar, incentivar e promover a vida
litúrgica, sua renovação e sua inculturação por meio da articulação com as
Dioceses, visando à formação litúrgica em todos os níveis e ao sólido
aprofundamento teológico das celebrações, para que elas contribuam para a
maturidade das pessoas e das comunidades em Cristo, tendo em vista a construção
do Reino de Deus.
4.2. Em nível diocesano
O Concílio Vaticano II pede: “(…) haja, em cada diocese, a
comissão de liturgia sacra, para promover a acção litúrgica, sob a orientação
do bispo. Poderá, às vezes, ser oportuno que várias dioceses formem uma só
comissão para promover em conjunto a acção litúrgica” (SC 45). E ainda: “Além
da comissão de liturgia sacra, instituam-se em cada diocese, se possível,
também comissões de música sacra e de arte sacra. É necessário que essas
comissões trabalhem em conjunto, e não raramente será oportuno que se unam numa
só comissão” (SC 46).
Em 26 de setembro de
1964, a 1ª Instrução Geral Inter
Oecumenici sobre a aplicação da constituição conciliar
detalhava as tarefas para as Comissões de Liturgia Nacional e Diocesana,
orientações que conservam ainda todo o seu valor. Em resumo, são as seguintes:
1) conhecer o estado da acção pastoral litúrgica na diocese (ver); 2) pôr em
prática a reforma litúrgica (animar); 3) sugerir aos presbíteros iniciativas
práticas para fomentar a liturgia (assessorar); 4) fazer um planeamento
progressivo de acção pastoral litúrgica e recorrer à assessoria de pessoas
competentes (planear); 5) fazer a pastoral litúrgica caminhar em colaboração
com os que trabalham no campo da Bíblia, da catequese, da pastoral, da música e
da arte sacra, bem como com todas as associações de leigos (pastoral de
conjunto).
4.3. Em nível paroquial
A Equipa de liturgia,
imbuída da mística de serviço e comprometida com a paróquia, exerce um serviço
bem mais concreto e prático: organiza toda a vida litúrgica nas comunidades
(celebração aos domingos — eucarística ou da Palavra —; celebrações dos sacramentos,
sacramentais e outras); garante um processo que actua no conjunto da pastoral
da paróquia e na formação litúrgica de todos; acompanha os animadores das
celebrações; prepara subsídios de apoio; garante que a Equipa esteja a serviço
das comunidades; delega representante para a formação diocesana; prepara as
celebrações em âmbito paroquial; providencia para que a liturgia seja
dignamente celebrada; imprime a espiritualidade litúrgica nas comunidades, nos
movimentos, no presbitério, enfim, em toda a pastoral diocesana.
4.4. Em nível de Zona e comunitário
Com uma actuação bem
localizada, a Equipa de liturgia da comunidade: promove e cria celebrações
inculturadas; acompanha as Equipas de celebração e toda a vida litúrgica da
comunidade; actua em sintonia com a Equipa paroquial; providencia para que a
liturgia seja dignamente celebrada.
5. As Equipas de celebração
Estas são encarregadas
directamente das celebrações da palavra de Deus, da eucaristia (missas), do baptismo,
do matrimónio, das exéquias e das bênçãos nas paróquias e comunidades. Dessas Equipas,
especialmente, fazem parte os leitores, os ministros da sagrada comunhão
eucarística, os recepcionistas, os salmistas, os cantores e instrumentistas, os
animadores, o comentarista e os ministros que presidem etc.[3]
6. Como constituir uma Equipa
de liturgia
É necessário fazer a distinção: uma coisa é a Equipa que pensa a
vida litúrgica da comunidade, paróquia, diocese, outra é a Equipa que actua
directamente em uma celebração litúrgica específica.
Podemos afirmar que os principais serviços de uma Equipa de
liturgia são: animação da vida litúrgica, planeamento, coordenação, formação,
assessoria e avaliação.[4]
Primeiramente, a Equipa deve ser constituída por pessoas que de
fato amam e vivem a liturgia. Exige carisma e dom. Exige ainda conhecimento,
uma formação básica ou mais aprofundada.
Na verdade, não há uma regra única. Vai depender de cada
realidade. A diversidade de carismas e dons enriquece a Equipa.
Algumas práticas já comprovam que o critério de
representatividade não deve ser a única possibilidade.
Em linhas gerais, existem alguns caminhos para constituir uma Equipa
de liturgia:
— Iniciar com um curso, para depois engajar as pessoas na
prática;
— Ir dando responsabilidades de acordo com o carisma de cada
pessoa (acolhida, canto, organização etc.);
— É preciso alguém tomar a iniciativa para dar início a uma Equipa.
Geralmente o apelo vem da realidade;
Bem constituídas, as Equipas
de liturgia vão exercer seu serviço com atenção às celebrações, à formação e à
organização, lembrando que canto-música e arte-espaço celebrativo são partes
intrínsecas da liturgia.
7. Por uma celebração em que
todos participem do mistério da salvação, cujo centro é o mistério pascal de
Jesus Cristo
A liturgia é celebração da história da salvação, que tem como
centro e plenitude o mistério pascal de Cristo (cf. SC 5-6).
“Deus quer salvar e fazer chegar ao conhecimento da verdade
todos os homens…”: assim se inicia o número 5 da Sacrosanctum Concilium.
Todo o Antigo Testamento é grande canto e imensa narrativa das acções do Senhor
em favor da salvação do povo eleito (= liturgia!). A experiência do êxodo é
típica e paradigmática. Deus foi sendo descoberto sempre mais intensamente,
sobretudo pelos sábios e profetas, como aquele que, com fidelidade e eterna
misericórdia (Sl 135), opera a salvação do povo. Um Deus libertador, solidário,
misericordioso, fiel, um Deus perdão, um Deus que ama a vida do seu povo, um
Deus que tudo faz para que o povo tenha salvação, isto é, vida plena[6]. Assim, Deus preparou
através dos tempos o caminho do evangelho.
Então, o jeito de Deus como perfeição da liturgia tornou-se bem
claro para nós na plenitude dos tempos, isto é, com Jesus Cristo e o seu
mistério pascal. Deus Pai nos prestou este grande serviço: deu-nos o Filho. Aí
está: a liturgia do Pai nos oferece o Filho![7]
É na paixão, morte e ressurreição de Jesus que aparece de
maneira acabada a liturgia divina: “Cristo Senhor, principalmente pelo mistério
pascal de sua sagrada paixão, ressurreição dos mortos e gloriosa ascensão, completou
a obra da redenção humana e da perfeita glorificação de Deus, da qual foram
prelúdio as maravilhas operadas no povo do Antigo Testamento” (SC 5).
Nascendo do lado aberto de Cristo (cf. SC 5), do seu mistério
pascal, a Igreja, impulsionada pelo Espírito Santo, nunca mais deixou de se
reunir para fazer memória desse mistério tão grande, escutando a Palavra e
celebrando a eucaristia, na certeza da presença de Cristo, pois ele está
presente em sua Igreja, sobretudo nas acções litúrgicas… No sacrifício da missa
(na pessoa do ministro) e, sobretudo, sob as espécies eucarísticas… Presente
está pela sua força nos sacramentos… e pela sua palavra… Está presente quando a
Igreja ora e salmodia… (cf. SC 7).
O memorial da liturgia divina se dá também nos outros sacramentos,
nos sacramentais, nas celebrações da Palavra e em tantas outras celebrações em
nome do Senhor. Toda liturgia constitui uma acção sagrada, feita de sinais
sensíveis, que nos remete à experiência do mistério de Cristo, de modo que é
importante a celebração da Liturgia das Horas (SC, cap. IV), do Ofício Divino
das Comunidades, como também o ano litúrgico (SC, cap. V), a música (SC, cap.
VI), o espaço litúrgico e a arte sacra (SC, cap. VII).
Pela acção ritual, participamos do mistério pascal, que nos faz
morrer e ressuscitar, dia a dia, em Cristo. Nossa vida e história são vida e
história de Cristo glorioso — nosso sofrer e vencer são participação na morte e
ressurreição de Cristo, na sua páscoa. Somos tocados pelo mistério. A liturgia
divina se comunica a nós pela memória que dela fazemos. E como isso se dá? De
maneira sensível, a saber, em comunhão com todos os nossos sentidos,
valorizando as expressões simbólicas e culturais da comunidade humana que
celebra. As acções simbólicas realizam aquilo que significam. Assim, em
verdadeiro diálogo amoroso, a comunidade celebrante, corpo místico de Cristo, é
santificada e, com profunda gratidão, glorifica o Senhor da vida e da História.
A nossa celebração se
tornará sempre mais verdadeira e autêntica se for expressão de uma vida
agradável a Deus. Dizendo “sim” a Deus, à sua vontade e à sua obra, e sobretudo
celebrando na liturgia esse nosso “sim” vivido, estamos levando a efeito a
salvação. E dessa forma, antegozando a liturgia celeste, vamos
vivendo/celebrando e contribuindo para a transformação do mundo em Reino de
Deus, até a vinda definitiva do Senhor Jesus (cf. SC 8).
8. Por uma formação litúrgica
adequada
Na dinâmica da Sacrosanctum
Concilium, encontramos a formação como condição para a participação
na liturgia e para a concretização da renovação litúrgica conciliar. Esta deve
ser iniciada pelos pastores/padres (cf. SC 14), que serão formados nos
seminários, nas casas religiosas e nos institutos de teologia por professores
devidamente preparados (cf. SC 15). Não basta, porém, a formação académica; é
necessário que os pastores estejam imbuídos do espírito e da força da liturgia
e dela se tornem mestres (cf. SC 14).
A liturgia deve ser fonte da vida espiritual dos presbíteros e
seminaristas. Participem dela de todo o coração tanto pela própria celebração
quanto pelos outros exercícios de piedade. É preciso também aprender a
observância das leis litúrgicas, para que a vida nos seminários seja impregnada
do espírito litúrgico (cf. SC 17).
Enfim, todos os pastores bem formados se empenharão em
proporcionar adequada formação para todo o povo e, particularmente, para os que
exercem serviços e ministérios. Essa formação se dará por meio de cursos,
escolas etc., bem como com o próprio exemplo (cf. SC 19).
Os meios de comunicação (rádio e televisão…) também formam. Não
é por acaso que a Sacrosanctum
Concilium, falando de formação, afirma: “As transmissões por rádio
e televisão das funções sagradas, particularmente em se tratando da santa
missa, façam-se com discrição e decoro” (SC 20).
Depois de recordarmos os dizeres do Concílio Vaticano II sobre a
formação, podemos perguntar: na nossa realidade,
como será a formação litúrgica?
Vamos partir do princípio de que é preciso “uma formação
litúrgica integral, envolvendo todas as dimensões do ser humano e todas as
dimensões da liturgia: a acção ritual, seu sentido teológico, sua
espiritualidade. (…) Nesta formação estamos incluindo a música e a organização
do espaço litúrgico”[8].
A formação litúrgica é um
processo pedagógico, tendo por objectivo final a participação activa, exterior
e interior, consciente, plena e frutuosa de todo o povo de Deus nas celebrações
litúrgicas, ou seja, a vivência do mistério de Cristo através da participação
na acção ritual. Para atingir a pessoa humana como um todo, é preciso operar
com a dimensão corporal, relacional, intelectual, afectiva, intuitiva, imaginária,
simbólica e experiencial da mesma.[9]
Para uma formação litúrgica eficaz, é preciso levar em conta a
metodologia. Quando se trata de formação litúrgica, a metodologia mais indicada
é a participativa, sobretudo se está
claro que tipo de liturgia se quer reforçar ou alcançar.
A metodologia da formação litúrgica requer ainda um programa ou
projecto que responda às seguintes questões: O quê? Com quem? — agentes e
destinatários. De onde e para onde? — ponto de partida (realidade dos
participantes no contexto sociocultural) e o ponto de chegada almejado (objectivos).
Por quê? — finalidades, justificativas. Como? — etapas, métodos e técnicas. O
quê? — conteúdos. Quando? — tempo, duração. Onde? — local, ambiente. Quem? O
quê? Quanto? — recursos humanos, materiais e financeiros. Por fim, execução,
acompanhamento da acção e avaliação.[10]
Falando ainda em metodologia, é importante produzir conhecimento
em mutirão, utilizando o método ver, julgar e agir. A observação
participante, o laboratório litúrgico e vivências rituais são técnicas
apropriadas para aprender liturgia, já comprovadas pela prática. Vale ressaltar
ainda o método mistagógico: do rito à teologia. Contribui também a leitura
orante, o processo de preparação, realização e avaliação das celebrações
litúrgicas.[11]
9. Por melhor organização e
funcionamento da Equipa
Bom começo para o processo de planeamento da Equipa de liturgia
é a elaboração do calendário de actividades, no qual são previstas as actividades
relacionadas aos tempos e festas do ano litúrgico; datas e festas da paróquia
ou da comunidade; datas especiais e reuniões da Equipa de liturgia; actividades
relacionadas à catequese, à pastoral do baptismo etc.
Oportuno meio para articular o serviço da animação da vida
litúrgica de uma paróquia, ou diocese é o plano de acção da Equipa de liturgia.
Um plano bem feito e realista permite caminhar com maior segurança, sabendo
aonde se quer chegar. Existem diferentes modos de elaborar um plano. O mais
importante é começar a planear o rumo e as actividades que vão garantir o
verdadeiro serviço de pastoral litúrgica. A própria acção de elaborar o plano
ou o calendário de actividades constituirá um exercício de comunhão e de participação.[12]
É importante utilizar a
dinâmica acção-reflexão-acção. Revela-se necessário que todos os participantes
da Equipa sejam sujeitos da acção que a Equipa desenvolverá.
9.1. Passos para a elaboração do
planeamento
• Ver a realidade — antes de qualquer passo, é importante que a Equipa
conheça a realidade, e isso em qualquer nível.
• Discussão em Equipa para:
— estabelecer objectivos (gerais e específicos);
— determinar prioridades;
— elaborar um cronograma de actividades: o que, quando, quem,
onde e quanto. Aqui vemos a importância da elaboração de um calendário
litúrgico-pastoral;
— determinar recursos (humanos, materiais e económicos);
— definir o método de avaliação.
• Redigir o Plano de Pastoral
Litúrgico; planeamento (calendário litúrgico): prever tudo com antecedência.
• Execução do Plano de Pastoral
Litúrgico.
• Avaliação e retomada do plano
de pastoral.
É importante ter
organização e uma coordenação que busque alcançar os objectivos do trabalho da Equipa
e garanta a participação de todos. Convém haver acompanhamento por parte de uma
liderança.
9.2. Organização básica e mínima
Calendário de reuniões,
coordenador(a) com liderança, local de fácil acesso, plano de trabalho,
orçamento, secretaria, documentação, biblioteca, espaços de lazer…
BIBLIOGRAFIA
ABREU, Elza Helena; BUYST,
Ione. “Preliminares: conceituação”, in: CENTRO DE LITURGIA. Formação litúrgica:
como fazer? São Paulo: Paulus, 1994, pp. 9-13. (Cadernos de Liturgia, 3.)
BUYST, Ione. Equipa de liturgia.
8ª ed. Petrópolis: Vozes, 1991. (Equipa de Liturgia, 1.)
_____. Pesquisa em liturgia:
relato de uma experiência. São Paulo: Paulus, 1994.
_____. “Pastoral
litúrgica”. Revista de Liturgia,
São Paulo, mar.-abr., 1989, pp. 35-43.
LUTZ, Gregório. “Pastoral
litúrgica”, in: SEMANA DE LITURGIA, 22, 2008, São Paulo. Pastoral litúrgica 40
anos depois de Medellín: memória, desafios e perspectivas. São Paulo, 2008.
Apostila.
REVISTA DE LITURGIA.
“Ministérios litúrgicos leigos”. São Paulo: Apostolado Litúrgico, v. 20, nº
121, jan.-fev., 1994.
SILVA, José Ariovaldo da. Tentando definir a natureza da
liturgia. Apostila.
SIVINSKI, Marcelino. Pastoral litúrgica.
São Paulo, 2008. Apostila do Curso de Atualização em Liturgia.
[1] Gregório Lutz.
“Pastoral litúrgica”, in: SEMANA DE LITURGIA, 22., 2008, São Paulo. Pastoral litúrgica 40 anos
depois de Medellín: memória, desafios e perspectivas. São Paulo,
2008. Apostila.
[2] Idem, ibidem.
[3] Cf. mais elementos
em: CNBB. Guia litúrgico-pastoral.
2ª ed. Brasília, 2006, pp. 123-125.
[4] CNBB. Guia litúrgico-pastoral.
2ª ed. Brasília, 2006, p. 122.
[5] Ione Buyst. Equipa de liturgia. 4ª
ed. Petrópolis: Vozes, 1987. (Equipa de Liturgia, 1.)
[6] José Ariovaldo da
Silva. Tentando definir a natureza da
liturgia. Apostila.
[7] Idem, ibidem.
[8] Ione Buyst.
“Formação litúrgica integral”, in: CNBB. Formação litúrgica em mutirão II. ficha 30.
[9] E. H. Abreu; I.
Buyst. “Preliminares: conceituação”, in: CENTRO DE LITURGIA. Formação litúrgica:
como fazer? São Paulo: Paulus, 1997, p. 9. (Cadernos de Liturgia, 3.)
[10] Cf. idem, ibidem,
p. 12.
[11] Ione Buyst. Formação litúrgica:
memória pessoal. São Paulo: Centro de Liturgia, 1985-2006; Formação litúrgica:
o que, para que, para quem, como? Seminário sobre a Pastoral Litúrgica. São
Paulo, 11-15 de fevereiro de 2008. Apostila. Além disso, vários artigos
escritos pela autora no site da
CNBB: , Liturgia em Mutirão II. Cf. ainda Luiz Eduardo
Pinheiro Baronto. Laboratório
litúrgico: pela inteireza do ser na vivência ritual. São Paulo:
Paulinas, 2006.
[12] CNBB. Guia litúrgico-pastoral.
2ª ed. Brasília, 2006, pp. 126-127.
Actualizado em Gabela, 21 de Setembro de 2018
Kaquinda Dias
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