Pasárgada

…Cheguei no momento da criação do mundo e resolvi não existir. Cheguei ao zero-espaço, ao nada-tempo, ao eu coincidente com vós-tudo, e conclui: No meio do nevoeiro é preciso conduzir o barco devagar.


Serei o que fui, logo que deixe de ser o que sou; porque quando fui forçado a ser o que sou, foi porque era o que fui.

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quinta-feira, 31 de agosto de 2017

A CONSTRUÇÃO SUBJETIVA INFANTIL NA PERSPECTIVA DE MELANIE KLEIN
Como ocorre o desenvolvimento infantil segundo Melanie Klein? Na psicanálise construída por Melanie Klein encontramos o conceito de posição, tal conceito remete a forma de como se constitui a subjectividade do bebé, e para Klein existem duas formas de constituição da subjectividade ou duas posições, que acontecem de forma processual. Tais posições podem ser denominadas de posição esquizo-paranóide e posição depressiva.
A posição esquizo-paranóide inicia no nascimento e vai até os seis meses de idade. Na posição esquizo-paranóide o desenvolvimento do eu é determinado pelos processos de introjecção e projecção. A primeira relação objectal do bebé ocorre com o chamado seio amado e odiado – seio bom ou seio mau. Os impulsos destrutivos e a angústia persecutória encontram-se no seu apogeu, assim como os processos de divisão, onipotência, idealização, negação e controle dos objetos internos e externos.
Segundo Melanie Klein a defesa primordial é a clivagem, o seio é o objeto primordial e será dividido em seio bom e seio mau, ou num bom objeto que o bebé possui e num mau objeto que está ausente, como mãe nunca está sempre presente na vida do bebé para amamentá-lo ela se torna ausente e o bebé com isso inaugura o processo de clivagem em sua subjetividade. Ele percebe o seio como “bom” porque o amamenta e como “mau” porque se ausenta.
Como se percebeu, o bebé nessa fase se relaciona com objetos parciais, o seio bom e mau, um objeto ideal e outro persecutório. Porém, o objeto mau é projetado para fora do bebé como sendo perseguidores e destruidores do objeto bom. Nessa fase vemos a existência de uma angústia persecutória, então a meta da criança nessa fase é de possuir o objeto bom e introjetá-lo e também de projetar o objeto mau para fora e assim evitar os impulsos destrutivos.
Num segundo momento, se desenvolve a posição depressiva, ela inicia aos seis meses de idade, nesse momento a relação do bebé com o mundo externo se torna mais diferenciada, aumentando sua capacidade de expressar emoções de se comunicar com as outras pessoas.
Nesse momento, o bebé reconhece a mãe como um único objeto, ou seja, o bebé começa a reconhecer a mãe como uma pessoa total com existência própria e independente, fonte de experiências boas e más. A criança compreende pouco a pouco que é ela quem ama e odeia a mesma pessoa, sua mãe, e assim inaugura a experiência do chamado sentimento de ambivalência.
Agora o bebé percebe que antes temia a destruição do seu objeto amado por perseguidores e agora ele teme que essa sua agressão possa destruir o objeto ambivalentemente amado e odiado. Sua angústia deixa de ser paranóide pra ser depressiva. E assim começa a se originar sentimentos de culpa e luto, como afirma Melanie Klein.
Com isso se inicia um processo de reparação dessa relação objetal ambivalente. Esse processo de reparação desse luto e culpa é que será a melhor saída da posição depressiva. Esse processo se dá com a aceitação da perda de parte do objeto, ocorrendo essa condição o bebé poderá restaurar o objeto amado, porque somente assim ele poderá reparar o desastre ocorrido e assim preservar o objeto amado de outros ataques dos objetos maus, esse processo de superação e reparação, segundo Melanie Klein, é o chamado de trabalho de luto.
Através da aceitação da perda é que o bebé passa a trabalhar saudavelmente a construção de sua subjetividade.
E de acordo com Melanie Klein, nós sempre estaremos vivendo as posições esquizo-paranóide e depressiva ao decorrer de nossas vidas, sempre de forma alternada, segundo a psicanálise kleiniana, essas são as únicas formas de se viver a angustiante e terrível vida humana.
Fontes:7.
NASIO, J. –D. Introdução às Obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1995.

COSTA, Teresinha. Psicanálise com crianças. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 2007
NASIO, J. –D. Introdução às Obras de Freud, Ferenczi, Groddeck, Klein, Winnicott, Dolto, Lacan. Rio de Janeiro: Ed. Jorge Zahar, 1995.

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