Diocese
de Viana
Viana
CARTA PASTORAL
SOBRE O
USO DA ÁGUA BENTA E ÓLEO
NOS SANTUÁRIOS, IGREJAS E
CAPELAS
DA NOSSA DIOCESE
01 de Janeiro de 2012
A todos os Párocos,
Sacerdotes
e Religiosos,
Seminaristas,
Catequistas e
Fiéis
da Diocese de
Viana
CARTA PASTORAL
SOBRE O
USO DA ÁGUA BENTA E ÓLEO
NOS SANTUÁRIOS, IGREJAS E
CAPELAS
DA NOSSA DIOCESE
Há já muito se
vem fazendo sentir a necessidade de algum pronunciamento pastoral e jurídico-canónico
acerca do uso imoderado e já muito desviado da água benta e óleo nos nossos
santuários, igrejas e capelas. No entanto, achámos que devíamos esperar alguns
anos a observar e a reflectir para, em tempo oportuno e depois de suficiente
observação, emitirmos o nosso parecer como fruto maduro da nossa reflexão.
Trata-se de um
assunto bastante delicado mas que nem por isso deve deixar de ser abordado com
toda a profundidade para que acabe de uma vez para sempre o obscurantismo que
rodeia o uso defeituoso destes dois símbolos tão importantes na Sagrada
Escritura, na Tradição da Igreja, na celebração dos Sacramentos e Sacramentais
e na praxe cristã do nosso povo. Na verdade, é constrangedor observar o que se
passa entre nós neste capítulo, sobretudo nos santuários, pelo que achamos ser
hora de nos pronunciarmos sobre este assunto antes que ele adquira piores
contornos e o povo venha a pecar por falta de instrução dos sacerdotes (Os
4,1-10). É que geralmente quando o povo cai em algumas aberrações deste género,
está na origem disso uma falta de formação que deve ser imputada aos agentes de
pastoral a todos os níveis da Hierarquia da Igreja. Não devemos, no entanto,
ficar a lamentar. Devemos, isso sim, ir ao encontro dessas carências e
colmatá-las com os meios de que dispomos. E a Catequese é o grande meio à nossa
disposição.
Para abordarmos
este tema com a profundidade que ele exige, é imperativo que façamos uma
incursão no mundo bíblico e depois passemos para a teologia que lhe subjaze e,
finalmente, para a história da pastoral da Igreja ao longo dos séculos para
podermos então compreender porque é que se chegou a este ponto. Por isso, vamos
ser um pouco longos na abordagem desta problemática e, por vezes, a linguagem
pode não ser totalmente compreendida por todos, mas confiamos na perícia dos
agentes de pastoral, Párocos, Sacerdotes, Religiosos e Leigos preparados, para
que complementem, com as devidas explicações ao povo de Deus, tudo quanto vamos
procurar expor. Assim, mais uma vez esta nossa carta pastoral tem uma
apresentação que roça o estilo didáctico, coisa que não é muito própria de
cartas pastorais. Mas a razão disso é que sentimos uma carência de formação em
profundidade a todos os níveis, e vamos fazer um esforço por transmitirmos
alguns conhecimentos que ajudem à solução deste problema que nos preocupa
muito. Futuramente as nossas cartas pastorais seguirão o estilo próprio deste
tipo de documento. Desta forma peço aos sacerdotes que consultem as obras aqui
citadas ou outras da imensa bibliografia que a Igreja possui.
Somos
favoráveis a que, depois de uma profunda e demorada catequese, se restaure o
uso da água benta nas nossas igrejas, capelas e santuários segundo a doutrina
da Igreja, a praxe dos cristãos e de acordo com uma boa compreensão do significado
deste símbolo sagrado. Com o que queremos acabar é apenas com o mau uso e o
abuso que se está a fazer dele, reduzindo-o a uma espécie de sortilégio,
feitiço, talismã. Isso é o que ele não é.
I - Significado da “ÁGUA” e do “ÓLEO” na
Sagrada Escritura
A - A água
Como
é bom de ver, estamos a escrever uma carta pastoral e não uma sebenta para
estudantes de teologia num seminário ou universidade. Mas como atrás ficou
dito, achamos dever dar a esta carta um tom didáctico e então vamos fazer uma
curta incursão na Sagrada Escritura sem sermos pesados nem demasiado técnicos.
Apenas o suficiente para basearmos o nosso pensamento na própria raiz de onde
dimana toda a seiva que percorre o organismo da Igreja.
a) No Antigo Testamento
A palavra “água”
tem na Bíblia um significado muito vasto. A própria palavra hebraica que
designa a água é de si muito significativa: mayim.
Esta palavra mayim é um plural e não
singular. Em quase todas as línguas semíticas como o aramaico, o siríaco, o
ugarítico, o acádico, o neo-babilónico, o mandaico, o etiópico, o egípcio, o
árabe a palavra “água” tende a passar ao plural (plurale tantum, pois, à primeira vista poderia confundir-se com um
dual).
A razão porque
esta palavra é plural, podendo traduzir-se por água ou águas prende-se
com o facto de que a água é fonte de vida e pode ser origem de morte, dá
frescura e consolação, é pura e encanta, difunde-se, derrama-se. Este plural é
chamado um plural de abundância, de plenitude ou como também dizem certos
gramáticos de renome, um plural de composição ou de extensão, pois a renovação
da água corrente dá a impressão de partes distintas[1]. De
igual modo, a palavra “vida” (em
hebraico hayim) é também plural pelo
mesmo motivo. Para nós isto pode parecer que não tem importância mas se
pensarmos um pouco mais, vemos que a coisa não é bem assim.
De facto, se
formos a ver bem, nas nossas línguas a palavra “água” também não é tão simples
e indica um plural. Por exemplo, em Kimbundu, a palavra água diz-se “menha” o que nos leva a pensar num
plural da IV classe dos substantivos. E se for muita água, como a do mar,
pode-se dizer “kalunga” (mar), sendo
que esta palavra também significa “morte”,
e por transposição pode atribuir-se a Jesus Cristo “O Kalunga Samba (= O Altíssimo, o Infinito, o Imenso) ”. Como a
água do mar é salgada e a dos rios e lagos geralmente doce e potável (menha matome), assim se pode dizer “menha ma kalunga” (água do mar) para se
distinguir da “menha ma ngiji” (água
do rio). Possuo poucos conhecimentos de gramática generativa kimbundu, mas pela
experiência chego a esta conclusão que, sendo discutível, acho razoável.
Quer dizer que
todas as civilizações se têm deixado impressionar pela água como elemento da
natureza imprescindível para a vida tanto das pessoas como dos animais e das
plantas. Por isso, nada de anormal que a água inspire profunda devoção e muito
medo. De facto, a água inspira muito respeito e não se pode conceber apenas
como a mentalidade moderna o faz, como um elemento da natureza composto de dois
átomos de hidrogénio e um de oxigénio (H2O), insípida, inodora e
incolor. É muito pouco!
Israel
considera a água elemento básico para a sustentação da vida e por isso depressa
adquiriu uma forte importância cósmica na própria cosmologia israelítica. Daqui
a atribuição de nomes a certos lugares ligados à água, como por exemplo: Beer-Sheva (Gn 21,31), mê dimon (Is 15,9), mê megiddo (Jz 5,19), mê neptoah (Jos 15,9), mê
yerihó (Jos 16,1), mê meriba
(Num 20,13), mê nimrim (Is 15,6),
mê zahab (Gn 36,39), mê hayyarqon (Jos19,46) e a cidade da
água “’ir hammayim” (2Sm 12,27)[2].
Seria muito
longo e fastidioso, senão mesmo despropositado, descrever o significado do
termo “mayim = água” em Israel no
âmbito desta carta. Por isso, preferimos entrar no significado religioso do
termo que é o que mais nos interessa para o objectivo que nos preocupa. No
entanto, não devemos deixar de registar que em todo o Próximo Oriente a água
era reconhecida como o primeiro elemento da criação e indispensável para o
processo que leva ao aparecimento da vida. Para Israel a vida nasce da água[3]. A
falta de água traz morte e infertilidade, enquanto a sua presença traz vida e
fertilidade. A associação da água com os fenómenos da natureza como
tempestades, trovões, relâmpagos confere-lhe o sentido de mistério e poder e,
de simples elemento, passa a ser considerada um poder cósmico.
Israel confere
um significado de santidade à água de modo que os lugares das fontes de água
são considerados sagrados. Assim, algumas fontes e nascentes tornam-se santuários
e são olhados como lugares especialmente santos: por exemplo Beer-Sheva, que
significa Poço do Juramento (Gn
21,30; 26,32). A santidade dos poços é o motivo do Canto do Poço (Num 21,17
ss). No 2Rs 5,1-14, a narrativa da cura do leproso Naaman reflecte a crença na
santidade da água do rio Jordão. A partir disto, a passagem ao uso ritual da
água é rápida. A noção de pureza está intimamente associada à de santidade. A
água corrente era a preferida para os rituais (Lv 14,5ss; Nm 19,17ss), mas a
água como elemento purificador constituía parte do sacrifício (Lv 1,9.13;
8,21). As pessoas envolvidas no culto deviam purificar-se com água antes de o
exercerem (Lv 8,6; Nm 8,7). Isto permite-nos concluir que estas lavagens
representam uma acção simbólica e tomam a parte pelo todo no sentido em que
representam a lavagem de todo o corpo (Lv 16,4.24). Segundo Ezequiel, Javé
aspergirá água pura sobre todos para retirar o pecado e lavá-los de toda a
imundície (Ez 36,25).
No AT a falta
de pregação da Palavra em Jerusalém era considerada pelos profetas como que
tempo de seca (cf. Jr 14). Este capítulo 14 de Jeremias é de uma enorme beleza.
Geralmente as Bíblias modernas encabeçam este capítulo com um título: O flagelo da seca, ou algo semelhante.
Dá, de facto, a impressão que se trata de um capítulo acerca da falta de chuva.
No entanto, na literatura profética, a falta de água é uma figura retórica que
dá a ideia da falta da pregação da Palavra do Templo, culpa a imputar aos
sacerdotes (cf. Os 4,1-10). Os jovens que foram enviados pelos mais velhos às
cacimbas (cf. Jr 14,3), regressam com os depósitos vazios, envergonhados,
porque elas estão secas. Não encontrar água significa não encontrar a Palavra
de Deus, pois, na exegese rabínica a Torá é comparada a uma fonte de água. Os
agricultores estão desesperados e até os animais selvagens abandonam as suas
crias enquanto o gado de grande porte aspira o ar na esperança de sentir a
presença da água. Mas não se trata de uma imagem bucólica. Na verdade, o
profeta invoca o Senhor com uma palavra de duplo significado: Esperança de Israel… (Jr. 14,8). O termo
“Esperança” (em hebraico - tikvá ou mikvé) também pode significar depósito de água, cisterna, isto é, trata-se de um modo de falar de Deus como
esperança do povo ou “fonte de água”
o que reforça exactamente a ideia da
falta de pregação da Palavra mais do que propriamente da falta de água da
chuva. Javé é que é a água de que o povo sente sede, o reservatório imenso onde
o povo deve ir encher os seus recipientes.
b) No Novo Testamento
Também no NT o
tema da água está muito presente. Se a pregação profética é uma preparação para
o mistério de Cristo, este veio ao mundo para nos dar a sua Palavra e a Sua
Pessoa como a água prometida pelos profetas. Cristo é a rocha que, uma vez
aberta, deixa sair água para matar a sede ao povo (Jo 19,34 - alusão a Nm 20)
que peregrina em direcção à pátria celeste, a nova terra da promessa (cf. 1Cor
10,4; Jo 7,38; cf. Ex 17,1-7). Do mesmo modo, Cristo tornou-se o Templo (cf. Jo
2,19 ss) debaixo do qual saem as águas que escorrem em todas as direcções para
dar vida à nova Jerusalém (Ez 47,1-12) e dessedentar o povo (Jo 7,37; Apc
22,1-17). Estas águas simbolizam o Espírito Santo (Jo 7,39)[4].
Se, apenas como
exemplo, dermos uma olhadela ao Evangelho de S. João sem entrarmos a fundo na
evolução do termo “água” desde o capítulo I em que o Baptista dá testemunho da
sua missão ao realizar o baptismo do povo (e o do próprio Cristo), passando
depois para o capítulo II das bodas de Caná em que Cristo transforma a água em
vinho, prosseguindo no capítulo III com o diálogo com Nicodemos em que Jesus
incute a necessidade do segundo nascimento pela água e pelo Espírito, avançando
para o capítulo IV com o belíssimo diálogo de Jesus com a Samaritana acerca da água
viva e assim por adiante até o soldado abrir o peito de Jesus na cruz donde
saiu imediatamente sangue e água (Jo 19,34) que, segundo a interpretação
patrística é a fonte dos Sacramentos e da própria Igreja, só isso basta para
nos apercebermos do significado profundo do termo “água” em S. João.
Trata-se
verdadeiramente de uma catequese baseada no simbolismo da água como elemento
imprescindível à vida espiritual. A água no diálogo de Jesus com a Samaritana
parece significar a própria Palavra vivificadora que Cristo veio trazer (Jo
4,10-14.26; cf. Jr 2,13).
c) A água baptismal
O simbolismo da
água adquire o seu sentido pleno no baptismo cristão. O que está na origem da
utilização da água no Baptismo é a sua virtude purificadora (cf. 2Rs 5,10-14;
Mt 3,11 par.). A água do Jordão que purificou Naaman da lepra é a mesma que
João usa para o baptismo da purificação dos pecados do povo. Mas agora trata-se
da purificação da alma, da consciência (1Pe 3,21). É um banho que nos lava dos
nossos pecados (1Cor 6,11; Ef 5,26; Hb 10,22; Act 22,16).
S. Paulo avança
ainda mais a partir deste simbolismo e compara o movimento de imersão/emersão
como imagem da sepultura do homem com Cristo e da ressurreição espiritual (Rm
6,3-11). Isto compreende-se melhor se nos lembrarmos que no início da Igreja o
baptismo era realizado na Vigília Pascal por meio da imersão da pessoa numa
pequena piscina.
Este movimento
de descida/subida significava a descida às águas da morte e a subida para uma
vida nova. É isso exactamente o que diz S. Paulo: “Pelo Baptismo fomos, pois, sepultados com Ele na morte, para que, tal
como Cristo foi ressuscitado de entre os mortos pela glória do Pai, também nós
caminhemos numa vida nova (Rm 6,4). O tema da vida nova é recorrente nas
cartas de Paulo (Rm 7,6; 2Cor 5,1; Cl 2,12; 3,3.9-10; 1Pe 3,20-21).
Esta imagem do
nascimento para uma vida nova através do Baptismo como se se tratasse de sair
do ventre materno uma segunda vez, já S. Agostinho o comentou nesta célebre
expressão por demais onomatopaica: vulva matris,
aqua baptísmatis. Em Kimbundu a palavra “ventre/barriga” diz-se “divumu” a qual também pode, por
metáfora, significar “família” e em
sentido espiritual família de Deus = divumu dia Nzambi”. A Igreja seria assim como um grande ventre do
qual estão continuamente a sair novos filhos para a Família de Deus por meio do
Baptismo.
Daqui que S.
Paulo se atreva a dizer:” Todos os que
fostes baptizados em Cristo, revestistes-vos de Cristo” (Gl 3,27). A
relação entre o Baptismo e a Ressurreição de Cristo ou com o Espírito de Cristo
ressuscitado é uma ligação vital que nos revela o sentido pleno do Baptismo.
d) A água benta
É provável que
as gerações novas não tenham sido educadas no antigo uso de as pessoas se
benzerem com água benta ao entrar na igreja paroquial e na Catedral. Na
verdade, este costume foi desaparecendo infelizmente e, hoje em dia, quase se
perdeu de todo. Ora, talvez seja hora de restaurá-lo através de uma catequese
apropriada. Diz-se que foram retiradas as pias da água benta por razões higiénicas;
talvez isso tenha algum peso, mas não parece ser a água benta motivo de
contaminações tais que tenham levado ao aparecimento de alguma epidemia. Se
este gesto, por razões higiénicas, devesse ser desaconselhado, então seria
oportuno restaurar o antigo rito do “Asperges
me”.
O rito do “Asperges me” antigamente ao início de
todas as Eucaristias de Domingo e depois de modo especial durante o tempo
pascal, também se foi perdendo lentamente, ao contrário do que estipula o
Missal Romano, de modo que hoje nem nas igrejas paroquiais nem nas nossas
catedrais é geralmente celebrado, o que é uma grande pena. Por sinal, na
Catedral de Viana costuma fazer-se com a respectiva capa de Asperges. Ora, o povo na sua piedade e devoção, ao ver-se
privado desses elementos litúrgicos, forjou outros sem que para isso tenha sido
autorizado ou seja especialmente competente. Agora, o mau uso que se faz da
água benta pode ter a ver mais com os agentes da pastoral, mormente os Bispos e
os sacerdotes, que não instruem o povo, do que com as práticas pouco
“católicas” do próprio povo.
Desde os
primórdios da igreja que os cristãos utilizavam um rito de purificação das mãos
antes da oração, pois, sendo judeus ou vivendo em ambiente judaico conservaram
o costume de lavar as mãos antes da oração. Depois apareceu o rito da aspersão para substituir a lavagem das
mãos. E esses ritos faziam-se com água benta também para recordar a água do
Baptismo.
A água benta
não tem como objectivo afugentar os espíritos maus nem qualquer relacionamento
com a feitiçaria. Vamos já expor de seguida o que são e para que servem os
Sacramentais. É lamentável ver em algumas das nossas igrejas as antigas, pias
de água benta, algumas até artisticamente trabalhadas, a servirem de
repositório de lixo ou de outros quaisquer objectos[5].
B - O Óleo[6]
O ambiente
palestinense que serviu de berço à nova Religião inaugurada por Jesus Cristo,
sempre teve em grande apreço o azeite. De resto, uma das culturas mais comuns
na região mediterrânica foi sempre a da oliveira. O azeite também teve um
grande uso nos tempos do Império Romano e nas lutas dos gladiadores e lutadores
corpo a corpo. Por causa do seu uso na iluminação (Ex 27,20 s; Mt 25, 1-13), na
perfumaria (Am 6,6; Est 2, 12) na medicina para fortificar os membros (Ez 16,9)
e curar as feridas (Is 1,6; Lc 10,34) e na confecção dos alimentos (1Rs 17,14)
o azeite foi ganhando um simbolismo cada vez maior[7].
Na Bíblia o
óleo foi sempre considerado símbolo de felicidade, de abundância e prosperidade
como é referido em Job: «Quando lavava os
meus pés com a nata do leite e o rochedo derramava para mim ondas de azeite» (Jb
29,6; cf Dt 33,24). Este simbolismo atingiu um ponto alto quando foi atribuído
a Jesus o título de Ungido do Pai, ou Cristo, títulos que vêm da unção com
óleo, a qual nos tempos do Antigo Testamento era obrigatória para a consagração
dos Reis, Sacerdotes e Profetas.
a) O óleo é um dom de Deus
Juntamente com
o trigo e o vinho é um dos alimentos essenciais com que Deus sacia o seu povo
fiel (Dt 11,14) na terra, rica de oliveiras (Dt 6,11; 8,8). Trata-se de uma
bênção divina (Dt 7,13s; Jr 31,12). A sua privação é sinal de castigo por causa
da infidelidade (Mq 6,15; Ab 3,17) e a abundância de óleo, trigo e vinho é o
sinal da salvação (Jl 2,19) e da felicidade escatológica (Os 2,24).
b) Simbolismo do óleo
Se o óleo é
sinal da bênção de Deus, a oliveira frondosa e carregada de frutos é o símbolo
do justo abençoado por Deus (Sl 52,10; 128,3; cf Eccli 50,10) e da sabedoria
divina que revela na lei a via da justiça e da felicidade (Eccli 24,14. 19-23).
Quanto às duas oliveiras que alimentam com o seu óleo o candelabro das sete
lâmpadas (Zc 4,11-14), elas representam os dois «filhos do óleo», os dois ungidos de Deus, isto é, o rei e o
Sumo-sacerdote, que têm a missão de iluminar o povo e de o conduzir ao caminho
da salvação.
O óleo da unção
real é o verdadeiro «óleo da alegria» (Sl 45,8), sinal externo da eleição
divina acompanhada da irrupção do espírito que toma posse do eleito (1Sm
10,1-6; 16,13). Esta ligação entre a unção e o Espírito está na origem do
simbolismo fundamental do óleo nos sacramentos cristãos, especialmente na unção
dos doentes que aparece mencionada na carta de Tiago (Tg 5,14; cf Mc 6,13)[8]. Os
santos óleos comunicam ao cristão a graça multiforme do Espírito Santo, daquele
Espírito que fez de Jesus o «Ungido» por excelência e o Filho de Deus (Hb 1,9
que aplica o Sl 45,8 a Cristo para lhe proclamar a sua divindade).
Este símbolo de
cura espiritual é muito importante. Nos tempos bíblicos havia muitos
medicamentos e todos eram tirados directamente da Natureza. A unção com óleo
era muito usada para aliviar as dores. Havia colírios para os problemas
oftalmológicos (Apc 3,18). Quase todos os unguentos eram feitos a partir do
azeite que, ao entrar nas feridas dava uma sensação de alívio (Sl 109,18).
Basta lembrar a parábola do Bom Samaritano (Lc 10,34; cf Is 1,6). E não nos
esqueçamos deste texto de Marcos referente ao envio dos Apóstolos que “expulsavam numerosos demónios, ungiam com
óleo muitos doentes e curavam-nos” (Mc
6,13; Tg 5,14).
A luta olímpica
greco-romana utilizava o óleo de modo abundante quer para dar vigor ao atleta
quer para o ajudar a escapar das mãos do adversário. Besuntar permanentemente o
corpo com óleo durante a luta, prolongava o combate e só a muita agilidade
aliada à força muscular permitia, com o cansaço, que um dos atletas fosse
derrubado. Deste uso profano não foi difícil à comunidade cristã nascente,
profundamente conhecedora das práticas desportivas greco-romanas, dar o salto
qualitativo para o campo espiritual da luta contra o tentador. Ungir o
catecúmeno no corpo, tem como objectivo lembrar-lhe que ele vai ser assaltado
pelo demónio que procurará derrubá-lo mas se o encontrar bem besuntado, bem
ungido, o demónio escorregará e não conseguirá deitá-lo por terra.
Mesmo desde os
tempos mais remotos o óleo foi também símbolo do Espírito. Nos tempos bíblicos
e nas culturas vizinhas, as grandes funções sociais eram consideradas como
vindas de Deus e, por isso, ungiam-se os Reis, os Sacerdotes e os grandes
líderes do povo (profetas, por exemplo).
Sargão I, rei
da Síria, era chamado «ungido pelo deus
do céu». O facto de ser ungido é que lhe conferia autoridade, poder e
glória. Foi deste mesmo modo que Javé enviou Samuel para ungir David: “O Senhor disse a Samuel: enche o teu chifre
de óleo e vai. Quero enviar-te a Jessé de Belém, pois escolhi um rei entre os
seus filhos…” (1Sm 16,1-3; cf. 2Sm 2,3-4). Assim, o rei além de ficar
capacitado para chefiar o exército e governar a nação, tornava-se também o
responsável do culto em Israel, era transportado para a esfera do sagrado.
Com toda esta
carga simbólica, o óleo depressa passou a ser também utilizado para a unção em
coisas e lugares sagrados. Veja-se a passagem do Génesis em que Jacob ungiu a
pedra que lhe servira de travesseiro: “Jacob
agarrou a pedra que lhe servira de travesseiro e, depois de a erguer como um
monumento, derramou óleo sobre ela…” (Gn 28,18.22; 31,13).
Ao ungir uma
pessoa ou um objecto, este gesto consagrava essa pessoa e esse objecto que
automaticamente deixavam de pertencer à esfera do profano e passavam a
pertencer à esfera do divino.
Mais tarde este
gesto foi proibido terminantemente porque as pessoas começaram a afastar-se de
Deus e a dar valor imoderado a este gesto (Ex 34,13; Dt 12,3). Mas foi daqui
que nasceu o rito da unção dos nossos altares, igrejas catedrais e paroquiais.
O altar da catedral é ungido com óleo pelo bispo da diocese (cf. Lv 8,10-12;
14,10-29; Ex 40,10.11).
II - Os Sacramentais
O Catecismo da
Igreja Católica no capítulo IV, artigo 1, cita textualmente a Sagrada
Constituição sobre a Liturgia do Concílio Vaticano II, dizendo: “A Santa Mãe Igreja, instituiu também os
Sacramentais. Estes são, à imitação dos Sacramentos, sinais sagrados que
significam realidades, sobretudo de ordem espiritual e se obtêm pela oração da
Igreja. Por meio deles, dispõem-se os homens para a recepção do principal
efeito dos Sacramentos e santificam-se as várias circunstâncias da vida”
(SC 60; CIC nº 1667).
Por seu lado, o
Código do Direito Canónico afirma: “Sacramentais
são sinais sagrados, pelos quais, de algum modo à imitação dos Sacramentos, se
significam efeitos sobretudo espirituais, que se obtêm por impetração da Igreja”
(CDC, 1166). O CDC comentado diz a respeito deste cânone que ele recolhe a
definição proposta pela Constituição sobre a Sagrada Liturgia (SC 60). O que de
novo acrescentou o actual CDC relativamente ao antigo código de 1917 é a
designação de “signa sacra” (sinais
sagrados) em vez de “res aut actiones”
(coisas ou acções). Na verdade, os Sacramentais consistem em coisas ou em
acções. Estas coisas materiais constituem-se em Sacramentais permanentes se
receberem a bênção que as destina ao culto dando-lhe a capacidade de produzir
efeitos espirituais (ex impetratione
Ecclesiae, ou seja, pelo intercessão da Igreja).
Mas os
Sacramentais também podem ser considerados transitórios se consistirem em
acções que na sua realização levam a significação sagrada, tais como: bênçãos,
imposição das mãos, unções, orações, etc.
O CDC chama
especial atenção a que na administração dos Sacramentais se observem
cuidadosamente as fórmulas aprovadas pela suprema autoridade da Igreja (CDC, c.
1167). De tal modo que o ministro dos Sacramentais é sempre o clérigo munido do
devido poder, embora alguns sacramentais
possam ser administrados por alguns Leigos
se estes possuírem as qualidades devidas a juízo da Igreja, pois, a todos os
Leigos não é concedida a faculdade de
administrar os Sacramentais (CDC, c. 1168, vd comentário). O próprio
diácono só pode dar as bênçãos que lhe são permitidas expressamente pelo
Direito (cf. c. 1169, § 3).
Importa
salientar também quanto estipula o CDC a respeito das coisas sagradas, como é o
caso das pias de água benta, santos óleos, vasos. Já que pela bênção que sobre
elas foi invocada, estas coisas foram destinadas ao culto, por isso sejam
tratadas com reverência e não sejam votadas ao uso profano ou outro não
próprio, mesmo estando sob o domínio de particulares (cf. CDC, c. 1171). Quer
dizer que estas coisas sagradas possuem uma dignidade especial, que exige um
tratamento reverente e as subtrai aos usos profanos e comerciais (comentário ao
CDC, c. 1171).
Por outro lado,
é preciso saber que os Sacramentais não
conferem a graça do Espírito Santo como os Sacramentos; mas, pela oração da
Igreja, preparam para receber a graça e dispõem para cooperar com ela.
Portanto, a Liturgia dos Sacramentos e Sacramentais faz com que a graça divina,
que deriva do Mistério Pascal da Paixão, Morte e Ressurreição de Cristo, onde
vão buscar a sua eficácia todos os sacramentos e sacramentais, santifique todos
os passos da vida dos fiéis que os recebem com a devida disposição” (CIC
1670).
Os Sacramentais
revestem-se de várias formas entre as quais sobressaem as bênçãos de pessoas,
da mesa, dos objectos e dos lugares. Todas estas bênçãos são feitas em nome de
Jesus e, por isso, habitualmente se fazem por meio do sinal da cruz de Cristo.
Quanto aos
Sacramentais é preciso ter em especial atenção a religiosidade popular (cf. a
nossa Carta Pastoral sobre a piedade popular). Respeite-se sempre o sentimento
religioso do povo nas suas expressões de piedade tradicional: veneração das
relíquias dos Santos, peregrinações aos santuários, procissões, a Via-sacra, as
danças religiosas, o Terço, as medalhas, etc. (CIC 1674), mas incuta-se no povo
de Deus que a Liturgia supera, de longe, todas estas formas de piedade (SC 13).
A religiosidade popular para ser mantida devidamente, exige da parte dos
agentes de pastoral um grande discernimento. O mesmo se diga para corrigir e
purificar o sentimento religioso que anima essas devoções. O seu exercício está
submetido às decisões dos bispos e às normas gerais da Igreja (CIC 1676).
III - O
uso da água e do óleo nos nossos santuários
Vou
agora chamar a atenção ao que nós assistimos nos nossos santuários da Muxima e
Calumbo. Recordo também quanto pude ver, anos atrás, nos santuários de Caxito e
Kifangondo quando fui responsável pelos mesmos durante vários anos.
Desde tempos
imemoriais os cristãos conceberam o costume de fazerem o sinal da cruz com os
dedos previamente molhados em água benta assim como utilizaram o rito de
aspersão de água benta sobre as pessoas com um hissope ou um ramo embebidos em
água benta. O gesto de se persignar com água benta ao entrar na igreja
paroquial ou catedral, na sala de aula dos seminários ou no próprio quarto de
dormir, é algo que já foi de uso corrente. Nas igrejas monásticas ou abadias,
os monges entravam em dupla fila e aquele que passava junto da pia da água
benta molhava nela o dedo médio e o indicador e passava ao outro a água benta
que ele recebia nas pontas dos mesmos dedos e ambos se persignavam enquanto
decorria a procissão de entrada na igreja abacial. O Concílio Vaticano II não
aboliu nada disso e não devemos esquecer o que dissemos atrás que o Missal
Romano tem uma rubrica em que diz que o rito do Asperges me se pode continuar a fazer especialmente aos domingos
durante o tempo pascal. Este gesto lembra às pessoas a água do Baptismo e, unido
a uma verdadeira contrição, serve para perdoar as pequenas faltas veniais que
nos acompanham ao longo dos dias. De igual modo, o rito de aspergir com água
benta o cadáver de um cristão ou a sua sepultura serve para lembrar que aquele
corpo foi santificado pela água do Baptismo.
Quanto a isto
creio que estamos todos de acordo. Agora põe-se o seguinte problema: todos
aqueles depósitos de água, alguns com capacidade de muitos litros, que os fiéis
transportam para as nossas igrejas e sobretudo para os santuários da Muxima e
de Calumbo a que é que se destinam? Não há muito tempo, um cristão veio ter
comigo pedindo para lhe benzer um garrafão de água de 5 litros dizendo que
tinha mandado benzer uma semana antes outros 5 litros mas que já os tinha
bebido todos.
Outra vez,
quando presidíamos à Igreja do Dundo, chegou-me ao Paço Episcopal um cristão
que se dizia catequista do Lubalo e que tinha conseguido ultrapassar as linhas
da frente de guerra e chegar ao Dundo (inícios de 2002). Vinha expressamente
para cumprimentar o novo Bispo da diocese recentemente criada e também para
pedir o Santo Crisma, pois, tinha crismado toda a gente que pôde e
acabara-se-lhe o Santo Óleo. Que dizer a esta alma santa e cheia de zelo
apostólico que conseguiu não sei como o Santo Crisma e agora vinha tão
ingenuamente pedir mais para continuar a crismar?
Eu cheguei a
encontrar em Santa Ana do Caxito por volta dos anos ’70, várias senhoras
(quase) completamente nuas a besuntar-se com azeite de oliveira, entre nós
chamado azeite doce, num ritual exotérico completamente obnóxio. Em Calumbo e
na Muxima nunca vi nada semelhante, mas não posso afirmar que não o haja. Junto
da Catedral de Viana, no terreno adjacente, este ano 2011, encontrei uma mamã a
vender óleo de Crisma. Acho que não era
isso mesmo, mas sim uma garrafinha pequena de azeite que ela trouxera da Muxima
e que interpretava ser Crisma e estava a vender como terapia para algumas
doenças e problemas como a esterilidade feminina e a impotência masculina.
IV - O ensino como actividade permanente de
todos os agentes de pastoral
É hora de
explicamos ao nosso povo a doutrina da Igreja acerca dos Sacramentos e dos
Sacramentais e não vale a pena ignorar o que se passa como o avestruz. Convém
dar uma boa explicação do significado do óleo dos Catecúmenos e do Santo Crisma
e não permitir o acesso à posse dos Santos Óleos que devem estar guardados na
Catedral à custódia do Bispo diocesano para serem distribuídos aos Párocos (CDC
c. 847 § 2) para a administração dos Sacramentos exclusivamente.
Nada impede que
se restaure o uso da água benta à entrada das nossas igrejas depois de uma boa
catequese às comunidades. Com todo o respeito pela simplicidade e religiosidade
do nosso povo devemos instruí-lo para que saiba dar o justo valor à matéria dos
Sacramentos sem fazer dela uso impróprio e despropositado pois as coisas santas
não se podem profanar.
A água benta
deve ser objecto de uma boa explicação ao povo de Deus. Para a aspersão com
água benta não é necessário utilizar depósitos ou baldes de muitos litros de
água. Trata-se de um símbolo. Se o sacerdote asperge o povo a partir do altar
ou se, como na Vigília da Páscoa, desce à Assembleia e a percorre aspergindo-a,
não é necessário nem imperativo que se derrame água sobre todas as cabeças pois
o que importa é o símbolo que expressa a graça de Deus. É como o Santo Crisma
com que se unge a fronte dos crismandos. Não é preciso que o óleo escorra sobre
a cara do crismando como sobre a barba de Aarão (Sl 133,2).
Os nossos
santuários não devem disponibilizar óleo para ninguém e a água benta deve ser
posta à disposição com muito critério e em recipientes muito pequenos que
sirvam para a persignação apenas segundo os legítimos usos e costumes e as
determinações da Igreja.
Permitir o
obscurantismo ou favorecê-lo pelo silêncio hierárquico não é bom e está em
desacordo com a Tradição autêntica da Igreja. Um dos múnus episcopais de que os
sacerdotes participam em união com o seu Bispo é o de ensinar. Jesus Cristo, o
nosso modelo, o único verdadeiro Pastor das nossas almas, realizou a sua obra
salvadora segundo os Evangelhos numa tríplice actividade bem identificada pelos
três verbos: kerýssein (anunciar), therapeúein (curar), didáskhein (ensinar). Durante a vida
pública de Jesus, o ensino torna-se um dos aspectos essenciais da sua
actividade: ensina e prega na sinagoga (Mt 4,23 e par; 9,35; 11,1; Jo 6,59), no
templo (Mt 21,23 e par; Jo 7,14), por ocasião das festas (Jo 8,20) e também
quotidianamente (Mt 26,55; Lc 19,47). Além disso, anuncia o Reino e cura todas
as doenças entre o povo (Mt 4,23). O seu ensino é reconhecido como diferente do
dos doutores da Lei porque se
apresenta como intérprete autorizado da mesma que leva à perfeição, age como
profeta, ensina com uma autoridade especial (Mt 13,54 e par), a sua doutrina
tem aspectos completamente novos que enchem de admiração os ouvintes (Mc 1,27;
11,18).
Todos os
agentes de pastoral da Diocese de Viana são chamados a uma leitura atenta desta
nossa carta que lhes é particularmente dirigida e que deve servir de ponto de
partida para uma reflexão diocesana comum a fim de que em toda a diocese e de
modo especial nos Santuários da Muxima e de Calumbo se comece a operar uma
mudança radical no uso da água benta porque quanto ao óleo não faz sentido o
seu uso fora dos Sacramentos. Para isso faça-se em todas comunidades uma
catequese intensiva sobre os Sacramentos e os Sacramentais de modo que,
respeitando a fé do nosso Povo e a sua religiosidade ancestral não se permitam
abusos na utilização indevida e despropositada dos símbolos mais sagrados da
nossa santa Religião.
Implorando as bênçãos da Mamã Muxima e de S. José, com
a protecção do nosso padroeiro S. Francisco de Assis, a todos os nossos
diocesanos enviamos uma especial bênção apostólica no Senhor,
Viana,
01 de Janeiro de 2012
Solenidade de S. Maria Mãe de Deus
+
Frei Joaquim Ferreira Lopes, OfmCap
Bispo de Viana
[1] Cf. Paul Joüon, Grammaire de l’hébreu biblique, PIB, Roma (1996) 416
[2] Johannes Botterweck, Helmer
Ringgren, Heinz-Joseph Fabry, Theological
Dictionary of the Old Testament, Vol VIII, Grand Rapids 1997, 265-288. Note-se
que em hebraico “mê” é o estado
constructo plural de “mayim”.
[3] Lembrar
o antigo hino de Laudes: “... qui ex
aquis ortum genus”.
[4] Xavier Leon Dufour, Dizionario di Teologia Biblic, Marietti, 1998, 7-12
[5]
Herculano Alves, Símbolos na Bíblia,
Difusora Bíblica, Lisboa 2006
[6] Xavier Leon Dufour, ob. cit., 797-799 ;
Símbolos na Bíblia, ob. cit.,
255-261
[7] Xavier Leon Dufour, ob cit., 797-799
[8]
Herculano Alves, Símbolos na Bíblia,
ob. cit., 255-262
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