NADA
Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Nada é um conceito normalmente
usado para descrever a ausência de qualquer coisa.
Filosofia - Ao pensar-se no “nada”,
associamos à nossa mente a ausência de qualquer coisa que seja, o vazio absoluto.
O nada foi pensado como conceito pelos filósofos que questionavam inclusive se "o
nada existe?". Ao definir o nada como a ausência de qualquer coisa, então
do próprio existir, Kant
apresentou a existência do nada como um "pseudoproblema", uma falsa questão.
Sartre
vai tratar o nada em oposição ao ser, que é o existir de algo[1].
Heidegger,
cujo pensamento foi influenciado pelos místicos[2],
trata em sua aula inaugural, "Que é Metafísica?", que a pergunta
fundamental da metafísica é "por que existe o ser e não o nada?"
(ou "por que existe afinal ente e não antes nada?")[3]
, e esta pergunta, pelo cosmólogo brasileiro Mário Novello, também é a pergunta
fundamental da cosmologia[4]
, quando tenta tratar como surgiu o universo, que seria o maior objeto que a ciência
pode tratar.
Física – Fisicamente é preciso distinguir
três coisas: o vácuo,
o vazio
e o nada. O vácuo é um espaço não preenchido por qualquer matéria,
nem sólida,
nemlíquida,
nem gasosa,
nem plasma,
nem mesmo a matéria escura. Mas pode conter (isto é se o conceito
de conter, puder ser aplicado aqui) campos:campo elétrico,
campo pseudo-magnético, campo gravitacional, luz, ondas de rádio,
raios X,
ou outros tipos de radiação bem como outros campos e a denominada energia escura.
Pode também estar sendo atravessado pelas partículas não materiais mediadoras das
interações. O vácuo possui energia e suas flutuações quânticas podem dar origem à produção
de pares de partícula e anti-partícula.
O vazio seria um espaço
em que não houvesse sequer matéria, campos (não gravitacionais) ou radiação. Mas
no vazio haveria ainda o espaço, isto é, a capacidade de caber algo, ainda que não
houvesse nenhum objeto para preenchê-lo. Todo o espaço, mesmo que não contenha matéria,
é preenchido por campo gravitacional.
No nada não existe nem
o espaço, isto é, não há coisa alguma nem um lugar vazio para caber algo. O conceito
de nada inclui também a inexistência das leis físicas
que alguma coisa existente obedeceria, dentre elas a conservação da energia, o aumento
da entropia e a própria passagem do tempo. Sendo o espaço o conjunto dos lugares,
isto é, das possibilidades de localização, sua inexistência implica na impossibilidade
de conter qualquer coisa. Isto é, não se pode estar no nada. O nada é, pois, um
não-lugar.
Por definição, quando se
fala de existência se fala da existência de algo. O nada não é coisa alguma,
logo não existe. O nada é um signo, uma representação linguística
do que se pensa ser a ausência de tudo. O que existe são representações mentais do nada. Como uma definição
ou um conceito é uma afirmação sobre o que uma coisa é, o nada não é positivamente
definido, mas apenas representado, fazendo-se a relação entre seusímbolo
(a palavra "nada") e a idéia que se tem da não-existência de coisa alguma.
O "nada" não existe, mas é concebido por operações
de mente.
Esta é a concepção de Bergson, oposta à de Hegel, modernamente reabilitada
por Heidegger
e Sartre,
de que o nada seria uma entidade de existência real, em oposição ao ser.
Cosmologia moderna – Dentro de determinadas teorizações em Cosmologia,
como de acordo com o modelo padrão da cosmologia
(o Big bang),
o Universo
surgiu de umasingularidade primordial que, no instante zero,
iniciou sua expansão, gerando tudo o que existe, inclusive o tempo e o espaço. Nesta singularidadeestava
todo o conteúdo de matéria-energia que existe. Antes, porém, não havia coisa alguma,
nem vácuo, nem energia,
nem leis físicas, nem espaço vazio para se ter alguma coisa nem mesmo o tempo decorria.
Seria o nada.
Porém, existem determinadas teorizações que afirmam que
o Big Bang não produziu o universo a partir do nada e sim a partir de um estado
anterior que pode inclusive ser a contração de um universo anterior. A estes modelos
cosmológicos, chamam-se modelos cíclicos, genericamente. Entre os diversos existentes,
destacam-se o modelo cíclico e suas diversas variações, o modelo
de Big Bounce (grande
"rebote") e o modelo universo oscilante. Nestes modelos, sem exceção,
o que seja o Big Bang é apenas um ponto inicial de onde o universo iniciou sua expansão,
estando ali em alta densidade etemperatura, até chegar a sua atual apresentação
no presente. Nestes modelos, sem exceção, o universo seria eterno (e até, com definições
mais complexas do que seja esta eternidade) e sempre existiu, jamais se originando
do nada. Em outras palavras, sempre teria existido algo.
Todavia, existe uma evidência matemática
criada por Audrey Mithani e Alexander Vilenkin, da Universidade Tufts em Massachusetts,
EUA, que se utiliza da mecânica quântica para demonstrar que o universo
tem que ter tido um começo. Uma demonstração mais simples seria a seguinte: imagina-se,
por exemplo, um átomo
de silício
que faz parte do vidro do monitor de um computador.
Para que o ser
que compõe este átomo esteja ai, ele teve que participar de uma série de fenômenos
até chegar onde está. Obviamente, esses fenômenos ocorreram num período de tempo, que pode-se chamar de
X. Admitindo que o ser que compõe este átomo teve um início, X é um número que,
por maior que seja, é limitado, possibilitando que esse tempo X se esgote. Quando
o tempo necessário para que o átomo esteja no monitor se esgotar, o átomo estará
no monitor. Porém, se X for igual a infinito, (condição para que o universo seja
sem começo), esse período de tempo nunca se esgotará, e o átomo nunca estaria fazendo
parte do monitor.
Aplicando o mesmo princípio para o atual estado do universo,
sabe-se que se ele não tiver um início, podemos traçar trajetórias infinitas para
o ser (ou os seres) que compõe o universo, até que as coisas alcancem seu estado
atual. Mas uma trajetória infinita nunca pode ser percorrida por completo, o que
impossibilita a existência das coisas no tempo presente ou em qualquer outro tempo
determinado.
Gramática – Em gramática, pode ser
tanto para descrever a falta de argumentos como para descrever algo que não se encaixou
no pretendido. Exemplos:
- Ele não disse nada. - Neste caso, ele não disse nenhuma palavra.
- Ele não disse nada do que eu pedi. - Neste caso ele disse algo, mas nada que se encaixou
no pretendido.
Matemática – Matematicamente o conceito
de nada é equivalente ao de "conjunto vazio",
que é o conjunto que não possui elementos, mas é um elemento do conjunto dos subconjuntos
de um conjunto
(chamado de conjunto das partes). Assim este "nada" matemático, seria
sempre um dos elementos de qualquer conjunto. Esta concepção, aplicada à física,
todavia, não possui base fenomenológica sustentável, pois a física não é a matemática
em si, embora se possa tratar as coisas físicas por modelos matemáticos, ou modelos
físico-matemáticos, construindo-se física.
Deve-se destacar que um ponto, da geometria,
que não possui dimensão, também não pode ser associado ao conceito de "nada"
diretamente, pois sendo um ponto, não pode ser o nada plenamente definido
na Filosofia.
Por Kaquinda (Pasárgada)
[1]
Sartre, Jean-Paul; O Ser E O Nada - Ensaio De Ontologia
Fenomenologica; Editora Vozes; 13ª Edição - 2005; ISBN 8532617620
[2] Caputo, John D. (1986), The Mystical Element in Heidegger's Thought.
Fordham University Press, New York.
[3]
Martin Heidegger; QUE É METAFÍSICA?; 1929
- www.cfh.ufsc.br
[4]
MARIO NOVELLO; O que é cosmologia?: A revolução do pensamento
cosmológico; Jorge Zahar Editor; Rio de Janeiro; 2006 ISBN 8571109125
Nenhum comentário:
Postar um comentário
Observação: somente um membro deste blog pode postar um comentário.