Faleceu Stephen Hawking aos 76 anos

Faleceu Stephen Hawking aos 76 anos

Stephen William Hawking (1942 - 2018) foi um dos maiores génios do último século, um presente que a Humanidade recebeu 300 anos após a morte de Galileu. E, assim como outros grandes nomes da ciência, o trabalho do astrofísico britânico será lembrado para sempre!

Hawking revolucionou os estudos cosmológicos e se tornou um exemplo inacreditável de determinação e força de vontade. Mesmo preso em uma cadeira de rodas por várias décadas, o físico continuou a sua obra e conseguiu revelar um pouco mais dos vastos mistérios que o Universo esconde.

Revolucionando os estudos do Cosmos

Hawking ficou conhecido por conseguir transmitir as complexas teorias da Física de forma didáctica e simples para que pessoas leigas pudessem compreender. Desta forma, o cientista começou a promover a democratização do conhecimento.

Nós somos uma espécie avançada de macacos em um planeta menor de uma estrela mediana. Mas nós conseguimos entender o Universo. E isso nos torna muito especiais.

Mesmo sabendo que ainda falta muito trabalho para que os seres humanos sejam capazes de compreender o Universo, Hawking estava bastante orgulhoso do que já havia sido feito na área.

“Ao reflectirmos sobre o quanto somos pequenos em comparação à imensidão que há lá fora, o facto de sermos capazes de entender vários dos mecanismos e funcionamentos do Universo é algo realmente espectacular!”

“Meu objetivo é simples. É a compreensão completa do universo, por que ele é assim e por que existe”.

O cientista se consagrou por conseguir provar o que ficou conhecido como Teoremas da Singularidade no Espaço-Tempo, num estudo que mostra como esses eventos (as singularidades) existem corriqueiramente no Universo.

Lembramos que, uma singularidade do espaço-tempo é um ponto no espaço onde todas as grandezas físicas "quebram" as leis da natureza, tornando-se infinitas. 

Esses estudos ajudam a obtermos respostas sobre a origem do Universo e, consequentemente, o que nos espera no futuro. Hawking sonhava com isso todos os dias e era, sem sombra de dúvidas, o seu maior objectivo na vida.

“Se você pular num buraco negro, a sua energia de massa vai retornar para o nosso universo, mas num formato distorcido que contém a informação sobre qual era sua aparência, mas num estado em que não pode ser reconhecido facilmente. É como queimar uma enciclopédia. A informação não se perde, se você mantiver a fumaça e as cinzas. Mas é difícil de ler”.

Hawking dedicou a sua vida ao estudo dos buracos negros, um trabalho que durou mais de 30 anos para que pudesse obter os primeiros resultados. 

Ao contrário do que se pensava, o Físico defende que esses gigantes corpos massivos que vagam pelo Espaço não são totalmente escuros. Para Hawking os buracos negros podem emitir algumas partículas e radiações térmicas, resultado de todas as coisas que consome, incluindo a luz.

O cientista ainda defendia a ideia de que a informação das coisas absorvidas pelos buracos negros podiam surgir em outros universos!

Lidando com a doença degenerativa

“Não importa quanto a vida possa ser ruim, sempre existe algo que você pode fazer, e triunfar. Enquanto há vida, há esperança”.

Hawking era apaixonado pela vida! Uma das maiores alegrias de seu trabalho era a possibilidade de entender os mistérios por trás da origem do Universo e da própria existência de tudo o que nele habita.

Mesmo preso em uma cadeira de rodas, o cosmólogo mantinha o constante exercício de enxergar o lado positivo das coisas. É um trabalho difícil, mas que Stephen Hawking mostrou não ser impossível!

“Quando eu fui diagnosticado com ELA, o médico me deu dois anos de vida. Agora, 45 anos depois, eu diria que estou indo bem”.

Com apenas 21 anos, Stephen Hawking foi diagnosticado com esclerose lateral amiotrófica, uma doença degenerativa que acabaria por debilitar o movimento de todo o seu corpo. Na época, os médicos deram apenas 2 anos de expectativa de vida para o astrofísico.

No entanto, contrariando todas as probabilidades negativas, Hawking felizmente se manteve firme e forte por muitos anos. Assim, transformou-se em um incrível exemplo de resiliência e determinação para todo o mundo!

“Apesar de eu não poder me movimentar e ter que falar através de um computador, em minha mente sou livre”.

A esclerose lateral amiotrófica (ELA) fez com que Hawking perdesse progressivamente todos os movimentos do seu corpo. Porém, mesmo com essa rara doença degenerativa, o cientista não deixou de criar e de se expressar! 

Com a ajuda da tecnologia, Stephen Hawking foi capaz de falar e transmitir os seus pensamentos para o mundo. Ainda bem, pois ao contrário do seu corpo que a cada dia definhava mais, a sua mente continuava brilhante e funcionando a todo o vapor!

“As pessoas nunca terão tempo para você, se você sempre estiver bravo e reclamando”.

Essa foi uma das respostas que Stephen Hawking deu ao ser questionado sobre como conseguia ser tão resiliente. Para muitas pessoas a condição do cientista seria o fim do mundo, ou seja, não conseguiriam ultrapassar tamanha barreira. 

Mostrando ter uma boa dose de humor, o comentário de Hawking nos faz reflectir sobre os nossos "dramas" diários e as constantes queixas que fazemos sobre coisas que não são nada comparadas ao que ele enfrentou.

“Você tem que ter uma atitude positiva e tirar o melhor da situação na qual se encontra”.

Com um diagnóstico nada promissor em mãos, Stephen Hawking tinha tudo para ficar desanimado com a vida e desistir de seu trabalho. Afinal de contas, do que valia continuar os seus estudos se morreria em tão pouco tempo?

Foi por pensar exactamente o oposto que o cientista conseguiu superar todos os desafios que a doença lhe impunha e se tornar no maior génio que o mundo já viu nos últimos anos!

Reflexões para ver a vida de outra maneira

As mensagens de Stephen Hawking não devem ser interpretadas apenas no campo da Ciência. O autor e cientista nos deixou pensamentos que servem como fonte de inspiração e reflexão para todos os aspectos da vida, como:

“As grandes conquistas da humanidade foram obtidas conversando, e as grandes falhas pela falta de diálogo”.

“Da próxima vez que alguém reclamar que você cometeu um erro, diga a essa pessoa que talvez isso seja uma boa coisa, porque sem imperfeição nem você nem eu existiríamos”.

“Inteligência é a habilidade de se adaptar às mudanças”.

“Deus talvez exista, mas a ciência pode explicar o universo sem a necessidade de um criador”.

“A vida seria trágica, se não fosse engraçada”.

“Pessoas quietas têm as mentes mais barulhentas”.

“Lembre-se de olhar para o alto, para as estrelas, e não para baixo, para os seus pés”.

Essa é uma das lições que Hawking diz ter ensinado aos seus três filhos, e que nós temos a sorte de também aprender. 

Em entrevista a ABC News (2010), o cientista ainda completa com outros conselhos importantes: “nunca desistir do seu trabalho e nunca virar as costas para o amor”.

Stephen Hawking disse adeus a este mundo em 14 de março de 2018, curiosamente no dia do aniversário de outro grande génio que a humanidade já conheceu: Albert Einstein. 

Mas, felizmente, a vasta obra do cientista ficará imortalizada e servirá de base para os próximos gênios que virão. Os seus ensinamentos devem ser usados não apenas na Ciência, mas também como importantes lições de como devemos encarar a vida e respeitar o Universo.